— Vai ficar tudo bem, acho que agora você pode escolher detalhadamente o que te faz mais confortável. — Ele tentava ser prestativo e mesmo o admirando por isso, eu não consegui esconder meu receio. — Tem certeza que é somente isso?

—Joan me fez uma pergunta que eu fiquei meio confuso. — Disse baixo. — Ela me perguntou se eu não tivesse prometido me tratar, eu teria mesmo tentado.

O olhar dele pairou sobre minha feição confusa. Ele não parecia feliz. Isso não me deixava feliz. Nem um pouco.

— Você disse algo que a fez pensar isso?

— Na verdade ela me perguntou muita coisa. — Óbvio que eu não ia entrar nesse assunto. Não poderia dizer a ele o que Joan me fez admitir. Não ainda. — Algumas eu preferi nem prestar atenção.

Luke não parecia nem um pouco convencido disso.

— Tem certeza? Porque eu acho que está mentindo. — Óbvio que eu estou mentindo. Eu não sei nem mesmo o que pensar.

— Não, não tenho certeza. — Odiava não conseguir ser tão bom como ele em mentir. — Eu só estou assustado.

Sua feição parecia amenizar.

— Com o quê?

— Tudo. — Disse simples. Queria ter dito “de ter a chance de estar fazendo algo errado”, mas achei sem necessidade.

Luke tirou o violão da minha mão e me guiou até a cama. Ficamos deitados, um do lado do outro, seu corpo abraçado ao meu, seu cabelo no meu rosto, sua mão brincando com meus dedos. Meu coração desesperado, despedaçado, acelerado.

— Você já sentiu que as vezes você acaba atrapalhando as pessoas a sua volta? — Sua voz era baixa, quase como se sussurrasse um segredo. — Que por sua causa, estão deixando de ser eles mesmos por temer que você se quebre?

— Já. — Respondi.

— Quantas vezes isso aconteceu?

— Todos os dias desde o acidente.

Ele assentiu. Sabia que ser praticamente monossilabico em uma situação assim o deixa apreensivo, mas eu também não sei se consigo formar mais que isso de frase no momento.

— Você já se sentiu tão envolvido em algo que sente que isso o está o consumindo? — Tinha certa delicadeza e receio em sua voz. Ele não quer me magoar. Se ele soubesse como já estava magoado. — Já sentiu que as vezes você afunda aqueles com quem se envolve?

Nem sabia se teria voz para falar isso. Responder essas perguntas com tom de casualidade vai ser difícil.

— Me sinto sim. — Tentei não parecer ofendido. Que eu não tenha parecido ferido. — A sensação de não suficiência as vezes é maior do que eu possa controlar.

Sinto a movimentação de sua cabeça para se virar para mim. Seu rosto triste, mas confuso. Sabíamos bem do que dizíamos, ao que referimos.

— Mas ainda valeria a pena?

— Eu ainda acho que vale. — Respondi. — Não acho que vou mudar de ideia tão cedo.

Tristeza. Era a primeira vez que vi um olhar desse tipo virado para mim, vindo dele. Aquilo me destruiu de várias formas. Ele não fazia ideia de como.

— Eu tenho medo Mike. Medo de estar fazendo algo errado.

— Você não está. — Eu tento ao máximo ser gentil. Ele não estava fazendo nada errado. Nunca fez. — Eu também tenho muito medo de fazer algo errado.

— Você não faz nada errado. Você faz até coisas demais. — Manti o contato visual. Eu precisava ver em seus olhos isso. — As vezes isso me assusta.

— No sentido ruim?

— No sentido de que eu não sei se devia ter tanto.

O puxei mais para perto. O abracei com a intensidade elevada, na intenção de tentar passar toda aquela dor para mim. Para aliviar tudo o que o assusta. Para passar a dor.

— Não pense nisso nunca mais. Nunca. — Beijei seu rosto. Cada centímetro dele. Seus lábios rosados. Seu nariz afilado. Suas bochechas bem delineadas em seus contornos. Seus olhos fechados. Sua testa com algumas pequenas espinhas. O topo da sua cabeça.  Suas têmporas. Cada pedacinho não foi esquecido. Queria afastar dele a mesma dor que alojava em mim naquele momento. Contorna-la, esquecer-se dela. — Você não devia pensar assim.

Ele sorria levemente. A ponta gelada do seu nariz passava no meu pescoço nu. Lufadas de ar eram jogadas de sua respiração, agora pesada.

— Eu nunca disse a intensidade do quanto eu sentia por você. — Apontou um fato. Era verdade. Até esse momento, eu era quem falava e mostrava tudo; a vida, os sentimentos. Cada pedaço de mim era doado a sua causa, a seu ser. — Eu sempre temi que estivesse nutrindo algo sozinho. Hoje vejo que não é assim.

— Espero que um elogio saia disso. — Digo bem humorado. Ao menos eu tento.

Ele sorri.

— Eu me sinto feliz com você. Muito. Muito mesmo. — beijos eram depositados em minha pele pálida da minha clavícula. — Me sinto bem ao seu lado. É algo que eu não posso descrever.

Queria não me sentir preenchido com essa sensação que cresce, mas não é assim, ela cresce e infla em meu peito. Um sorriso brota de meu rosto e eu quase esqueço do que ele disse a Calum.

— Então... — Meu corpo se vira para sobrepor o seu, nos deixando conectados de cabeça aos pés, me dava o poder de todos os movimentos. Me dava certa dominação dos seus. — Acho que quero mostrar o quanto eu me sinto feliz e posso te fazer se sentir mais feliz.

Um sorriso quase infantil surgiu em seus lábios.

— Eu adoraria.

****

Então...
Como vocês estão?
Eu estou bem mais feliz agora que eu atualizei para vocês.
Bom, eu sinto muito que não aprofundei mais essa última cena, porém, eu ainda acho que não é o momento de narrar uma smut. Então sim, o fim do capítulo tem uma sacanagem que eu não narrei.
Enfim, para quem está meio confuso, o Mike meio que tem uma certa razão em estar magoado com o Luke porque o que ele fala para Calum praticamente diz que ele quer terminar com ele. E bom, eu não sei de nada, né, mas eu adianto que o maior problema dos dois é o medo e as vezes o medo fode com nossa felicidade.
Mas eu já disse o fim não é trágico.

Mas então, acho que eu não aguento imaginar que logo logo meu neném esta acabando.  para terminar eu amo saber as teorias de vocês para o futuro do nosso Casalzinho. O que vocês acham?

É isso aí, até o próximo capítulo. Amo vocês<3

How to Fix a Broken Heart ~ •Muke• Where stories live. Discover now