O silêncio se postou no lugar e tudo que eu pude sentir foi um calafrio na espinha. Não suportaria vê-lo se quebrar ali, naquele momento, na frente daqueles que nem de longe poderiam ser sua família.

Mas ao contrário do que eu achei, Luke sorriu. Sorriu abertamente.

— Eu demorei tanto, mais tanto para enxergar isso. — Parecia falar mais para si mesmo do que ao pai e irmão. — A única razão de você, pai, estar vivo aqui, nesse momento, falando toda essa merda para mim, é porque o defeituoso do seu filho cuidou de tudo e pagou seus remédios, suas consultas. Esse mesmo que você castigou e odiou com todas as forças, foi o único, perceba bem essa palavra, o único do qual ainda teve compaixão de não te abandonar. — Sua respiração estava pesada. Não demonstrava fraqueza, pelo contrário, nunca se impôs tanto na vida desde que o conheço. — E não foi por ama-lo, não se ilude, mas sim, porque por mais nojento e odioso que seja, você ainda é o meu pai, e eu não desejaria a nenhum ser humano passar por uma situação ruim. O único que ficou nesse inferno que você criou, do qual você mesmo afastava e apodrecia tudo a sua volta, fui eu. Você pode me odiar, mas se essa sua bunda velha ainda senta nessa cadeira é porque o seu filho molenga e defeituoso fez com que isso acontecesse.

Todos o olhavam ainda sem reação. Luke não parecia a pessoa doce e gentil que conhecia. Ele estava se impondo, estava se fazendo ser ouvido. Mesmo não gostando do que ele falava, nenhum deles se opôs ou abriu a boca.

— Me diga onde o seu precioso Ben foi parar? Onde o tão louvável Jack acabou ficando? Qual deles realmente foi homem suficiente para te suportar ao decorrer dos anos e ainda sim não ter tentado acabar com a sua raça nojenta? — Sorria sarcasticamente. Me deu até orgulho. — Quem realmente foi responsável nessa merda toda, Andrew? Isso, fui eu! E eu não ligo que você me odeie ou nunca veja que eu sou seu filho ou tudo o que eu fiz, mas quero que você veja aonde todas as suas atitudes vão te levar. E nesse dia pai, nesse dia não haverá mais Luke e nem haverá a Lilly mais.

— Foram palavras muito bonitas, irmão. Eu admito. — Céus, como Jack ainda se atreve a abrir a boca? — Mas não muda nada. Você continua sendo o mesmo menino tolo que acredita em contos de fadas, nosso pai um porco bêbado e ambos são ingratos.

— Realmente, não muda nada. — Luke sorria. — Você continua sendo o escroto de sempre, Ben continua sendo o covarde, e eu felizmente vou continuar sendo o mesmo Luke do qual ainda há uma parte que vocês nunca vão tirar de mim: minha dignidade e meu caráter. — Levava a mão aos cabelos respirando fundo. — Mas tem algo que vai mudar sim, eu não fico mais aqui, e não quero saber de nenhum de vocês. Nunca mais. A Lilly e eu vamos embora.

Naquele momento, percebo que Calum havia mandando mensagem dizendo que havia levado Lilly para casa da avó.

Acordei de minha breve distração no momento que uma risada alta e estranha ocupou todo o espaço.

— E vai fazer o que? Viver um conto de fadas com o moleque órfão? — Andrew debochava e deixava claro seu desprezo. — Acha que isso vai mesmo ser suficiente? Acha mesmo que há algo para alguém sonhador como você nesse mundo? Acorde, Luke! Você é um erro da natureza.

Não deu para ouvir mais uma palavra sequer.

— Vai ser suficiente no momento em que ele achar que vai. — Disse saindo de onde estava, chamando atenção de todos ali. — O único erro da natureza aqui são vocês dois. A única coisa boa que você fez na sua miserável vida foi Luke e Lilly e nem isso você valoriza. Não é Luke que precisa de vocês ou não os merecem, são vocês que precisam dele. Vocês não merecem nem mesmo um olhar que ele dirige a vocês.

Me aproximei e entrelacei nossos dedos. Seus olhos azuis ficaram confusos.

— Calum sempre disse que família não abandona família e é isso o que eu estou fazendo. — Sussurrei.

How to Fix a Broken Heart ~ •Muke• Onde histórias criam vida. Descubra agora