Segredo

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      —Vai pro inferno. —Desviei meu olhar de seus olhos que estavam cada vez mais hipnóticos. —Nunca. —Disse voltando meu olhar a ele, ele não vai me quebrar nunca mais.

      —Vamos ver então, rata —sussurrou em meu ouvido. Sua voz rouca e baixa deixa um arrepio por meu pescoço, Claro que ele notou isso, consigo ouvir uma risada escapar de seus lábios.

      —Me solta... —tentei me mover, mas ele não desiste e lambe meu pescoço, até chegar na altura de minha orelha, ele a morde e eu tento empurrar mais uma vez. Acabo recuando até uma parede, enquanto ele me deixa prensada na mesma.  —Me... Me solta... —minhas pernas estão bambas, minhas bochechas estão quentes e minha respiração está pesada. Estou muito fraca. Ele me prensa cada vez mais contra ele e a parede, meu coração bate forte, não consigo me mover ou respirar. Uma parte de mim quer correr para longe dele, fugir. Mas outra, quer mais disso, quer ficar perto dele, pertencer a ele. Em meio a esses pensamentos e aos meus fracassos ao tentar me soltar, acabo desmaiando. Sinto a energia deixar meu corpo, o calor que se instalava em minha testa cessar e minha consciência sair de meu corpo.

       Uma luz fraca e única em meio a escuridão, é a primeira coisa que vejo assim que abro meus olhos.

       —Parece que a pequena rata acordou. —Ouço a voz de Jeff —Sabe, você tem me provocado muito ultimamente. De várias formas, não deveria ter feito isso. —Sigo o som de sua voz e quando encontro seu rosto que estava distante e um pouco mal iluminado. Mas não pude deixar de notar o olhar em seus olhos, um olhar sádico. Torturador, saberia exatamente o tempo para quebrar meu corpo, minha mente e levar minha alma para longe. Mas também havia algo que eu não conseguia decifrar em seu olhar. Só conseguia perceber que ele iria me machucar, lentamente e aproveitaria cada segundo disso.

        —Me solta, agora. —Olhei em seus olhos com raiva. Ele sorriu, veio em minha direção, olhando em meus olhos com um sorriso satisfeito e desafiador.

        —Se dor... Não quebra você, acho que eu vou ter que descobrir o que quebra, não é? —Ele disse e eu comecei a tremer, não, eu não posso deixar ele me quebrar...

        —Por favor... Não faz isso. — Lágrimas escorriam de meus olhos, seu sorriso aumentou, ele começou a falar então. Coisas que sabia que iriam doer. Meu pai, minha mãe, meus amigos, tudo. Ele estudou cada hora do meu choro, cada segundo do meu olhar, ouviu perfeitamente cada respiração desesperada por perdão, cada olhar, cada lágrima, cada respiração, tudo, tudo ele ouviu e gravou perfeitamente. — PARA! por favor... já chega...—Disse chorando

      —Não, não estamos nem perto de acabar. —Ele sorriu, me soltando e me levando pelo braço —Primeiro, acho que pelo menos a aparência você pode parar de fingir. Depois tem que parar de fingir que não quer isso, que ainda aguenta. Você não consegue, essa é a verdade. Aceite.

        —Eu vou matar você. —Disse pegando um dos vários cacos de vidros de cima de uma cômoda do corredor e tentando acertar seu ombro. Ele esquiva e acabo fazendo apenas um corte leve. Ele pegou o caco de vidro e jogou longe. Jeff parecia se controlar para não me matar. Ele sabe que eu quero isso, se eu não consigo fugir pelo menos quero que ele me mate. Mas no fundo eu sei, está tudo acabado, estou condenada. É uma questão de tempo para ele conseguir me quebrar totalmente. É questão de tempo para ele descobrir o que eu fiz, é questão de tempo para eu ser uma marionete dele. Mas até lá, eu tenho que lutar. —por que simplesmente não me mata? Qual seu problema?

      —E que graça teria lhe dar o que quer? Nenhuma. Eu não acho divertido matar pessoas que querem morrer, se não tiver me divertido até cansar. —Ele sorri.

      Claro, eu já sabia disso. Ele é como uma doença, imagino como deve viver dentro de sua cabeça. A dor, o prazer em ver pessoas sofrerem, as vozes, sua mente deve ser seu próprio inferno. Faz sentido ele querer tornar a vida dos outro um inferno também.

      Ele me arrastou para o seu quarto, lá ele sentou em uma cadeira, enquanto pensava. Mas claro, antes ele me amarrou em algum lugar para não fugir. Em um dos pés da cama para ser exata, amarrada sentada no chão e amordaçada.

     —Você não vai ajudar, seria burrice perguntar a você. Rata, eu vou sair, se em menos de um dia eu não voltar, sinto muito, vai passar fome. —ele disse se levantando e saíndo.

        Tentei falar algo, mas a mordaça só me permitiu soltar um " mmm MMMM!"  Tentava pelo menos me mexer, mas não. Mal conseguia respirar.

Jeff narrando:

     Peguei o carro e saí de volta para o lado da cidade onde a encontrei. Não vou até lá, mas quero procurar registros próximos. Ela esconde algo, eu posso sentir, há algo que vai a entregar de bandeja pra mim. Vai torná-la obediente, submissa a qualquer decisão que eu tomar. Mas ela vai resistir mesmo quando eu encontrar, claro que vai. Mas chegará uma hora em que nem ela vai poder resistir.
     

Dance With Devil -Jeff The killerWhere stories live. Discover now