— Hm... eu fiz um acordo com um amigo. – Harry limita-se a responder, colocando sua xícara já vazia na mesa.

— De vir ao psicólogo? – Andrew questiona neutro, embora sua atenção esteja voltada para o de cachos.

— Sim, ele acha que vocês... Bem, você, pode me ajudar. – Harry explica.

— E você acha que podemos? – O homem devolve, ainda que mantivesse a neutralidade na voz.

— Não sei...

— Não acha que precisa de um terapeuta? – Ele volta a questionar.

— Eu só não acho que meu problema possa ser resolvido por um. – Harry murmura, encolhendo os ombros.

— E qual o seu problema?

— Eu não gosto que os outros me toquem. – O cacheado responde, e a naturalidade com que o faz leva o médico a franzir o cenho, logo voltando a expressão neutra.

— Por que?

— Eu me sinto desconfortável...

— Você sempre se sentiu assim ou desenvolveu essa condição? – Andrew indaga, transferindo os olhos negros para o papel que tomava notas em sua mão.

— Desenvolvi. – O de cachos responde simples, tendo que fechar os olhos por um segundo a fim de bloquear a sensação ruim em seu peito.

— Sabe me dizer quando começou? – O homem para de escrever, notando a expressão tensa tomar o mais novo, que assente devagar. — Você poderia me contar?

— Eu... eu não acho que consiga. – Harry quase sussurra, a voz meio tremula.

— Tudo bem, não há pressa. Podemos tomar outro caminho, continue respirando. Isso, devagar: inspirando pelo nariz e soltando pela boca. – O médico o instrui, lidando com a quase crise de maneira profissional e tranquila. — Melhor? – Pergunta ao que nota a respiração do outro voltando ao normal. — Harry, entendo sua ressalva em entrar em detalhes sobre o assunto agora, mas saiba que estamos sob confidência de paciente para com médico, então não se preocupe quanto a isso. Sendo assim, pode me contar há quanto tempo não gosta de toques?

Harry assente, ainda meio atordoado pela quase crise, mas após um longo suspiro, responde: — Faz três anos. Mas eu queria entender como falar sobre como começou poderia ajudar em algo... Eu não estou aqui para ser ajudado com a coisa do toque?

— Está? – Andrew devolve, recebendo o silêncio por parte do paciente, ele continua: — Harry, estou aqui para conversar sobre o que você quiser e estiver confortável em compartilhar. Você contou que está aqui porque não gosta de ser tocados, eu só estou tentando entender onde isso começou.

— Essa é sua primeira frase que não é uma pergunta... – O cacheado escolhe por comentar.

— Não gosta de perguntas?

— Não.

— Certo, então porque não fazemos uma lista? Sabe, das coisas que precisam ser mantidas em espera, que precisam de tempo até chegarmos lá... – O mais velho sugere. — Podemos conversar sobre o que você quiser em seguida.

— Ashley. – Harry atira antes mesmo do homem terminar de falar direito.

— Certo, considere ela na lista de coisas que precisam de mais tempo para serem trabalhadas... Contudo, você pode me dizer o que ela tem a ver com a história? Digo, o que ela é sua, só para deixar claro na sua ficha.

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