JUU ICHI

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Kyoko acordou se sentindo extremamente bem, coisa que não durou mais que o tempo que levou para se espreguiçar, quando sua mente começou a viajar em lembranças confusas. A garota chegou até a se sentar, questionando silenciosamente a veracidade das imagens que sua mente lhe mostrava: que havia brigado com Kakashi não havia muito o que discordar, já que ela planejava confrontá-lo desde que recobrara a consciência; ele tê-la levado até em casa era algo até que possível de acreditar, já que aquela não seria a primeira vez que ele demonstrara preocupação por ela; mas o que era aquela sequência de momentos que ela lembrava antes de adormecer? Fugindo de questionar seus próprios sentimentos, ela se pôs a analisar os do grisalho.

Aquele tipo de ação não combinava com o ninja. Embora tivesse se aproximado muito dele nos últimos anos, os primeiros adjetivos que vinha à mente da garota ao pensar em Kakashi eram: frio, individualista e indelicado. Claro que ela conhecia os motivos por essa ter se tornado a sua imagem, mas isso não mudava o fato: ela não conseguia ver o garoto se apaixonando por alguém.

Só podia ter sido sua medicação.

O medicamento que ela estava tomando era o mais forte possível para acelerar sua recuperação lenta pelo excesso e gravidade de ferimentos, o que a deixava levemente fora de si depois de medicada. No primeiro dia havia jurado ter visto Jiraya-sensei vestido de sapo dizendo que a água era a areia dos céus.

Essa era a única explicação: a alucinação do dia anterior havia sido Kakashi a mantendo em seus braços até ela dormir.

O problema é que uma escolha tão específica de sua mente dificilmente não significaria algo. E isso que mais a assustava.

Aquele tipo de sentimento também não fazia seu estilo.

Claro que ela costumava achar que sentia algo por Inaro depois de terem se tornado chuunin, mas não passava de uma amizade ciumenta de ambas as partes. Agora, estar apaixonada por Kakashi era algo que ela não conseguia processar. Por isso decidiu que tudo aquilo era um efeito alucinógeno de sua medicação.

Assim a vida era muito mais fácil.

Sentindo-se muito mais leve depois dessa decisão tomada, Kyoko saiu da cama apenas para descobrir que estava atrasada. E ela sequer podia usar o jutsu do Deus do Trovão, já que estava proibida de gastar chakra, assim como ela também não podia correr, o que forçaria seu corpo ainda debilitado.

Então ela foi para o hospital caminhando com a maior calma do mundo.

- Está atrasada – disse a médica, olhando-a por cima da ficha – Motivo?

- Dormi demais.

- Essa é a única justificativa aceitável – riu a mulher.

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Era meio da tarde e, embora parecesse um tanto absurdo considerando que não podia ainda fazer tantos esforços, Kyoko estava fazendo um bom trabalho no quesito não chamar atenção.

A garota já estava bem mais disposta fisicamente do que nos últimos dias, mas seu principal objetivo era chegar em casa e ficar mais um tempo quieta. E evitar algumas pessoas, se possível.

Só que seus planos não pareciam que dariam certo.

- Kyoko – ela ouviu a voz do grisalho a chamar às suas costas e, mesmo temendo vê-lo, ela se virou. Kakashi também estava sem seus trajes ninjas, embora sua postura atenta não tivesse saído de cena – Está tudo bem?

- P-por que n-não estaria? – desconversou ela, sentindo seu rosto queimar. Mentalmente ela conseguia ver seus dedos descansando sobre o peito do garoto enquanto sua cabeça descansava em seu ombro.

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