Ouvir tudo que ele me disse naquele dia me fez me sentir um monstro. Não por que eu não podia lhe retribuir metade do que ele me oferecia, mas porque eu comecei com tudo isso, eu lutei por ele, lutei para ser permanente na sua vida, para que tivéssemos aquilo, mas não podia ter, não podia o fazer ficar naquilo, não enquanto esquecemos do que devia ser feito. Eu chorei porque naquele momento eu nunca quis tanto a minha mãe na minha vida como queria naquele segundo, sentia que eu não fazia ideia do que eu fazia, que eu quebraria a única coisa boa que eu tinha.
Eu chorei porque eu vivi em meio a tanto ódio e tanta dor que eu não podia ser a pessoa que ele precisava naquele momento. Mas eu ainda o queria tanto. Eu era egoísta?
Naquela noite, Lilly se sentou do meu lado e me abraçou, Ashton tentou o máximo que pode, mas eu só sabia chorar. Chorava porque não pude chorar desde o dia que enterraram minha mãe, chorei porque ser o pai de uma criança que nem é minha filha, cuidar de um homem que te odeia, mas ainda sim é seu pai, viver sendo odiado pelos seus próprios irmãos e ainda abrir mão de algo bom para o bem dele e meu também doía demais. O peso de tudo caiu em cima de mim e eu não tinha estrutura nenhuma para suportar aquilo.
Era demais.
Me lembrei dos meus doze anos quando eu engoli praticamente todos os medicamentos da minha mãe e por muito pouco eu não morri. Foi a única vez que eu tentei, mas nunca naquele momento eu pensei tanto em acabar com tudo. Eu não sabia mais o que eu queria, só sabia que era tudo demais, e eu nem pensava nada.
Mas quando eu olhei pra minha irmã, a minha coisa mais preciosa que tenho e a única razão de eu não desistir de tudo, eu simplesmente a abracei e chorei a noite toda. Eu precisava disso.
No outro dia, a primeira coisa que eu fiz, foi me demitir do café. Jack havia provado como sempre que não podia contar com ele para nada. Depois que ele só sabia me diminuir desde que eu entrei lá para trabalhar.
Ver Michael naquele momento também depois de meu pedido de demissão, foi péssimo, ele parecia nem ter dormido e eu só queria sair correndo. Mas aí ele também pede demissão e vai embora, eu só sei que depois daquilo eu vi a cara de Jack e comecei a rir. Ri tanto que fiquei com a cara vermelha. Não havia motivo eu só queria mesmo.
O tempo passou, os dias, o mês e eu comecei a trabalhar e estagiar em um consultório muito legal no centro e quase sempre via Mike passando pra o novo trabalho, ele podia não me ver, mas eu sempre o via. E era bom ver que ele havia tomado um rumo para sua vida, que ele estava focado e que havia voltado a cantar para os amigos. Calum sempre me contava tudo, acho que ele também contava para Michael, mas não seria nada novo já que Calum é bem fofoqueiro quando quer.
No dia que eu recebi aquela carta, eu simplesmente sorri tanto que eu nem sabia que podia sorrir daquele jeito. Acabou no momento que eu a li, só sorri quando ele disse que eu era a segunda pessoa que sabia, tirando a psiquiatra, o que me fazia o primeiro porque de todos ele escolheu a mim.
Eu decidi que devia seguir um dos conselhos dele e comecei a me consultar com o psicólogo, o Harry. Ele era muito gentil e demorou um pouco, mas eu comecei a falar tudo para ele e agora eu me consulto uma vez por semana. Consigo sentir que faz uma grande diferença.
Com as consultas eu comecei a me conhecer, a ver mais sobre eu mesmo, sobre o que eu sinto e sobre minha vida. Os dias foram passando e mesmo em processo de autodescoberta, eu podia ver que até minha autoestima começou a crescer mais. O que eu somente ouviam dizer sobre minha aparência, coisas positivas, eu comecei a ver em mim enquanto me olhava no espelho e via mais, eu via como até meus olhos brilhavam mais quando eu dormia bem, ou quando eu tinha um tempo para mim mesmo.
Eu percebi que nunca havia tido tempo para mim até começar a ter.
Mesmo depois de tudo, ainda me via perguntando a Calum sobre Michael, eu sabia mais sobre meus sentimentos sobre ele e vi que eu sentia muito a sua falta como amigo, como pessoa e de tudo que ele representa. Calum me contava tudo, desde que ele estava ansioso com seu concerto e até como ele sorria mais, que ele realmente começou a viver.
