Capítulo 31 - 1927

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Nota do autor: Meus queridos(as)! Tudo bem? Estão gostando? A partir de agora as coisas começam a ficar mais pesadas para os Andradas! Muitos acontecimentos decisivos estão por vir! Leiam, votem e compartilhem com os amigos! ;)

Meses se passaram... 1926 deu passagem para que 1927 chegasse. Durante esse tempo, as coisas para os Andradas foram muito boas.

Betinho realmente mostrou interesse nos negócios da família, era um interesse verdadeiro da parte do menino, o coronel adorou isso. Adorava ter seu filho todo os dias ao seu lado, passou todos os ensinamentos que podia e o menino aprendia rápido. O coronel acabou tirando algumas responsabilidades de Alfredo, seu assistente, e as passou para Betinho. Era algo importante para o garoto, sabia que devia mostrar serviço, mostrar perfeição e foi isso que mostrou, isso fez com que ganhasse cada vez mais e mais confiança aos olhos do pai. O coronel deixou que seu filho o acompanhasse em reuniões, almoços ou jantares importantes, não temia mais que Betinho falasse alguma bobagem revolucionária, pois agora Betinho trabalhava e agia apenas para o bem dos negócios da família. O coronel também passou a receber mais confiança do filho, pois o menino não via mais o pai como uma figura detestável, aquele mostro capitalista que imaginava desde sempre.

O garoto acreditava que o coronel tinha um lado humano, apesar dos pesares, o coronel não demonstrava, mas o filho sabia que estava lá, o pai era um ser humano como todos os outros. Ao trabalhar ao lado dele, descobriu que o velho todo mês fazia uma generosa doação anônima a orfanatos da capital. Por mais insignificante que fosse o peso dessa tarefa ao dia-a-dia do coronel, Betinho sabia o quão verdadeira ela era, pois tratava-se de uma doação anônima, o coronel não queria receber créditos por ela, não queria receber apertos de mão do Prefeito, ou até mesmo do Governador. Fazia por que era o certo a se fazer. Betinho ficou tentado, mas jamais perguntou ao pai sobre as doações, sabia que o velho lhe daria uma resposta curta e grossa. Talvez o coronel pensasse nas dificuldades que essas crianças passavam, afinal, o próprio coronel virou órfão de mãe muito novo e em seguida de pai, ficou sozinho no mundo e teve de aprender sozinho como esse mundo louco funcionava.

Mas, em outra ocasião, Betinho lembrou daquela greve que os funcionários de seu pai fariam em Santos, ficou curioso e perguntou ao velho coronel qual tinha sido o fim daquilo tudo. O garoto torceu pelo melhor, que seu pai tivesse reconsiderado e atendido as reivindicações dos grevistas.

Mas o coronel não entrou em detalhes:

— Furei a greve, alguns dos meus antigos funcionários voltaram ao trabalho e deixaram essa coisa de greve de lado. O resto deles sumiram no mundo, não sei qual fim eles tiveram. Contratei gente nova e tudo está sob controle. — O coronel pensou bem no que deveria responder e disse isso, essa mentira.

O que realmente tinha acontecido o coronel jamais contaria ao filho.

Ele furou sim a greve e levantou a ira dos grevistas, houve um tumulto e alguns dos homens tentaram invadir e depredar as instalações do coronel. A força policial de Santos, junto com os homens de confiança do capanga do coronel, Oswaldo "urubu" Hoff, seguiram as ordens do patrão: em caso de tumulto, atire primeiro e pergunte depois. Muitos ficaram feridos, alguns foram presos e três deles foram mortos dentro do terreno do coronel. Hoff mandou limpar as possas de sangue e disse aos funcionários que trabalhavam naquele momento:

— Que isso sirva de lição para vocês! Respondemos grevistas na base da bala!

Betinho jamais saberia o que realmente havia acontecido.

Mas o garoto também não pensava nisso, dividia agora seu pensamento entre o trabalho que tinha com o pai e Laurinha. Com a ajuda de seu irmão, as coisas haviam ficado mais fáceis. Várias foram as noites em que aquele pequeno grupo se reunia na sala de música, mas claro, cada casal ficava num canto da sala.

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