Ele se afastou por um tempo. Paralisado olhando nos meus olhos. Esperando alguma reação vívida vinda de mim.
O problema era que eu já estava me preparando para esse momento. Eu sabia que iria acontecer, via como ele ficava mais afobado. Que de certa forma, estávamos nessa por não querer estar sozinhos.
Eu o amo. Amo muito. Não nego. Nunca vou negar.
Mas não posso o prender.
— Mike eu... Meu Deus, o que eu estou fazendo?
— Se você não sabe, quem dirá eu. — Disse já levemente incomodado. — Acha que isso não dói para mim? Luke, eu literalmente abri meu coração para você, eu deixei você entrar por completo na minha vida, eu... Droga Luke eu nem sei o que falar sem me sentir horrível e ao mesmo tempo idiota. Eu...
Ele mantinha suas orbes fixas em meu olhar. Odiava isso, mas eu sabia que ele estava esperando o que eu também já esperava dizer. Era errado, mas estava entalado a muito tempo.
— Não diz isso. — Seus olhos estavam brilhando, provavelmente eram lágrimas que estavam lutando para cair. — Não faça ser pior, não me faça me sentir um monstro.
O que Joan me dissera duas semanas atrás veio a minha mente.
Porque eu temia falar algo que era verdade, porque eu temia tanto não ser retribuído do mesmo jeito? Ele entrou sabendo que eu não sabia o que sentia, mas correu o riso. Ele criou isso sem nem mesmo saber como ele se sentia.
Ele começou um jogo que não podia continuar. Eu o ganhei no seu jogo. Em troca, ele me destruiu. Não de forma tão profunda que vou morrer por isso, mas vendo agora, isso estava fadado ao fracasso.
Porque eu tenho medo de mim mesmo e do que eu sinto? Porque eu tenho medo?
Porque sabia que ele não estaria pronto.
Porque tinha medo de novamente me sentir sozinho, sentir que o vazio ia voltar.
Porque eu o priorizei tanto que eu deixei de me ver, deixei de me cuidar, tive uma crise de raiva que desencadeou uma reação em cadeia de medos e raiva que eu me controlava para não entrar em combustão do qual não tinha antes.
Antes, eu apenas vegetava esperando o dia que eu morresse.
Hoje, as coisas são tão diferentes...
— Mike... Por favor, não fala isso. — Ele estava se desesperando. Eu sabia que nem ele mesmo tinha noção do que fazia. — Eu... Droga, está tão confuso aqui. — Aponta para sua cabeça. — E aqui. — Aponta para o coração em seu peito. O lugar onde ele devia guardar o meu que lhe entreguei de tão bom grado. — Não acho que sei explicar esse caos. Eu estou tão, mas tão fodidamente confuso, eu não posso usar você. Não como uma válvula de escape. Não como uma opção de fuga. Você merece tão mais que isso.
— Luke, eu te amo. — E a frase saiu. Saiu natural e desesperadamente. Saiu como um último grito para ele raciocinar. — E não é de hoje ou de ontem. É de meses. Dias que foram passando e eu não sabia entender o que crescia em mim. Hoje eu sei. Nada disso muda que eu ainda estou aqui, do seu lado.
Então a barreira invisível que impedia a cascata de lágrimas caírem foi destruída. Luke chorava. Não era um choro simples onde não havia som, um choro silencioso.
Não, ele soluçava, chorava tão alto que eu me senti péssimo por ter a chance de tê-lo machucado. Seu nariz ficava vermelho de tanto chorar.
Acho que ele não chorava só por mim. Chorava por sua mãe, por sua vida destruída, por seu pai idiota, por se sentir tão inferior que nem a capacidade de aceitar que alguém possa o amar ele conseguiu desenvolver. Meu peito se apertou. Meu coração, que agora era seu, sentia tão machucado quanto seu novo dono.
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How to Fix a Broken Heart ~ •Muke•
FanfictionMichael lida com a perda de seus pais em um acidente de carro enquanto tenta se reconstruir e seguir em frente. É então que ele conhece Luke, um garoto animado e sempre feliz, que esconde uma grande tristeza e dor por debaixo de toda positividade e...
