Mamãe pediu para que eu cantasse.

Ela dizia que eu só sabia falar cantando, já que conversando eu só sabia falar merda.

Então eu cantei.

Cantei uma música de ninar, cantei para que eles dormissem bem e descansassem. Que estariam sãos e salvos. Que nada os afligiriam mais.

Era quase como se fosse minha despedida.

Como se tivesse dando meu adeus. Da minha forma, dando adeus ao meu antigo eu, ao meus pais, a minha antiga vida.

Em meio ao caminho eu falei por um tempo com Ash e depois eu desliguei a chamada.

Quase como se fosse algo que tinha que ser dito, como se fosse uma daquelas listas de coisas que devem ser descobertas antes da morte, eu me virei e olhei para meus pais que sentavam nos bancos da frente e disse.

Eu me assumi para os dois.

Eu realmente falei.

“Eu... Eu não gosto quando fala assim do Ash e do Cal pai, porque eu... Eu não sou hétero, mesmo gostando de meninas, eu também gosto de homens, eu fico com caras e não foram poucos.”

Depois disso tudo foi um borrão.

Meu pai se virou para me olhar e largou a mão do volante, minha mãe que já sabia ficou chocada, pois ela achava que eu nunca diria para meu pai aquilo. Mas eu disse.

Eu achava que não, mas eu disse.

Eu pude ver que ele ficou desapontado, sei que sim, mas parece que ele compreendeu.

Mas tudo foi tão rápido, quando ele percebeu que não estava com a mão no volante, já tínhamos ido para faixa errada e nosso carro bateu em outro e então ele tombou e tombou de novo.

Minha cabeça doía tanto. Eu me senti desnorteado. Confuso.

Eu só pensei que havia perdido tudo, então eu pensei na minha família, nos meus pais, em Calum e em Ashton.

Não cantaria mais para eles, não ouviria as reclamações deles, não ouviria nada.

Porque para mim, o meu dia já tinha chegado. E eu pedi, implorei, rezei que se fosse para alguém ter que morrer e ir, que fosse eu, mesmo que sentisse falta de tudo, de viver, de meus amigos e meus pais.

A culpa havia sido minha.

Mas se todos sobrevivessemos, eu agradeceria também.

Imaginei o que Ashton diria se eu dissesse que meu pai perdeu o controle porque eu disse que também fico com caras.

Ashton me chamaria de louco.

Acho que acabei falando alto isso, não sei, porque eu só ouvi alguém dizendo o nome dele e eu dizendo o nome dele de volta.

Logo depois, tudo foi um borrão.

Quando eu vi tudo branco, eu achei que era o inferno e eu estava em uma sala pronto pra tortura, mas não era.

Era somente a luz do hospital.

Calum estava ao meu lado. Ele tinha bolsas escuras e grossas embaixo dos olhos e ele parecia não ter parado de chorar.

“Você está horrível.” Foi a primeira coisa que eu disse. Minha garganta arranhava e logo Calum começou a chorar mais, só que de felicidade.

Foi a primeira de muitas vezes que o vi chorar.

Logo eu achei que meus pais deviam estar como eu, mas bem.

Então Calum me disse que não, que eles bom, estavam mortos.

Nunca gritei tanto na vida. Nunca senti tanta dor. Foi dor física junto com a dor mental, sentimental e tudo junto. Aquilo era agoniante.

Eu não sabia lidar com isso, acho que ainda não sei, mas eu sei o que tenho que fazer.

Por isso, eu pus um buquê de flores para cada um me levantei, fiquei olhando por um tempo as lápides e então sorri.

“Eu me perdoo e sei que vocês também me perdoaram. Eu amo vocês, mas não posso impedir vocês mais tempo. Vocês tem de descansar e bom, eu posso me virar. Cuidem da vovó por mim.”

Sorri e me retirei de lá.

Foi um peso tão grande que eu sentia que saia dos meus ombros.

Você não faz ideia de quão aliviado eu me senti.

Eu sei que não devia fazer isso, ainda mais um mês depois de tudo o que aconteceu, você está tentando se recuperar, tomar o rumo de sua vida, e eu também estou, mas eu prometi que eu te diria assim que sentisse que podia falar sobre minha culpa no acidente.

E bom, é isso, eu me culpava porque por causa do que eu disse, meu pai perdeu a direção e quase morri com eles.

Mas sei que não foi por mal, eu sentia que devia dizer, fui egoísta, mas eu não podia mentir para ele. Não para meu pai. Mesmo que ele poderia ter me magoado se tivesse vivo, eu não me arrependeria, porque como eu já havia te dito, a verdade sempre vale mais do que tudo e uma hora ela vem a tona.

Como estou fazendo agora.

A segunda pessoa que estou contando é você.

Sinto muito em não ser a primeira, mas Joan tem prioridade como minha médica, e os créditos são todos dela.

Espero que fique bem.

Com todo o amor do mundo,

Michael.

Depois de escrever tudo, respirei fundo e sorri. Era mais um capítulo da minha vida que estava sendo virado e eu me sinto feliz por isso.

Sei que Luke gostaria de saber disso, mesmo não estando com ele, Luke sabe que o amo e também sabe que isso é importante não só para sua curiosidade enorme, já que ele sempre quer saber de tudo, mas para minha recuperação.

Então, assim que eu pus a carta no envelope e escrevi tudo direitinho, suspirei feliz.

Agora eu teria de entregá-la.

****

Então, vocês viram que teve uma grande passagem de tempo. E a ideia é passar mais um pouco.

Eu quero mostrar que eles estão mudando e evoluindo, que acima de tudo eles estão se cuidando e bom, todo mundo tá esperando pra saber do luke vocês vão saber no próximo capítulo, amo vocês até mais <3

How to Fix a Broken Heart ~ •Muke• Donde viven las historias. Descúbrelo ahora