Capítulo 27 - O flagrante

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Logo o coronel Andrada e Álvaro saíram do escritório e foram até suas famílias. Ao entrar na sala de música, os dois pararam por alguns segundos, observaram o que acontecia: Aurora e Eustácio tocavam alegres no piano, Betinho e Lídia, sorriam e conversavam, completamente entretidos um com o outro. Dona Teresa veio da cozinha e também parou ao lado deles e observou. O coronel gostou do que viu.

— Vejam só aquilo. — Ele disse baixinho e inclinou-se para mais perto do casal. — Nunca vi Alberto tão entretido assim com uma garota.

— Os dois formariam um lindo casal, não acha, coronel? — Disse dona Teresa.

— Sim, realmente um lindo... casal. — Respondeu o pai do garoto. — Bem, me desculpem, mas já está ficando tarde. Creio que seja melhor voltarmos para casa. — O coronel começou o ritual de despedida. — Que tal marcarmos um jantar na minha casa? Assim daremos mais uma oportunidade para sua Lídia e meu Alberto conversarem, que tal?

O senhor Álvaro ouviu e ficou meio ressabiado, não sabia nem se podia confiar em Eustácio com Aurora, quem diria em Alberto, um rapaz de pouca idade, com sua caçula? Mas dona Teresa ouviu e gostou, foi mais rápida que o marido.

— Mas é claro coronel! Vamos facilitar as coisas para eles, não é querido?

— Claro... Claro. Facilitaremos. — Respondeu Álvaro dando um aperto de mão no coronel. O coronel tinha um sorriso malicioso no rosto, continuou com aquele sorriso no rosto por todo o trajeto até o palacete.

— Meninos! Meninos! — Disse ele aos filhos. — Podem se despedir, já vamos para casa. — Eustácio e Betinho olharam atentos para o pai. O coronel voltou sua atenção aos pais das meninas. — Venham, vamos deixá-los sozinhos, assim podem se despedir de modo apropriado.

E lá se foram os pais, para a sala de estar. Eustácio que já estava muito bêbado, entorpecido de coragem, despediu-se como um namorado deve despedir-se de sua namorada. Deu um longo, demorado, beijo em Aurora, praticamente deixando-a sem fôlego. Alberto, que não dava nada por este jantar, acabou querendo ficar um pouco mais ali, a conversa com Lídia estava tão boa...

Ele olhou nos olhos da garota e começou a se despedir.

— Queria ficar conversando mais com você. — Ele desviou seu olhar dos dela depois disso e deu um sorriso tímido. — Foi um prazer conhecê-la. — Betinho disse isso e quando foi se levantar do pequeno sofá, Lídia o impediu, segurando-o pela mão.

— Digo o mesmo, Alberto. — Ela sentou mais perto do rapaz. Betinho podia sentir o perfume da garota, que perfume maravilhoso ela usava! — Sabe de uma coisa? Se você continuar conversando deste jeito com as garotas, vai acabar conseguindo uma namorada. — Alberto Andrada ficou vermelho feito um pimentão, de vergonha, por causa da timidez. Tentou responder, mas não conseguiu que as palavras saíssem de sua boca. Então, Lídia veio até seu rosto e lhe deu um beijo na bochecha. — Até logo Alberto.

Lídia falou e em seguida levantou-se e foi até a sala de estar. Betinho ficou alguns segundos sentado ali, levou sua mão até sua bochecha e acariciou onde ela havia lhe beijado. "Isso foi bom. Foi bom demais até", pensou ele.

— ALBERTO!? — Gritou o coronel. — Ao ouvir o chamado, o grito, de seu pai Betinho num pulo levantou daquele sofá e foi até eles. Houve uma despedida formal do senhor Álvaro e de dona Teresa, os Andradas saíram e entraram no carro que os aguardava lá fora. Antes do motorista engatar a primeira marcha, Tacinho acenou para Aurora despedindo-se, Betinho não resistiu e deu um aceno tímido de despedida para Lídia. O carro começou a andar. — Muito bem Eustácio! Seu pedido de namoro foi esplêndido! Parabéns meu garoto! — Disse o pai ao filho mais velho.

Café com LeiteWhere stories live. Discover now