(9) 九 KYŪ

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Um ano depois

Kakashi se preparava para sair da vila, assim como Kurenai, Asuma e Gai, quando uma movimentação estranha na estrada chamou a sua atenção e dos guardas da entrada: uma kunai havia sido cravada a poucos metros à frente do portão, mas não conseguiam distinguir a origem. Quando conseguiram identificar a fórmula de um justu no cabo, um ninja da ANBU já havia aparecido aos pés da arma, e, mesmo com a máscara e o uniforme padrão, reconheceram como Kyoko, que deu dois passos e foi ao chão.

Mesmo com a distância, era claro que seu estado era crítico.

Kakashi foi o primeiro a alcançá-la, virando seu corpo para a pegar no colo e a levar ao hospital, mas, junto com um grunhido pela dor que o contato com o grisalho lhe casou, ela fez um pedido para que fosse deixada no chão.

— Às duas horas... — gemeu ela, sendo interrompida por um acesso de tosse onde mais sangue começou a sair pela sua boca, embora fosse difícil distinguir o líquido novo do que já estava em sua pele — Uns 80 km... O resto do meu time está nessa direção. O capitão foi morto, mas os outros três ainda estavam vivos quando eu saí. Todos os inimigos foram derrotados, mas não mandem um time pequeno porque mesmo eu não tendo sentido inimigos se aproximando, não sei dizer quão rápido os reforços podem chegar. Se conseguir, solicite os ninjas que trabalhavam com o Yondaime. Deixei uma fórmula do jutsu no local, mas eu não tenho mais chakra para fazer viagens.

Assim que a garota terminou a primeira fala, um dos guardas saiu correndo para solicitar o time de resgate.

— Kakashi... — continuou ela, olhando para o grisalho por de trás dos fios ensanguentados que lhe atrapalhavam a visão — Levante meu colete e minha camiseta até encontrar um pergaminho.

Sem hesitar, ele obedeceu. Foi mais difícil do que ele esperava encontrar o pergaminho, pois ele estava escondido dentro de um corte largo e profundo no lado esquerdo do abdômen da ruiva, levemente camuflado em meio ao sangue que saia da área. Sabendo que avisar seria inútil, ele tentou puxar o pergaminho com o máximo de delicadeza que conseguia, mas mesmo assim não foi possível impedir que ela grunhisse de dor.

— I-isso precisa... – começou ela, com a voz baixa e falha, e ambos sabiam que aquilo era um péssimo sinal. Ela estava perdendo a consciência, mas precisava passar a última instrução. Sua vida estava sendo sacrificada pelos companheiros que havia protegido e para manter a sigilo daquele pergaminho. Ela não podia deixar pontas soltas — Hokage... A-apenas.

E então ela perdeu a luta: seus olhos ficaram pesados demais para continuarem abertos, a dor que tinha origem em praticamente todo seu corpo havia sugado toda sua força e agora ela não conseguia mais suportar. A última coisa que ela lembraria seria a sensação de estar caindo em direção ao chão, mas o impacto não foi tão duro.

Parecia que ela havia caído nos braços de alguém.

Kakashi ignorou a última ordem da garota: esqueceu do pergaminho em sua mão, a pegou no colo e saiu o mais rápido que podia em direção ao hospital.

Ele não deixaria que ela morresse. Ela não. Kyoko era a única na vila que havia vivia uma dor parecida com a dele, e, se ela morresse, ele estaria sozinho. Era horrível pensar daquela forma, mas ele não se importava. Ele a queria viva, derrubando lágrimas de riso e felicidade mesmo depois de tantas de tristeza que haviam lhe escapado pelos olhos. Não era justo terminar daquele jeito e ele faria tudo que estivesse a seu alcance e além para garantir que aquele não seria o fim.

— Emergência! — gritou ele ao entrar no hospital e logo uma equipe médica se apresentou, pedindo que ele a colocasse em uma maca.

— Batimentos cardíacos fracos — informou uma enfermeira enquanto a examinava, com a maca já em movimento e o grisalho foi os seguindo — Para a sala de cirurgia.

NINGENWhere stories live. Discover now