Joan sorriu para mim. Foi a primeira vez que vi um sorriso verdadeiro vindo dela.

— Você está pensando em algo para fazer no momento?

— Eu estou.

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Eu tirei o capuz do casaco da minha cabeça e me ajoelhei perto da lápide.

Meus pais.

As pessoas que eu mais amei na vida, as pessoas que eu mais confiava, que eu mais me sinto culpado por não ter dito o suficiente.

Fecho os olhos e tudo volta na minha mente.

Era um sábado, tinha festa na casa de uma amiga de Calum e eu queria muito ir. Na verdade, ele e Ash queriam me apresentar um amigo que eles tinham em comum, que dizendo Ash, era impossível eu não gostar.

Eu ri deles e disse que qualquer um que fosse amigo do Ash de tanto tempo, eu gostaria. Combinamos que iríamos juntos e que eu conheceria o amigo que eles tanto faziam propaganda.

Dizendo eles, ele parecia até ser um anjo.

O eu daquela época riu e pensou que seria por pouco tempo que ele teria esse ar de inocência. Ainda bem que esse eu morreu.

Mas o problema era que caía na mesma data do aniversário da minha avó e a minha mãe já tinha me dito isso, mas eu não lembrei, na verdade eu não ouvi. Acabou que eu, muito irritado, disse que não iria.

Eu era um revoltado com a vida, verdade, mas ainda tinha medo do chinelo da Dona Karen. Ela batia sem dó.

Enfim, naquele dia, eu não estava muito feliz, porque de novo, meu pai reclamou por ele ter entrado no meu quarto e ter visto Cashton que na época não era oficialmente Cashton — Já que eles negavam que se gostavam e como sempre se pegavam escondido— aos beijos, e ele disse que não aceitava isso debaixo do teto dele.

O mais irônico que hoje Cashton não só se beija debaixo do teto que era dele, mas também transam. Curioso essas coisas.

Mas voltando ao assunto em questão, ele disse que era pouca vergonha demais, só que não falava porque ele viu Calum e Ashton crescerem e sabiam que pelo menos Ash não tinha o apoio em casa. Não muda o fato dele não aceitar e falar mal.

Durante a viagem, ele me reclamava por eu dizer que eles faziam o que queriam e que eu não ligava mesmo que fosse no meu quarto e na minha cama. O que hoje eu considero um pecado já que hoje eu passo mais tempo na minha cama do que naquela época que eu na verdade passava mais tempo na cama de pessoas qualquer por aí.

O resultado foi um bela discussão enquanto meu pai estava dirigindo.

Minha mãe, como sempre apaziguadora de natureza, pedia para que parassemos. Eu realmente não queria.

Eu queria gritar, queria falar com ele que ele odiava tanto aquilo que o filho dele era a porra de um bissexual que mais ficava com caras do que garotas e que por conta do aniversário da vovó — que Deus a tenha lá no céu bem feliz e comendo seu bolo de banana com canela —, ele estragou minha chance de ficar com um cara que podia muito bem ser um possível namorado, não sei, já que Ashton fez tanta propaganda desse tal amigo que o nome do meio era Robert.

Mas eu não fiz.

Eu fiquei quieto, porque a vovó não tinha culpa de nada, ela nunca teve.

A culpa era minha, eu que era impulsivo, eu que ficava com raiva do vento e que era egoísta ao ponto de brigar com meu pai por nada.

Mas a culpa era dele também que desde meus onze anos de idade odiava as atitudes de meus melhores amigos.

How to Fix a Broken Heart ~ •Muke• Where stories live. Discover now