Capítulo 16

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— Estamos bem? — Questiona. Aparentemente preocupada.

— Só porque você é uma cretina comigo 99,9% do tempo, não significa que não estamos bem.

— Eu não sou uma cretina, entendo que sou uma pessoa difícil, mas não sou tão ruim assim.

— Não é? Me poupe Amy. Você é detestável.

— Ta brincando né? — Indaga indignada.

— Não, não estou. Eu tenho passado mais tempo estressado do quê qualquer outra coisa, estou de férias caralho e só queria relaxar, dar prazer, receber prazer.. no entanto você não ajuda.

— Você.. — Aponta o dedo em minha cara. — é um babaca.

— Por isso estou do jeito que estou. Você é impossível. É por isso que não namoro. Manter um relacionamento é muito complicado e eu não tenho nem tempo e muito menos paciência pra lidar com isso.

— E desde quando estamos num relacionamento? — sibila entre dentes.

— Exatamente. — concordo. — Não estamos, era para ser apenas alguns dias de foda gostosa e olha só no que isso está dando? Passamos mais tempo discutindo do que qualquer outra coisa, já estou de saco cheio.

— Então vai embora, ninguém ta te obrigando a ficar aqui.

Levanta-se e sai emburrada do restaurante onde paramos para fazer um lanche em Thira.

Pra ser bem sincero, a vontade que tenho é de ir embora mesmo, ela é muito malcriada para alguém adulta.

No entanto o desejo de permanecer ao seu lado é maior. Não sei o que essa diaba fez comigo, mas a verdade é que não me sinto capaz de deixa-la.

Pago a conta e saio caminhando calmamente, acho que nós dois precisamos de espaço nesse momento. Não sei como as pessoas conseguem fazer dar certo um relacionamento mesmo com suas divergências, tenho certeza que eu não seria capaz, principalmente se fosse com Amy. Ela é complicada, desbocada (algo que sinceramente não me incomoda, uma mulher bem resolvida tem que saber sair de situações delicadas e se defender), no entanto me questiono se ela é assim tão bem resolvida, ou se é apenas uma fachada que ela usa. Pois enquanto estamos juntos ela se comporta mais como uma adolescente mimada do que qualquer outra coisa.

Pode ser que eu tenha culpa nesse comportamento infantil. Será que tenho? O que se passa naquela cabeça linda? Me questiono enquanto ando, em um momento paro no meio da rua e fico conversando comigo em pensamentos. É difícil tentar saber o que uma mulher pensa, desvendar seus mistérios, pior ainda.

Não gosto de me sentir deslocado e é o que está acontecendo no momento. Caramba quando foi que fiquei confuso por alguma coisa, ou melhor alguém? Não sei, não me lembro se algo assim já aconteceu, acho que não.

Volto a andar e a pensar em tudo. Amy está esquisita e esse comportamento não pode ser normal, lembro do nosso passeio ao Prospect Park, foi um dos melhores momentos que passamos juntos, conversamos sobre tudo e ao mesmo tempo sobre nada, queria poder voltar aquele dia.

Preciso encontra-la e confronta-la.

Será minha última tentativa se ela não disser o que está acontecendo vou embora, não aguento mais essas discussões, não estou em um relacionamento sério, pra quê viver como se estivesse em um?

Tomada a decisão.

Caminho apressado entre algumas pessoas que andam abarrotando as ruas, apesar de que agora o fluxo diminuiu consideravelmente, preciso chegar ao hotel e se tiver alguma sorte ela estará lá.

Alguns minutos depois irrompo pelo quarto, no primeiro momento não a vejo.

Chamo-a, entretanto ela não responde.

Olho no banheiro e ela não está, as cortinas da porta que leva a varanda onde tem uma piscina privativa está fechada, assim como a porta. Eu a abro e não é surpresa nenhuma encontrá-la, admirando o horizonte de costas para mim, completamente exposta (quando digo completamente exposta, quero dizer pelada).

— Amy o que está acontecendo?

Sei que ela me ouviu, mas continua de costas. Alguns segundos depois não aguento e explodo.

— Que merda ta acontecendo? Porque está se comportando deste jeito?

— Não tenho nada a falar. Poderia deixar me sozinha por favor.

Pedi.

— Não, não vou deixar nada para depois. — Respondo irritado.

Calma. Fontana. Calma.

— O que você quer saber?

Finalmente olha para mim e é difícil concentrar me com a visão de seus seios empinados para mim.

Foco. Marcelo. Foco.

— Porque está agindo como se estivéssemos em um relacionamento?

— Não estou agindo assim.

Retruca.

Paciência. Cadê a porra da minha paciência?

— Amy você não está lidando com nenhum moleque, então acho bom não me tratar como um. — Respondo furioso. — Então trate de falar agora o que está acontecendo?

— Eu me apaixonei.

Ela se apaixonou? Quem é o infeliz? Porque ela não contou antes?

— E porque não disse antes?

Questiono.

— Você não vai surtar?

Pergunta semicerrando os olhos.

— Porque eu faria isso? Não tenho nada com você. — Vejo quando seu semblante se transforma e mágoa passa por seus olhos, mas não tenho certeza, pois é muito rápido. — Porque não disse antes? Eu teria ido embora bem antes e você poderia estar agora mesmo com a sua paixão. — Falo, mesmo que isso me cause um bolo na garganta e a raiva me possua, só em pensar em outro homem tocando-a.

— Você é um idiota.

Diz brava e levanta, não se importando com seu corpo nu, sai de dentro da piscina e passa com seu corpo pingando, passando por mim como um tornado.

— Porque está tão brava? Vou embora e você vai se ver livre de mim, estarei deixando o caminho livre para quem quer que seja que você se apaixonou.

— EU ME APAIXONEI POR VOCÊ SEU PALERMA! — Ela grita e fico imediatamente estático.

— O quê? — Questiono mais para mim do quê para ela, no entanto ela ouvi.

— Eu não queria, nunca quis me apaixonar por você. — Fala enquanto lágrimas escorrem por sua face. Penso em me aproximar mais desisto, não sei o que poderia fazer. — Mas, acho que me apaixonei por você, assim que abri a porta da casa de Melissa. Você é lindo e quando Nikoly contou-me tudo o que fez para salvá-la, eu.. eu não sei bem como me senti, mais acima de tudo eu me senti grata, você não fez aquilo por ser apenas seu dever como homem da lei, você foi fantástico, Logan disse o que fez quando ele ficou paralisado. Você é tão lindo por dentro quanto por fora e sinceramente, tenho certeza que minha redenção aconteceu, aquele dia no Prospect Park. Meu Deus! — Exclama e olha para o chão. — Eu desejei ser amada naquele dia, desejei que você me amasse. Como sou estúpida!

— Amy eu. eu.. — Não consigo dizer nada. Que merda!

— Não diga nada, eu vou embora. — Levanta a cabeça e olha em meus olhos. — Sempre soube que entre nós só aconteceria encontros carnais, no entanto pra mim nunca foi só corpo e mente, sempre foi mais coração. Mais não fale nada, não quero ouvir nada.

Diz e corre para o banheiro, onde se tranca e posso ouvir seus soluços.

Não sei o que dizer, o que pensar e muito menos o que fazer.

Porra!

Apaixonada por mim? Como não percebi isso antes?

Marcelo (Spin-off Tudo Culpa dos Croquis)Where stories live. Discover now