Então aquele era o Michael.
Depois de mais de oito anos ouvindo sobre ele, esperei que ele ao menos fizesse alguma coisa, como falar, mas ele não fez, só assentiu. Daí eu perguntei:
— Ele fala, não é?
E não foi por mal, eu achei que ele era mudo funcional pela forma que ele se portava e a forma que os meninos falavam, mas sabia que não foi uma coisa muito legal de falar. Mas aí, o menino vem e me fala:
— Até falo, mas cães geralmente preferem morder.
Eu sei que ele falou baixo, mas eu gostei desse menino naquele exato momento. Eu me vi nele. Acho que a forma que ele olhava para as pessoas, o olhar triste e de que tudo não fazia mais sentido, não sei, só sei que eu me achei tão parecido e criei uma empatia por ele tão grande que até me assustei. Valeu a pena o universo ter atrapalhado todas as vezes que nos veríamos antes.
No momento que Ash me puxou para longe, ele me disse que ele finalmente havia decidido sair e que ele ainda não estava nada bem e que o estágio do luto dele ainda não havia mudado e que ele tinha medo de pela forma que ele parecia sem ânimo nenhum e até meio assustado ali, ele piorasse. Eu entendi, ele achava que eu meio que o julguei assim que o vi, mas eu seria a última pessoa a fazer isso, a minha vida toda eu fui tão desgraçado com tudo que eu não faria isso com o menino.
Depois que ficamos até depois, olhando para o nada e bebermos até falarmos o que não devia, Michael inconscientemente me disse que tinha medo de nunca superar a morte de seus pais. Ele sabia que isso não lhe fazia bem, mas que isso o afetava de uma maneira tão grande que ele não conseguia se sentir apto para nada. Bom, ele não sabe que eu sei e lembro disso, mas eu lembro.
Pode ser que eu não estava tão bêbado como eu fiz parecer... Mas eu queria me dar bem com ele e parecia que ele só era legal bêbado. O que foi horrível saber que ele tomava remédios e eu quase ter o causado algum mal.
A verdade é que naquela noite eu sabia que Cashton estavam certos em querer cuidar tanto dele, Michael é a pessoa mais incrível do mundo, só que não vê que é.
Acho que nosso maior erro, o meu pelo menos, foi confiar nele, mas temer que ele não suportasse tudo. Ouvir meu irmão e meu pai que sempre que me viam sorrir ou coisas assim, faziam questão de me deixar para baixo. Lilly sempre falava que eu mudava quando falava dele, mas eu nunca pude dizer que era amor, não como ele me disse. Nunca tive parâmetros para isso, não nesse sentido.
Porém, era inegável que eu me sentia querido sempre que estava ao seu lado. Todas as vezes que ele me consolava enquanto sonhava com minha mãe ou com ele me deixando, não tenho como agradecer a ele por isso. Não sei o que sentia, não sabia o que era sentir falta de um abraço como senti na primeira semana do término. Calum dizia que ele estava bem, mesmo eu imaginando que sua mente estava o torturando.
Porque Michael é assim, ele nunca quer esboçar um sentimento, sempre quer ser sucinto e sério, mostrar que está bem, mas por dentro, sua mente o tortura passando a mesma cena bilhões de vezes o impedido de dormir a noite. Muitas vezes eu o via nem mesmo fechar os olhos a noite, e eu o entendo. As memória são sempre as piores coisas de ter que lidar.
Era evidente que ele estava melhorando, que ele estava ficando melhor, porém, ele estava abdicando de muita coisa por mim, da mesma forma que eu podia sentir que por não ter tido nada parecido com aquilo que ele me proporcionava, acabava esquecendo que eu tinha responsabilidades, que eu não podia deixar de viver para que ele se sentisse bem e que eu não podia usar a única coisa boa que me veio depois de todos esses anos como forma de escape ou motivo para procrastinar tudo. Ele merecia mais, muito mais.
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How to Fix a Broken Heart ~ •Muke•
FanfictionMichael lida com a perda de seus pais em um acidente de carro enquanto tenta se reconstruir e seguir em frente. É então que ele conhece Luke, um garoto animado e sempre feliz, que esconde uma grande tristeza e dor por debaixo de toda positividade e...
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