Seus olhos inundavam da mesma sensação que eu sei que também passava com os meus.
Seus movimentos não eram simplesmente por pura mecânica. Era mais que isso.
O momento em que eu o fiz vir não parecia que as coisas mudariam.
Sinto que havia de ter autopreservação da minha parte. Estou exposto a essa situação, estou ferido e ainda respiro para que isso funcione, para provar que não é só ele que luta sozinho.
Mas ele parece não ver isso.
Mas não ontem. Não hoje assim que ele acordar. Não amanhã e não depois e depois.
Minha mente trabalhava com a mesma velocidade que um leopardo tem assim que toma fôlego e corre atrás de sua presa. Rápido. Forte. Letal.
Meus devaneios são interrompidos por um zumbido. Um telefone tocava.
Não sei de qual de nós dois é, pois são idênticos e estão virados para baixo. Até nossos toques de chamada são iguais.
Atendo o que acho que seja o que está tocando.
— Oi?
— Cadê o Luke? — Sua voz era grossa e rude. Parecia impaciente. Não era Jack e nem era Ben e duvido que pela voz seja alguém jovem.
Oh.
Esse deve ser Andrew.
— Ele está dormindo. — Respondo. — Quem quer falar com ele? — Perguntei só para confirmar mesmo, pois eu tinha certeza que era ele.
O homem suspirou irritado.
— Sou o pai dele. — Diz. — Diga para ele acordar agora, ele está atrasado. — Sinto seu corpo inquieto contra o meu. Odeio ter de fazê-lo acordar sem precisão. — E quem é você?
Certo. Não gostei dele.
— Eu sou Michael. Um amigo dele. — Não ia falar namorado. Não ia falar isso, sabendo que ele é um idiota completo. Não quero que ele fale mais coisas com o filho. Coisas preconceituosas e desrespeitosas. Coisas que como um pai, ele não devia falar. — Ainda está cedo e ele está cansado, mas eu aviso que você ligou.
Luke automaticamente abriu o olho e ficou me olhando meio acordado e meio assustado. Acho que minha voz saiu fria e meio incômoda.
— Quem é? — Sua voz saiu meio alta. Acho que ele ainda está meio dormindo. Eu beijei o topo de sua cabeça.
— Seu pai.
Antes mesmo de eu terminar direito a frase ele pegou o celular da minha mão e começou a falar coisas como “sim” e “não”. Sua postura mudou. Mantive recostado na cabeceira da cama enquanto mantinha os olhos nele. A luz do sol que entrava no quarto pela janela batia em sua pele, seu corpo sendo delineado com a luz e sombra da parte não coberta pela luz.
Naquele momento me senti tão sortudo.
Naquele momento ele me olhou confuso. Acho que eu estava relaxado demais. Não sei.
— Eu já disse que está tudo ai. — Ele tinha a voz dura, mas o olhar era gentil. Ele olhava para mim. — Você não vai poder abrir a porta porque ela está trancada, mas se ainda assim quiser tentar, vá em frente.
Luke tinha um vinco formado na testa. Provavelmente estava gastando tantos neurônios para arranjar formas de se controlar para não falar na cara do pai tudo que está entalado que até deve enfurecer. Ele parecia exausto de falar com o homem e mais exausto ainda de ter que lidar com isso todos os dias.
VOCÊ ESTÁ LENDO
How to Fix a Broken Heart ~ •Muke•
FanfictionMichael lida com a perda de seus pais em um acidente de carro enquanto tenta se reconstruir e seguir em frente. É então que ele conhece Luke, um garoto animado e sempre feliz, que esconde uma grande tristeza e dor por debaixo de toda positividade e...
•30•
Começar do início
