Capítulo 32

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— Você precisa desistir delegado. — Cascão ironiza.

Eu evito abrir minha boca. Porque se por um acaso eu fizer isso, tenho certeza que vou gritar, e esse gosto eu não quero dar a eles.

O cara que está me torturando é um idiota. Pau mandado dos piores que existe.

Meu corpo todo dói, todo ele. Há mais de duas horas estou com os braços estendidos em uma mesa, as mãos algemadas — sentiram a ironia — meu tronco está preso no encosto da cadeira e meus pés estão acorrentados nos pés da mesma.

Minhas mãos estão queimadas por cigarros em vários pontos, e alguns cortes superficiais pela mesma, já que o paspalho está brincando de me mutilar.

Minha língua e meus lábios estão mordidos pela força com que trinquei os mesmos para não gritar. Está difícil, começando a ficar insuportável me conter.

— Ta difícil mano, tu é duro na queda. 

Vejo quando o mesmo se afasta e fala com um dos traficantes que estão na porta. Eu tento me mover mais não consigo.

Quando ele volta com um sorriso sinistro percebo que o que virá a seguir pode ser minha ruína.

Cascão se abaixa e solta meus pés, depois solta meu tronco, meus braços e com as mãos algemadas mesmo me leva até uma sala que eu não tinha visto antes. Está escuro, mas quando uma luz acende e vejo o que tem em minha frente engulo em seco e tento acreditar que é real.

Parece que voltei no tempo, sinto-me na era medieval.

— Caralho! —Exclamo assustado. Com certeza dessa eu não saio vivo.

— Gostou da nossa dama delegado? — Questiona e gargalha desenfreadamente.

Eu o ignoro por completo, e fico tentando imaginar onde eles conseguiram uma dama de ferro¹. Sinceramente isso nem parece real! Se eu pudesse me beliscaria, só para ter certeza, mas o fato de não conseguir me beliscar já é um indicativo por si só do quão fodido eu tô, fodido pra caralho!

— Eu não vou entrar aí nem fodendo. — Falo para o otário que tenta me fazer caminhar pela sala para chegar até aquela coisa.

— E quem disse que não vai? — Ele indaga.

Mas quando eu iria responder, uma voz muito furiosa se sobressai mais alta que a minha.

Eu digo que ele não vai entrar aí.

Olhamos para trás e nos deparamos com Sardinha aparentando estar furioso.

— Eu te dei permissão pra colocá-lo aí Cascão? — Pergunta vindo até nós, e parando em frente ao outro que engole em seco.

— Eu achei que... — Cascão não consegue concluir já que seu superior o interrompe.

— Você não pensou nada, nada! — Esbraveja. — Quem manda nessa porra sou eu, se eu quisesse colocá-lo na dama eu tinha pedido.

— Mas você falou que era de preferência lento.

— De preferência lento. A tortura desgraçado! Se fosse pra matar ele lentamente eu teria mandado ele diretamente para lá, a dama mataria ele lentamente até não sobrar mais nenhuma gota de sangue em suas veias e definitivamente não foi o que falei, idiota.

Sardinha me empurra e passa em minha frente, eu vou atrás dele, me questionando onde desgraça o Dênis e a minha equipe de encontram, há horas estou nessa desgraça e até agora nada.

Dênis

— Estamos fodidos. — Falo para Sheila que está monitorando Marcelo.

— O que aconteceu Dênis? — Ela indaga.

— Não poderemos deflagrar a operação ainda.

— Ta doido. Nosso chefe vai morrer se demorarmos mais.

— Uma equipe da Interpol entrou em contato, já estão em um avião vindo para cá e pediram para que os aguardasse.

— Não temos esse tempo. Marcelo é esperto, mas os traficantes não terão essa paciência toda.

— Eu sei, eu sei. — Falo angustiado. — Que caralho! — Exclamo com raiva. — Como eles ficaram sabendo do que estamos fazendo aqui? — Indago para mim mesmo.

— Não faço ideia, mas não podemos ficar aqui de braços cruzados.

— E agora Sheila?

— Eu sei lá. Pede reforço.

— E você acha que eu não já pedi. Estou esperando a equipe que me prometeram que iria vir para nós dar cobertura, mas até agora nada.

— Será que alguém de lá, se vendeu para o FP Sardinha e está prendendo os policiais, será que estão sabendo que estamos os esperando?

— Caralho! Esqueci esse detalhe. Acho que é melhor ligar para o superintendente.

— Não, melhor não. A vida do nosso superior depende de nós, e pelo o que já vimos não é seguro confiar em ninguém. Principalmente porque o cara é um peixe grande.

— Então Sheila não teremos escolha, a não ser esperar o pessoal da Interpol e rezar para que Marcelo saia vivo dessa.

¹ dama de ferro - Era um método de tortura muito conhecido durante a idade média, tinha seu interior recoberto com pontas metálicas e a vítima, forçada a entrar nele, tinha sua pele perfurada pelos cravos.

Quando era fechado, nenhum órgão era atingido, contudo, as pontas múltiplas faziam com que a vítima morresse de insuficiência sanguínea. Como a intenção era forçar uma morte sofrível e lenta, a Dama de Ferro era o mecanismo perfeito para que se atingisse o objetivo.

Marcelo (Spin-off Tudo Culpa dos Croquis)Where stories live. Discover now