The End of the world

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(Episódio final)

      Acordei com a luz do sol forte em meus olhos que abri timidamente. Demorou um tempo para minha visão se ajustar, mas assim que pude ver tudo claramente, vi que estava abraçada em Jeff. Não tentei sair dessa vez, fechei meus olhos e voltei a dormir, havia uma parte de mim que não queria que esse momento acabasse. Por mais estranho que pareça, me sinto segura assim.

      —Papai, não aguento mais... —Disse enquanto caía no chão

      —Você precisa, sabe que mesmo que seja mulher tem que se defender melhor do que um homem. Treine por mais 3 horas e só então vai comer. —Ele disse fechando a grande porta de metal.

       Fiquei mais três horas treinando, suando sem parar. Uma criança de 8 anos lutando em uma enorme academia sozinha. Contra sacos de pancada e outras coisas para me deixar mais rápida e habilidosa. O sonho dele era treinar Lucas, mas o seu lindo sonho terminou. Eu terminei. Chega de aquele bastardo ganhar tudo e eu ficar aprendendo a fazer tricô. Para mim só restava costurar e brincar de bonecas, enquanto ele brincava de carros, saía com papai e ia para a academia ver e rir dos outros lutando. As vezes me pego pensando em qual seria a reação de meu pai ao saber tudo que eu penso e o que eu fiz. O deixar para morrer atropelado. Talvez meu pai me odiaria ao saber, minha mãe me odiaria a ponto de talvez até tentar me matar.
      Três horas se passaram rapidamente, eu estava fazendo flexões quando ele chegou.

      —Em qual número está?

      —25. Tenho que ir até 150, volte daqui a 10 minutos. —Falei rispidamente. Meu pai pareceu um pouco surpreendido, mas obedeceu e fechou a porta. Terminei as flexões em 5 minutos e comecei os abdominais, que eram bem mais fáceis. Fiz 72 até ele voltar.
      Saimos da academia e voltamos para casa, fui direto ao meu banheiro. Tirei minhas roupas e entrei debaixo da água fria. Deixei as gotas escorrerem por meu corpo e cabelo, sentia meu corpo esfriar e relaxar aos poucos.
      Estava prestes a descer para jantar quando ouvi os gritos de minha mãe. Gritava feito louca por Lucas, meu pai me chamou para o jantar, ignorando completamente seus gritos bêbada. Ele sabe encarar a perda muito melhor do que ela, embora talvez seja mais doloroso para ela. Sentamos e começamos a jantar em silêncio, só nós dois. Fora minha mãe gritando, a casa era paz e silêncio. Não perdoaria Lucas, nem que ele implorasse por perdão, ajoelhado no chão como o porco que era. Essa era a verdade e nada poderia mudar as coisas.
      Minha mãe saiu do seu quarto, sua maquiagem escorreu por seu rosto, deixando enormes riscos pretos. Ela chorava e lamentava por seu filho querido. Seu favorito. Isso me irritava, fazia com que eu o odiasse ainda mais. Mesmo que estivesse morto, eles preferem ele. Sempre esse bastardo.
      —Quer parar? Só o que sabe fazer é se lamentar por esse bastardo. Ele morreu, está morto e enterrado. E sinceramente, não dou a mínima falta dele, um garotinho mimado, idiota e burro. Aposto que se fosse eu em seu lugar, não haveria esse drama todo. —Disse irritada. Não pude me controlar.
      —Sua bastarda inútil! —Minha mãe acertou um tapa em meu rosto me derrubando da cadeira. —Vou te ensinar uma coisa, a nunca mais falar coisas tão cruéis. —Ela disse vindo em minha direção e puxando meu cabelo, me obrigando a me levantar. Começou a me bater. Não chorei, não conseguia. Não sentia nada além de dor, uma dor que eu sabia que passaria. Segurei seu braço e a empurrei na parede. Peguei uma faca de cozinha e joguei em sua direção. A faca acertou perto de sua cabeça. Meu pai veio em minha direção e me levou pelo braço até meu quarto.
      —Vai ficar trancada aqui. Não sei o que há de errado com você. Vai em psiquiatra ainda essa semana. Eu não aguento mais isso.
   E em menos de duas semanas estava tomando porções de remédios.

      Acordo ofegante, Jeff está sentado ao meu lado, pensando em algo.

      —Qual de vocês era um bastardo? O nome foi riscado pelo doutor —Ele disse olhando em minha mala. —Não é filha deles, não é? —Ele disse me entregando o exame, que tinha feito há muito tempo.

Dance With Devil -Jeff The killerWhere stories live. Discover now