Capítulo 36

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"Não há céu sem tempestades, nem caminhos sem acidentes. Não tenha medo da vida, tenha medo de não vivê-la intensamente."

O Código da Inteligência, Augusto Cury

Existem momentos na sua vida, que você simplesmente não acha que está acontecendo. Como num dia muito bom, que você para e pensa: Isso é real? Porque está tão bom que chega a parecer um sonho. Mas há momentos tão bizarros e ruins que você também não consegue acreditar que são reais, pois não parecem fazer sentido. Mas esses momentos parecem ser mais fortes e sempre te lembram da realidade. Pois é, esse era um daqueles momentos.

Minhas pálpebras estavam pesadas, mas eu sabia que precisava abri-las.

Eu estava com medo do que ia encontrar ao fazer isso, mas minha curiosidade foi maior do que o medo.

Abri os olhos e vi o céu. Tinha pássaros voando e a copa de uma árvore parecia se mover. Pisquei com dificuldade e os sons pareceram voltar a tona. Carros, pessoas, gritos.

Olhei para o lado e a vi. Priscila estava a alguns metros de mim, deitada no asfalto e parecia desacordada. Foi aí que eu me dei conta do que estava acontecendo.

Ai meu Deus, ai meu Deus...

Lágrimas se acumularam nos meus olhos e então eu percebi que havia pessoas perto de mim, e perto dela também.

Algumas pessoas perguntavam se eu estava bem, e embora a pergunta em si pareça boba, acho que a pessoa queria saber o que eu estava sentindo.

Com muita dificuldade eu disse:

-Dói.

-O que dói? -Perguntou um homem.

Jesus, tudo doía. Principalmente meu quadril. Minhas pernas estavam um pouco dormentes e eu sabia que devia ter vários cortes, porque estava sentindo sangue fora do meu corpo.

Comecei a chorar.

-Calma, vai ficar tudo bem, a ambulância já está vindo. -Disse o homem.

Assenti mas eu não sabia se aquilo era o suficiente para me acalmar. Eu queria saber como Priscila estava. Eu queria ao menos chegar perto dela, tocar na sua mão, saber que ela estava bem ou dizer algo pra acalma-la. Eu saberia fazer isso.

-Me ajuda a alcançar a minha irmã. -Pedi ao homem.

-Você não pode querida. Está machucada. Ao te levar pra lá, corremos o risco de piorar seu estado. -Disse uma mulher.

Aquilo era tudo culpa minha. Eu devia ter prestado atenção. As lágrimas voltaram a cair.

-Ela está bem, temos certeza. Quer que eu leve algum recado pra ela? -Perguntou o homem.

-Diga a ela pra me perdoar. -Minha cabeça já doía com as lágrimas e com a preocupação.- E diz pra ela confiar em Jesus.

-Tudo bem. Eu digo. -Disse o homem se levantando e indo até Priscila.

A mulher segurou minha mão e disse:

-Pode apertar a minha mão?

Assenti e dei um leve aperto em sua mão.

-Isso. Consegue apertar mais forte?

Neguei.

-Tá, tudo bem, mas fique comigo.

Assenti e fechei os olhos. A mulher era gentil, mas naquele momento eu não estava conseguindo aturar nada.

Jesus, não me deixa. Aperta a minha mão através dessa mulher. Se eu tiver que partir, tudo bem, quero entender, afinal, sempre sonhei em te encontrar, mas se devo ficar, me ensina a ser forte, e a honrar o seu nome.

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