Capítulo 38

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Amy

Estou do lado de fora do quarto enquanto Marcelo passa pelos exames de sensibilidade, porque de tudo o que o médico explicou, foi isso que entendi. Está difícil respirar porque o que mais queria era diminuir a distância que ele está nos impondo. Eu sinto que ele está tentando me afastar, no entanto eu duvido que ele vá conseguir.

Não vou deixar que isso aconteça de jeito nenhum. Bárbara disse que é impressão minha, mas conheço o filho dela e sei muito bem o que aquele cabeça dura ta tentando fazer.

Sinto que irei frustrar todos os seus planos, problema dele.

Está é a oportunidade de nossas vidas, pouco me importa se ele vai voltar a andar ou não, eu o amo e o amor quando é recíproco supera qualquer obstáculo, ele pode tentar usar de qualquer argumento, e eu sei que ele vai, mas não no abandonei, não agora quando podemos viver nosso amor sem empecilhos, acusações ou medos. Eu serei aquela que fará de tudo para facilitar a vida dele.

Quando o médico sai do quarto dele, junto com outra médica eles param ao nosso lado e o homem esboça um pequeno sorriso.

— A lesão do Marcelo foi uma lesão primária incompleta sensitiva. — O homem fala.

— E? — Indago nervosa.

— Significa que ele sente muitos comandos, mais não consegue mexer as pernas. — A mulher diz. — Existe a grande possibilidade de que com tratamento certo ele possa voltar a andar. Ele terá controle sobre suas necessidades fisiológicas e sexuais, pois a lesão não atingiu a sacral. — Fala olhando direto para mim e acabo ficando vermelha de vergonha.

— Daqui dois dias ele pode receber alta. — O homem fala e a mãe dele se agarra a mim.

— Obrigada doutor. — Agradecemos em uníssono.

Ele meneia a cabeça, fala alguns cuidados que teremos que ter sobre a adaptação do ambiente onde ele vai morar, e sobre não deixar que ele fique muito tempo sentado, ou numa mesma posição, e da importância da fisioterapia para sua recuperação.

Quando entro no quarto com a mãe dele, Marcelo está com os olhos fechados.

— Filho?! — A mãe dele chama, mas ele não abre os olhos.

— Preciso falar a sós com a Amy mamãe. Poderia nos dar licença? — Indaga.

Bárbara aperta minha mão e depois de alertar seu filho sobre o que quer que seja que irá falar, ela sai do quarto.

Eu me aproximo de sua cama e deixo um beijo suave em seus lábios.

— Como se sente? — pergunto preocupada. — O médico nos falou da possibilidade de voltar a andar, não se preocupa tá, iremos procurar os melhores tratamentos e voc... — Não consigo concluir minha frase pois sou interrompida por sua voz irritada.

— Não Amy. Pare agora! — Exclama e eu me afasto um pouco, magoada com sua atitude irracional. — Não sei se realmente voltarei a andar, eu sinto muitos estímulos e só consegui perceber isso depois de todos os testes, mais minhas pernas não mexem nem um milímetro. — Parece furioso agora. — Agora não passo de um maldito inválido que dependerá da boa vontade das pessoas para...

— CALA A BOCA IDIOTA!

Agora quem está furiosa sou eu. Ele me olha com os olhos arregalados e imediatamente sua mãe entra no quarto.

— O que está acontecendo? — Indaga e não há nada em seus olhos à não ser preocupação.

Respiro fundo algumas vezes, não posso surtar, não posso convulsionar, é somente o que penso enquanto me controlo. Meu médico achou melhor que eu tomasse o medicamento esses dias, já que não estava fazendo nada direito, e o estresse emocional estava meio que começando a refletir no meu corpo.

Marcelo (Spin-off Tudo Culpa dos Croquis)Where stories live. Discover now