CIDADE DOS ANJOS

10. (2019)

- Olá Theo... - Disse uma voz atrás de uma cadeira com enconsto alto.
Não dava para ver quem era, talvez fosse a tal gente grande que Giv mencionou.
- Vejo que perdeu seu amigo - A cadeira virou, revelando uma mulher, cabelos escuros ondulado, branca, aparentava ter trinta anos ou algo parecido - Mas não é isso que me interessa... - Ela entrelaçou os dedos, em seguida apoiou o queixo em suas mãos entrelaçadas - Mas não é sobre essas questões que o chamei aqui... Bullock, conhece este nome? Não tenta se fingir de desentedido, eu sei quem é você, Theo... Sei exatamente quem é você...
    E novamente o arrepio passou por minhas veias. Estar ali, a adrenalina, o nome de Bullock me causava repulsa, naúseas.
   Assenti sem forças para repetir o nome do dito cujo.
- Ótimo - Ela pousou suas mãos sobre a mesa e bateu com os aneis na mesa metálica - Preciso que derrote os soldados dele enquanto não vemos presença daquele cretino, ele fez muito mal ao nosso mundo e não podemos deixar que esse tumor se prolifere.
  Engoli a seco. Tudo o que ela falava era como socos no meu estômago, sentia como se a qualquer momento o meu almoço viesse a tona e...
   Ela levantou se aproximando de mim.
- Enquanto à isso - Ela pôs sua mão dentro do bolso da minha calça e pegou o relógio, tentei impedir, mas ela lançou um olhar que me congelou, metaforicamente - Vou ficar com o relógio!
   A mulher voltou a sua cadeira e colocou suas pernas sobre a mesa analisando o relógio.
- Precisa de alguns concertos - A mulher passou o olhar direto por mim que parou em Giv, que permanecerá imóvel próximo a mesa desde que chegamos - Leve ao Sr. Geremias, ele saberá o que fazer.
   Giv passou por mim esbarrando com seus ombros largos. Permaneci ali parado até que ela fez um sinal me dispensando.
   Agora precisava fazer duas coisas: 1)encontrar o Sebastian e 2)Resgatar o meu relógio.
   Lutar contra o exército de Bullock não entrava em questão para mim.
- Sr. Owren - A mulher direcionou seu olhar para mim - Eles também estão a sua espera, ou acha que o rapto do seu gato foi atoa? Quero dizer, você acha que foi um rapto?
  Então lembrei dos turistas, puta merda, aquilo não era turistas e sim soldados disfarçados.
- Toma cuidado - Ela me olhou de cima a baixo - Alias... - a mulher tossiu enquanto lixava sua unha - Tem algumas almas chatas que não param de falar de você desde que Giv mencionou sua vinda, talvez goste de revê-los...

                               ❇ ❇ ❇

Quem poderia ser ?
Digo, ali naquele lugar desconhecido por mim, me perguntava exatamente o que era tudo aquilo e como eu entrará naquele mundo alternativo, ou teletransportado, ainda não entendia muito bem. Eu sei muito bem quem é você, Theo.
   Mas a última coisa que imaginei foi que almas dali me conhecessem, na verdade, isso nem passará em minha mente.
  E a sensação de conhecer aquele local tomou conta de meu corpo. Bullock, conhece este nome?
   Até que passei próximo a uma capela, a mesma que vi a 30 anos, porém, no lugares das árvores ao redor, pequenas casas foram construidas, as cincos cruzes que antes ornamentavam foram derrubadas sendo agora só uma, na frente da capela um banner reluzia uma luz com palavras em escuro.

      VENHA ENCONTRAR A PAZ.

  Em volta das palavras pombas que seguravam um pano branco decoravam o banner. O que me dei conta, finalmente aquilo era uma igreja. Sei exatamente quem você é...
   Olhando para lá, lembrei de quando Josie nos ajudou a fugir.
  Subi as escadas, a capela estava vazia, uma ou duas almas ajoelhadas nos bancos de madeira rezavam.
  Fiz uma reverência para o altar e segui adentro de uma salinha, Josie nos ensinara algo.
  Passei a mão sobre a segunda prateleira à procura de algo com nome de "Jornal das almas", um dos exemplares dos maiores astrologos do mundo das almas, o grandissimo, Livier Olix.
   E lá estava, no mesmo lugar que Josie guardava.
- Vamos ver - Folheei, parei em uma página sem número, o que era novidade.
Ou o livro estava escrevendo sozinho, ou, Livier Olix estava vivo...
Na página seguinte, uma folha de caderno fora grampeada.

   Fechei o livro, tudo era muito vago. O que ele encontrara? O que era essa tal cidade dos anjos? Quem ele encontrou?
  Era muitas perguntas para nenhuma resposta plausível.
- Ei! - Uma voz grossa tomou conta do lugar, olhei assustado para o homem que estava com os braços cruzados - Quem é você?
Ele arrancou o livro de mim.
- Quem te mandou aqui? - Ele verificou se algo fora rasgado - Foram os anjos? Você trabalha para Bullock?
   Permaneci parado ali apenas repassando as perguntas para mim. Bullock, conhece este nome?
- Foi você que escreveu nessa última pá-página? - gaguejei.
   Ele deu de ombros e saiu.

                              ❇ ❇ ❇

  Voltei para a mansão da mulher para que Giv trabalhava.
  Seus funcionários me levaram até uma sala onde um grupo de pessoas me esperavam calorosamente, reconheci duas delas : Alice e Mirian.
Em seguida vi dois gatos aninhados em seus colos, mas a frente, uma menina com cabelos curtos pintado de cinza escrevia uma carta, ela olhará para mim rapidamente, seus olhos eram vermelhos (lentes percebi).
   Alice empurrou Mirian até mim, nós três nos abraçamos.
   Era bom revê-los. Ver os dois ali, me fez revisitar o passado, era nostáligico e depressivo ao mesmo tempo.
- Samantha... - Mirian disse.
   Samantha? A minha Samantha? A minha melhor amiga?
   Talvez criar esperanças em relação a isso fosse fútil.
- Sam? - Me aproximei devagar.
- Não de mais nenhum passo... - Ela pousou a caneta na mesa - Ou eu te acerto com essa caneta.
Sam?
   Olhei para Alice, ela me olhou da mesma forma que eu, sem entender.
- Mas sam...
- Eu disse para não se aproximar - Ela levantará a mão, em seguida vi a caneta flutuando hesitante, então fechou o punho e a caneta voou até a porta - Cuidado, Theo... É assim que tratamos traidores...
  Hãm? Traidores? O que você está falando, Sam?