Dance With Devil -Jeff The killer

Fogo.

Já faz um mês que Lola tem ido para a escolinha, e ela só fica mais fechada. Pude vê-la chorando no quarto no outro dia, mas toda vez que tento falar com ela, Lola fica com raiva e grita, se debate e diz horrores. Eu às vezes quero bater nela, mas isso só pioraria muito mais a situação e a deixaria com mais raiva. Estou procurando uma terapeuta desde ontem, afinal está ficando tenso.

Ela se arruma como sempre no quarto, faço seu café da manhã e coloco o lanche na mochila. Sentamos para o café e ela age como se nada tivesse acontecido, sendo carinhosa e amorosa comigo, sigo falando com ela normalmente, até que chega a hora dela ir. Ela se despede e sai de casa, algo estranho estava acontecendo hoje, muito estranho. A mochila parecia mais pesada na hora que ela trouxe do quarto. Deve ser algum brinquedo, com certeza. Não seria outra coisa.

Estou ficando paranóica, parece que o DNA dele está mais presente a cada dia, toda vez que olho para os olhos da minha filha, posso ver Jeff neles. Refletido como um espelho de água, como se ele pudesse debochar de mim através deles. "Você fugiu com ela, mesmo assim não conseguiu salva-la de ser nossa filha". Tenho medo que ele volte, tenho muito medo. Não só por tudo que ele já fez, mas pelo que sei que vai fazer. Lola é uma criança, pode ser extremamente desequilibrada o quanto quiser, mas ainda é facilmente manipulável. Jeff não ama ela, não amaria se conhecesse, assim como nunca me amou. Aquilo não era amor. 

Você mata pessoas que querem ferir quem você ama, não fere as pessoas que ama. Ele é um sociopata narcisista de merda, e se eu o encontrar de novo, se ele colocar um dedo na minha filha, eu juro pela minha alma condenada ao inferno que vou fazê-lo urrar nas minhas mãos antes de mata-lo. Vou fazê-lo sofrer por tudo que fez comigo e por tudo que planejar fazer. Lola é minha carne, o meu sangue corre nas veias dela, posso ver isso claramente agora. 

Eu errei com meus pais. Errei com meu irmão. Errei com todos os que matei. Eu errei, fui uma pessoa cruel e totalmente insana. No momento em que a senti chutar, sabia que tinha que mudar. Eu não destruiria a vida de Lola como fiz com a minha, ela era um bebê. Crianças são inocentes, são telas em branco para que os pais criem vida e emoções nelas, memórias, lições. Mesmo assim, conseguem estraga-las. Eu fui odiada desde o dia em que nasci, desde então tenho me comportado como um monstro porque é o que me senti. Faço questão de que ela seja amada, Lola não vai ter uma mãe que a odeia e um pai negligente. Ela vai ter uma boa mãe, seremos só nós duas. Eu não vou me permitir errar com ela. Nunca amei tanto algo. 

Ela parece com ele, parece muito. Mas ela é minha. Inteiramente minha. Ninguém vai tirar Lola de mim, eu não vou permitir isso. Eu vou ama-la, mima-la e educa-la. A tornar melhor. Toda criança merece a oportunidade de brilhar, de ser a estrela do seu show, de ser amada. Essa sensação deve ter sido boa para meu irmão, espero que Lola saiba aproveita-la. 

Meu telefone toca. Assim que estico o braço para pega-lo, sinto um arrepio percorrer toda a minha espinha. Algo está errado. Já sei antes de atender. Atendo depressa assim que vejo a identificação, é da escolinha. 

- Sra. Parol! Por favor venha imediatamente, a creche acabou de pegar fogo! 

- E Lola!? Minha filha está bem?! Eu estou indo agora mesmo! 

- Ela... está bem. Está comigo. Por favor, senhora, venha agora!

Assim que cheguei, haviam viaturas e dois caminhões do corpo de bombeiros apagando o incêndio, seja o que for que aconteceu para começar o incêndio, garantiu que uma chama enorme tomasse conta da casa. Assim que vejo minha filha, corro até ela. A seguro forte e ela chora, me abraça e se gruda como um carrapato em mim. Algo está estranho. Ela está bem, mas não estou vendo as outras crianças aqui. Talvez os pais já tenham as levado.