Capítulo 17

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Amy

Como minha vida se transformou nessa bagunça eu não sei. Em um momento eu era uma mulher decidida, independente e CEO de um grande escritório, no outro era apenas uma mulher com pouco rendimento no trabalho, fragilizada e quase uma obsessiva com um cara que tinha visto por pouco tempo. 

Não queria estar sofrendo como estou no momento, jamais me imaginei nesta situação deplorável. Sempre me resguardei do amor e do nada já me vi apaixonada, todas as vezes em que pensei na possibilidade de amar, eu me vi quase que em um conto de fadas, onde o escolhido do meu coração também me escolheria. Quão redondamente me enganei?

Eu não estava preparada. Não era o momento, o tempo. E no entanto onde estou agora? Chorando como uma adolescente boba com seu primeiro coração partido. Eu pulei está fase da minha vida como se fosse tão essencial tanto quanto respirar e agora é como se estivesse vivendo uma fase da qual não queria ter participação.

Como se o destino tivesse me pregando uma peça.

Fiquei cerca de uma hora trancada no banheiro e quando sai com os olhos inchados e tremendo um pouco por conta do nervoso o quarto se encontrava num silêncio perturbador, não foi uma surpresa saber que assim como Marcelo sua mala tinha sumido, não esperava que ele ficasse depois de minha revelação, mas também não esperava que ele iria embora como um fugitivo da lei.

Me senti derrotada, abandonada.

Mais não tinha o direito de sentir-me assim.

Eu era apenas uma foda.

Olhei ao redor do quarto e decidi que minhas pequenas férias estavam arruinadas. Juntei todas as minhas coisas e no dia seguinte já estava no aeroporto de Atenas seguindo em um vôo comercial para casa. Vinte e quatro horas depois já estava em meu escritório afundada em papéis.

O trabalho seria minha melhor distração, Os dias foram passando e ele não tentou entrar em contato em nenhum momento, me dediquei com afinco em minhas atividades e passei a trabalhar doze horas por dia, indo para a cama apenas quando estava exausta.

Uma parte minha me acusava por estar negligenciando minha saúde. Eu não quero voltar a tomar as drogas antiepilépticas, e para que isso ocorra preciso ter uma alimentação saudável, fazer exercícios e uma boa noite de sono, o que não tenho feito ultimamente.

Mas são hábitos que definitivamente me ajudam a não pensar nele.

Meus pais estão viajando. Logan anda bastante ocupado assim como Nikoly que está tomando de conta dos negócios da família e de Nicholas. E eu nunca me senti tão só, o que é preocupante já que nunca senti necessidade de ter alguém por perto.

Um mês.

Como consegui sobreviver a esse primeiro mês foi um mistério. E não me perguntem porque estou contando os dias, nem eu mesma sei.

Hoje é domingo e depois de dias turbulentos resolvi que preciso de um dia no SPA. Preciso urgentemente de uma massagem, arrumar o cabelo e as unhas porque amanhã preciso está impecável, darei uma entrevista para uma grande revista e tenho que estar deslumbrante para a capa.

Não é nada muito grande, apenas uma revista de negócios. Eles adoram dizer que temos sorte por nossas conquistas, como se nós não trabalhassemos duro para alcançar os objetivos. Gostam de questionar o segredo do sucesso e blá blá blá.

É um tédio, mas vale à pena.

***

Exaustão me define completamente.

Três meses passaram voando entre reuniões, viagens curtas de negócios e a possibilidade de uma grande parceria com um escritório de Los Angeles.

Nesse meio tempo voltei para meu neurologista e refiz todos os meus exames, estou bem.

Mais como tem um olhar crítico muito bom percebeu meu desleixo comigo mesma. Me senti uma criança de três anos sendo repreendida, foi constrangedor, mais me fez perceber que em primeiro lugar eu, segundo eu e terceiro eu.

Marcelo entrou na minha vida de uma forma tempestuosa e saiu da mesma maneira, o que fez com que minha autoestima fosse para o espaço. Sofri muito mais depois do puxão de orelha dei um tempo e fiz uma auto análise sobre meus últimos meses que precederam e antecederam sua estada em minha rotina.

Antes dele eu era confiante, dona da porra toda e uma empresária de sucesso. Depois dele minha confiança  foi abalada, não sai pra nenhuma festa e não tinha ânimo para nada. A única coisa que não mudou foi meu lado CEO, pelo contrário me afundei em trabalho, me destaquei, ganhei uma matéria numa revista conceituada.

No entanto depois de conversar com meu médico, reduzi minha carga horária de trabalho e comecei a me exercitar e me alimentar corretamente, hoje me sinto revigorada, com disposição e sem as olheiras horrorosas que me acompanharam por algum tempo.

Hoje é sexta-feira e quase hora de ir para casa. Estou analisando o contrato da possível parceria quando ouço uma batida em minha porta. Peço para que entre enquanto ainda mantenha-me focada na tela do meu computador, ouço passos mais não desvio minha atenção. 

— Caralho!

O quê? Tomo um susto na cadeira e quase caio para trás. Quando meus olhos encontram os dele me sinto arrepiar.

Senti tanta falta desses olhos azuis, no entanto o que ele pensa que está fazendo aqui?

— Você está muito gostosa Amy, sempre imaginei como seria vê-la aí nessa cadeira e a visão não deixa nada a desejar, quase gozei na calça.

Arqueio a sobrancelha em desafio. Será possível que depois do que aconteceu ele pensa que é só elogiar e já estarei abrindo as pernas pra ele? Coitado!

— O que está fazendo aqui? — questiono séria, não quero papo com ele. — Você não acha que é muito cara de pau sua, chegar aqui e falar essas merdas depois do que fez comigo.

Seu sorriso morreu em sua face e ele ficou sério enquanto se aproximava mais da minha mesa.

— Eu vim te pedir desculpas pelo o que fiz, me sinto culpado por tê-la abandonado aquele dia, venho me sentindo um escroto desde então.

— Realmente escroto te define bem, pode ir embora. — Aponto para a porta e arrumo meus óculos, que é de oncinha transparente.

— Não faz assim por favor. — Pede. — Sinto sua falta.

— Continue sentindo e agora me dê licença.

— Amy você precisa me ouvir.

— Não preciso e muito menos quero, vá embora! — Exclamo frustrada e com uma vontade enorme de chorar. Mas não posso demonstrar o quanto sua visita me abala, por isso continuo demonstrando minha máscara de frieza.

— Eu quero você Amy, vamos conversar como os adultos que somos.

— Do mesmo modo que você conversou há quatro meses atrás? Não obrigada.

Me levanto de minha cadeira e passo por ele.

— Onde você vai? — Ele questiona quando passo por ele e abro a porta.

— Se você não vai sair eu vou, não tenho nada pra falar com você.

Ele levanta mais não dou tempo para que venha atrás de mim. Corro para a sala de reuniões ao lado da mesa de minha secretária e digo para ela que eu não estou pra ninguém. Ela vai saber o que fazer.

Quando estou devidamente segura em meu refúgio me deixo cair sentada e respiro com dificuldade.

Eu não vou chorar! Não por ele.

Marcelo (Spin-off Tudo Culpa dos Croquis)Where stories live. Discover now