— Sinto que ele quer se afastar.
— Como se sente a respeito disso?
Eu me sentia como uma máquina, esta, defeituosa, sem controle e prestes a desvanecer no caos. Eu me sentia o perfeito caos. Eu era o caos.
— Eu não sei como lidar com isso. — Disse sincero. — Sinto que seria como uma perda a mais na minha vida. E eu não consigo me ver perdendo mais alguém.
— Porque você o ama?
— Sim.
Eu odiava ter que falar aquilo. Odiava confirmar algo que o faça mais real. Que deixe meu medo mais real. Que deixe a realidade fazer o trabalho igual ao da gravidade na Terra sobre mim.
Eu entendia o ponto de Joan. Ela queria exatamente isso. Ela quer que eu não teme concretizar e aceitar isso que eu não sabia nomear dentro de mim. Aquilo que eu sabia que crescia e não sabia controlar.
Aquilo entrou em estado de metamorfose. Meu corpo sendo o casulo. Agora ele aflora como borboletas que estão prontas para voar pelo horizonte, prontas para se alimentar, pra se reproduzir. Prontas para morrer para uma causa. A da vida.
A razão não podia cair em mim nesse momento. Não agora. Não hoje. Não nesse exato momento.
Minha mente vagava pelo mais profunda parte de mim. Eu buscava motivos, razões
— Michael? — Joan parecia preocupada. — Esses insights, você os tem com frequência? O que aconteceu nesses vinte minutos em que você ficou olhando para o nada?
— Eu acho que sim. — Respondi. — As vezes acontece quando eu preciso pensar em algo que ocorre comigo.
— E você concluiu que...
— Que eu tenho que por os pingos nos is.
— Certo. — Seu olhos claros piscavam. — Você vai voltar a tomar seu remédio?
— Eu estou bem.
— Mas nunca se sabe quando uma recaída acontecerá. Não deve correr esse risco.
Eu assenti.
****
— A consulta foi melhor hoje? — Seus olhos azuis mediam minhas ações enquanto eu olhava para meu caderno de composições e mantinha o violão nos braços.
Ele estava deitado na minha cama, levemente entediado, já que eu estava o dia todo jogado no chão escrevendo e lendo ou tocando alguma melodia que vinha na cabeça. Acho que ele se sentiu pela primeira vez em nosso namoro, abandonado.
— Digamos que Joan é bem direta nas perguntas e eu nas respostas. — terminava de escrever a letra que estava escrevendo quando Luke chegou e começou a foliar meu antigo caderno de poemas e composições. Confesso que isso me deixou um pouco incomodado. — Alguma ideia do que pode rimar com wait?
Ele se sentou ao meu lado vendo o que já estava escrito.
— Talvez late. — Ele da de ombros. — Pensei que sua música já estivesse pronta, a do concerto.
— