cortes

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Lua narrando:

     —Eu deveria, querer correr de você. Mas eu quero correr pra você. Mesmo você me torturando e fazendo o que bem quiser comigo.  A cada segundo que passo com você, minha mente só fica pior. A cada segundo pensando, chego a conclusão de que adoraria morrer. De que adoraria morrer, pelas suas mãos, pelas minhas, pelas mãos de qualquer alma caridosa que queira acabar com o tormento de viver em minha mente. —Falei, olhando nos olhos de Jeff, por mais que eu não quisesse dizer isso, é necessário.

      —Lua, eu não vou matar você. Não vou deixar você morrer. Mesmo que as vezes, você seja teimosa e implicante. Eu acho que gosto de você, Garota. Por mais que eu tente entender eu não consigo. Só consigo perceber que é como se eu estivesse sem fôlego muito tempo, e você me devolveu ele pra mim. Eu não quero, não vou te deixar ir. Lua, eu acho que realmente gosto de você. —Ele disse se aproximando, e não de um modo manipulador ou malicioso. Ele me abraçou fortemente, senti o calor aconchegante tomar conta de meu corpo, coração, mente e alma. Por que mesmo sendo uma tortura é tão delicioso ficar ao seu lado, Jeff?

     Eu dormi ali ao seu lado, por sei lá mais quanto tempo e acordei com o cheiro de comida. Senti o cheiro de algo parecido com bife, feijão e arroz. Calma, Lua, provavelmente não é pra você. Não crie esperanças. O cheiro dele ficou em minhas roupas, em meu cabelo e em minhas lembranças. É sério que eu perdi a virgindade com o assassino que me sequestrou? Só posso ter algum problema mental muito grande. Mesmo com o cheiro maravilhoso da comida, e o quase arrependimento. Pensamentos indesejados ecoam em minha cabeça.

  Sabe, seria tão bom se tudo isso, toda essa vida simplesmente acabasse.

      E o que vai acontecer com você quando ele se cansar de brincar de gato e rato com você?

      Talvez se você parasse de implorar pra ele acabar com o seu sofrimento e desse um jeito nisso, você mesma, não estaria sofrendo assim.

      Eu fui até o corredor do hospital psiquiátrico, andei alguns metros e entrei em um quarto onde havia uma faca jogada no chão. Passei meu dedo indicador no fio da faca levemente, e ela fez um corte um pouco profundo. Fechei a porta do quarto e puxei minha manga. Não acredito que cheguei a esse ponto. Comecei a fazer muitos cortes por todo meu pulso, cada vez mais profundos. Parei quando ouvi a voz de Jeff ecoar.

      —Droga, Ratinha, se você fugiu, vou acabar com você! —Ele disse, estava com raiva. Abaixei minha manga e deixei a faca no chão. Saí do quarto e ele me viu, seus olhos mudaram de raiva para alívio —O que estava fazendo aí? —Jeff disse vindo em minha direção —Eu fiz comida. Vem, se não comer vai acabar morrendo. O que estava fazendo alí?

      —Eu... Estava procurando você. —Falei seguindo Jeff até uma das mesas do enorme refeitório. Ele largou um prato com bife, arroz e feijão. Eu comi rapidamente, cada garfada, era uma explosão enorme de sabor. Terminei o prato e Jeff estava me olhando, com um olhar de: Ela tava mesmo com fome.
Eu estava morrendo de fome, meu corpo estava dolorido, minha mente está me matando. 

      —O que é isso? —Ele disse olhando para onde ficou marcado de sangue, debaixo da manga do moletom. Merda, não sabia que isso podia acontecer, não sabia que eles estavam sangrando tanto.

      —Nada! —Disse puxando meu braço, conseguindo tirar de seu alcance por pouco.

      —Não vai conseguir esconder de mim. Se mostrar agora, eu posso ser bonzinho e te dar mais comida. Sei que ainda está com fome. —Jeff estendeu o a mão e eu mesmo contrariada, sabia que estava MORRENDO de fome. Coloquei meu pulso sob sua mão, ele levantou a manga lentamente, vendo o estrago que eu tinha feito. Nem eu sabia que tinham sido tão profundos. —Então era isso que estava fazendo lá trancada. —Ele deslizou seu dedo pelos cortes, depois me puxou para ele, me empurrando contra a parede. —Não pode fazer isso. Só eu posso machucar você... —Jeff lambeu minha orelha e depois a mordeu até sangrar. Puxou meu pulso para perto de seu rosto e começou a chupar o sangue dos cortes. —Já que quer tanto sentir dor, vou fazer doer ainda mais.

      Tentei puxar meu pulso, mas ele apertou cada vez mais, soltei um gemido de dor e fechei os olhos com força.

      —P-P-Para... —Falei desmaiando.

          Jeff narrando:

      Porra, Lua, você ainda está muito fraca... Seu corpo ainda não absorveu os nutrientes da comida, eu acho. Eu quero fazê-la querer viver, viver por mim, encontrar a chama de sua alma, completar o buraco no seu coração.

      Carreguei, Lua até minha cama e deixei embaixo das cobertas. Ela está muito machucada.

      Eu andei até a cela daquele maldito. Ele tem que cuidar dela. Arrastei o sei la quem, até meu quarto e o observei tomar conta dela. Merda, tanta vontade de matar esse filho da puta... Mas não posso, eu nunca me feri de verdade, só alguns arranhões, mas ela é muito frágil. Depois de ele fazer tudo, joguei ele em uma outra cela e tranquei.

      Depois de algumas horas, Lua acordou. Ela estava meio lenta, mas eu estou com raiva.

*

Dance With Devil -Jeff The killerOnde histórias criam vida. Descubra agora