Aquilo me deixava muito feliz. Saber que ele estava bem me deixava feliz. Sentia muito sua falta mas eu optei pela distância para nosso bem e eu sei que ele também sabe.
Por isso que me surpreendeu muito o ver semanas atrás na frente de casa. De início, eu não quis abrir porque eu estava em choque, depois porque eu não sabia o que falar com ele.
Aí Lilly apareceu e disse tudo o que devia e não devia. Eu sinceramente precisei ficar duas horas falando com ela que não se pode falar nada disso a estranhos. Ai ela me veio com um “Ele é o Mike, ele é adorável e eu eu sei que você adorou ficar admirando ele”. Eu juro que eu pensei em arrancar a cabeça daquela pirralha, mas ela não mentiu.
Vê-lo e falar com ele aquele dia me fez muito bem, eu podia ver que ele era um novo homem e que ele ainda tinha a mesma mania protetora que não muda nunca. Ele disse pro meu pai chupar um pau. Eu de verdade não consegui ter reação.
Na outra semana, vê-lo cantar todas aquelas músicas me fez pensar como foi que sua mente esteve esse tempo todo. Cada uma falava coisas que talvez eu entendesse mais do que qualquer outra pessoa no recinto, que ele ficou destruído, mas que ainda sim ele era forte o suficiente para se manter em pé e mesmo sem não conviver comigo, ele nunca desistiria.
Eu tive tudo que Michael Gordon Clifford tinha a oferecer e se eu reclamasse, ele me daria mais. Isso era inegável.
Ver como ele acima de tudo não só cantava por cantar, mas como ele derramava seu coração em cada nota e cada palavra fazia o admirar mais do que eu já admirava. Ver como ele estava começando outra fase de sua vida, me deixava orgulhoso, mesmo talvez não estando nela.
Hoje, eu estava entediado em casa, pensando no que eu tinha feito até hoje, pensando em tudo que eu deveria fazer. Lilly ficou na casa da vovó porque ela insistiu. Sobrou somente meu pai e eu. Ele não bebia havia uma semana e eu sabia que ele não aguenta mais que isso, então assim que ouvi um barulho na sala, eu fui ver.
— Volta pra onde você estava e me deixa. — Ele como sempre sendo a pessoa mais gentil do mundo.
— A casa também é minha, e a sala é uma área onde qualquer um pode andar.
Ele bufou irritado e já ia abrindo a porta.
— Eu não quero saber de ver você aqui quando eu chegar.
— Você não manda em mim Andrew, eu já tenho vinte anos e você sabe muito bem que no momento em que você por o pé lá fora eu tranco a porta e ignoro qualquer que seja a sua ordem.
Ele pegou um cinzeiro que tinha ao lado de uma mesa perto dele e jogou contra mim, por sorte o negócio caiu no chão e estilhaçou em vários pedaços.
— Maldito o dia que a sua mãe te teve.
— Se não fosse por mim, você já estava morto a anos.
Ele não falou nada, só saiu. Me levantei e fui trancar a porta.
— E você? O que faz aqui? Veio rir que eu sou sustentado pelo viado do meu filho?
Mas o que é isso?
— Eu... Eu só estou andando na rua. — Essa voz eu conheço.
Assim que eu abro a porta, vejo um Michael levemente sem reação e meu pai saindo praticamente correndo.
Meus olhos foram direto pra o garoto de olhos verdes que agora olhava também para mim.
— Eu realmente estava andando na rua, eu não... Eu não queria ter ouvido nada.
Minha respiração parou por um momento. Droga, como eu sentia falta de falar com ele.
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Capítulo enorme não é mesmo?Acho que deu pra saber da vida do Luke toda. Como estão depois de toda a história do Luke sendo exposta? Eu não estou nada bem.
Bom esse capítulo nem ia sair tão cedo, mas aí eu ia publicar no aniversário do meu solzinho amor da minha vida e do Michael, Luke. Porém, Também não deu, mas enfim, eu não posso presentear ele, eu presenteio vocês atrasado!!
Eu ouvi que o próximo capítulo promete e quem tá esperando mais “ação” de muke vai ser o capítulo.
Enfim amo vocês e até a próxima<3
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How to Fix a Broken Heart ~ •Muke•
FanfictionMichael lida com a perda de seus pais em um acidente de carro enquanto tenta se reconstruir e seguir em frente. É então que ele conhece Luke, um garoto animado e sempre feliz, que esconde uma grande tristeza e dor por debaixo de toda positividade e...
