— Diga ao Luke que pra chutar o saco do Jack. E você para de roubar minhas frases de efeito. — Calum disse enquanto roía a unha e eu passava correndo.

— Já falei que amo mais a Mali?

Disse e antes de ouvir um de seus gritos nervosos, já não estava a caminho a casa dos Hemmings.

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Quando cheguei, Lilly estava sentada na porta da frente balançando a cabeça nervosa. Se ela fosse mais velha e soubesse lutar, com certeza cabeças de muitos homens rolariam pelo chão. Ao notar minha presença, ela simplesmente corre e me abraça e eu retribuí com a mesma intensidade. Era péssimo para ela ter que ouvir aquela discussão e ver difamarem a única pessoa que lhe tratou com amor.

— Andrew está bêbado, o que não é novidade. — Sua voz saiu trêmula e não era de medo, era de pura raiva. Sentimentos assim vindos de uma criança eram assustadores e tristes demais para se ver. — Jack veio novamente importunar e agora estão os dois brigando entre si e ao mesmo tempo jogando a culpa no Luke.

Me segurei para não revirar os olhos e ir até lá e falar muitas coisas àqueles homens, mas não posso deixar a raiva crescer em mim e muito menos deixar Lilly sozinha.

— Faz o seguinte, entre no carro, escolha a música que quiser e eu vou pegar suas coisas lá dentro, certo?

Ela assentiu ainda sem vontade, mas fez. Sei o que passa em sua cabeça. O sentimento de impotência, de ódio, incapacidade e querer ser mais velha e ter a chance de defender a pessoa que ama. Infelizmente conheço bem todos esses sentimentos, e imaginar que uma criança os está sentindo nesse momento não só me deixa mais triste como também me faz pensar em como Luke vai se odiar por ver que não pode privar a irmã dessa sujeira.

Assim que a porta foi aberta, imaginava que todas as atenções viriam a mim, já que a porta faz um barulho consideravelmente alto, e assim que atravessa a porta ela dá acesso a sala de estar, mas não. Provavelmente discutiam na cozinha.

— Você poderia ter o direito a ter sua opinião se não fosse um idiota covarde e simplesmente não tivesse fugido. — Luke se mantinha calmo, até demais.

—  Grandes coisas vindas de uma criança idiota como você. — Sua voz era depreciativa. Acalme-se, Mike. Ainda não é a hora. — Eu fiz o que eu achei necessário e não me arrependo de nada.

Luke sorria alto e com total escárnio.

— Claro, as coisas sempre foram mais fáceis para você mesmo. Nunca teve que suportar nenhum castigo impossível porque você não era um viadinho como eu não é? Porque você pouco se fodia para surra que sua mãe levava e tratava ela como lixo, porque é assim que tem que ser.

Sentia todo o ódio de Luke mesmo a distância. Ele estava tirando todo o peso dos seus ombros. Por isso era tão necessário que Lilly não estivesse ali, ela não precisava ver ou ouvir mais do que aquelas pessoas odiosas já haviam feito.

— Você só era mole demais garoto. — Andrew pela primeira vez abriu a boca. — Acho que realmente você nasceu com algum defeito porque nada te consertou. Nem castigos, nem mesmo surras. Não sei o que Liz via em você.

Então voltamos ao o que eu comecei a dizer. Sobre as esperanças, sobre como você já havia aceitado a verdade, mas ainda sim, dói ouvir tudo aquilo.

Como esperar o amor de um pai que nunca o amou e nem mesmo conhece tal sentimento.

Não posso imaginar como Luke devia estar no momento, mas sei que ainda mesmo ele constantemente dissesse a si que estava conformado, aquela frase o quebrou por dentro em pedaços que talvez, nem mesmo seu psicólogo Harry com o marido baixinho e irritado poderia ajudá-lo.

How to Fix a Broken Heart ~ •Muke• Where stories live. Discover now