Capítulo 53 - Eu estou aqui agora.

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Narrado por Emily

Ela me fez esperar por uma hora sem mentir, quando estava achando que ela tinha fugido ela apareceu sem o jaleco com sua bolsa e uma chave de carro nas mãos.

Elena: desculpe demorar, eu tinha alguns pacientes que eu precisava ver.

Emily: ah tudo bem. - 'justo, mas agora eu acho que quem vai precisar de uma atenção médica sou eu.'

Elena: nos podemos ir?

Emily: sim.

Elena: você veio sozinha?

Emily: um amigo me deu uma carona, mas ele já foi.

Elena: certo, vamos então. - eu afirmo com a cabeça e sigo ela até o estacionamento.

A viagem até sua casa é silenciosa ela concentrada na estrada a expressão em seu rosto é de serenidade enquanto a minha, bom eu estou torcendo as mãos sob meu colo e olhando ansiosamente entre ela a estrada a frente e a rua pela janela.

Quando finalmente paramos percebo que estamos próximos ao centro da cidade onde fica alguns edifícios, ela entra em uma das garagens do subsolo e estaciona, eu a sigo quando ela sai observando cada movimento dela, ela sorri sem mostrar os dentes e anda até a porta do elevador, eu espero ao lado dela, sempre que nossos olhares se encontram nós tentamos sorri.

No elevador o silêncio permanece nem parece que tem duas pessoas ali, os andares passam na tela e percebo que já passamos do 5° andar, 7° parece ser o andar dela porque ela olha para mim sorri e sai do elevador eu a sigo meio desajeitada, será que foi uma boa ideia ter vindo, eu podia ter esperado, mas... não eu já esperei demais está na hora.

Em frente ao número 701 ela com a chave que ela vasculhou dentro da bolsa abre seu apartamento ela entra primeiro colocando a bolsa em cima de uma mesa em frente a porta depois lança os sapatos dos pés para algum lugar do apartamento, eu paro admirando o lugar mesmo que eu ainda não tenha entrado, é tudo tão amplo, com muita luz natural, eu acho que não esperava ou esperava? Sempre achei que minha mãe iria ter uma casinha simples longe de todo barulho da cidade, acho que me enganei.

Elena: oh, você ainda está parada aí? Por favor entre! - eu olho para ela que agora tirou a barra da sua blusa de dentro da calça a deixando solta e amassada, mas ela ainda sim parece arrumada.

Emily: seu apartamento é muito bonito. - eu falo finalmente entrando eu fechei a porta mais sem tirar os olhos de cada canto que meus olhos podem alcançar.

Elena: ah obrigada, você gostaria de beber alguma coisa? Café?

Emily: não bebo café, obrigada.

Elena: é...certo, chá, refrigerante, água, suco, alguma coisa? - percebo pela sua voz que ela está nervosa, eu olho para seu rosto e ela suspira.

Emily: chá seria bom. - demora uns segundos até que ela dá um pulinho e corre para trás do balcão, eu nem tinha reparado que ali era uma cozinha, mas agora sim a cozinha é toda em inox com uma ilha de mármore e cadeiras de um lado, ela se movimenta pela cozinha com rapidez e graça como se flutuasse de um armário para o outro sabendo exatamente onde cada coisa está e ela faz isso parece uma dança.

Elena: como você gosta do seu chá?

Emily: coloque em uma xícara. - ela rir e olha para mim.

Elena: sim querida, eu acho que não seria muito confortável tomar direto da chaleira, quis dizer como você prepara o seu chá?

Emily: eu fervo a água e...

Elena: sim é claro mas eu quis dizer...

Emily:... uso um sachê do chá que eu quero tomar, ponho a água na xícara e o sachê eu mergulho 20 vezes, uma colher de mel e espero ficar morno.

Elena: ah me desculpe.

Emily: tudo bem, normalmente ninguém tem paciência de me escutar mesmo, já estou acostumada. - eu sorrio de leve me sentando no sofá enorme em formato de U, mesmo que ela tenha uma tv gigante eu sei que ela não assiste muito, a única bagunça de seu apartamento é um monte de livros numa mesa ao lado de uma poltrona de aparência confortável próximo a grande janela que dá para a sacada.

Elena: alguma preferência de chá?

Emily: gostaria de experimentar o seu favorito.

Elena: é claro. - eu sinto um sorriso em sua confirmação, mas eu ainda estou tentando ler os títulos do livro em cima da mesa, alguns estão abertos e outros fechados e sua lateral visível ao meus olhos, mas ainda é um pouco difícil.

Elena: são livros que falam sobre saúde, nos nunca paramos de estudar.

Emily: hmm, não gosta de literatura?

Elena: eu adoro, amo ler livros de todos os gêneros, mas também dedico muito do meu tempo a reaprender algumas coisas, relembrar ou aprender algo novo, a medicina está sempre crescendo.

Emily: é uma das profissões que nunca fica monótona.

Elena: verdade, aqui este é o seu. - ela apoia a bandeja na mesa de centro a minha frente, na bandeja além da minha xícara tem a dela e um pote de biscoitos, quando ela me oferece a xícara percebo que não tem um sachê e nem mel na bandeja, eu a olho e ela sorri por cima da sua xícara.

Elena: dê crédito, tenho certeza de que vai gostar. - eu dou de ombros sopro o líquido rosa e bebo um gole, o sabor é divino ou talvez eu goste muito de chá, eu fecho meus olhos saboreando.

Emily: Hmmm, que delícia.

Elena: sabia que iria gostar.

Emily: é realmente muito bom, a xícara é muito bonita. - eu observo os detalhes por toda a xícara e pires, dá até um certo medo de deixar escapar das mãos e quebrar é tão bonita.

Elena: um presente da minha tia antes era da minha avó.

Emily: ela deve ficar muito feliz em saber que você está usando.

Elena: ela com certeza ficaria muito feliz, mas infelizmente não é mais possível.

Emily: eu sinto muito.

Elena: tudo bem, então você parecia ansiosa para falar comigo. - eu engasgo com o chá o colando novamente no pires e o deixando em cima da mesa de centro.

Emily: sim, tenho algo a falar...foi isso que vim fazer aqui. - ela fica me olhando em silêncio e eu não sei se é para eu continuar falando ou se simplesmente cresceu uma espinha gigante na minha cara que ela não para de olhar.

Emily: eu não sei como dizer, por onde começa nem sei se deveria está aqui.

Elena: comece fazendo a pergunta que eu sei que você quer fazer, depois veremos onde isso nos leva.

Emily: claro, é... Recentemente eu...na verdade foi minha melhor amiga ela meio que procurou sobre meus pais e encontrou você. - ela permanece calada tomando pequenos goles do chá, mas dessa vez sem me olhar, respiro fundo e finalmente falo.

Emily: você é minha mãe? Quero dizer mãe de sangue, você... você me gerou? Tipo você me esperou por nove meses e...e sabe é...

Elena: sim. - ela abaixa a xícara até a mesa de centro consertando a postura, respira fundo e finalmente volta a me olhar.

Protegida (CONCLUÍDO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora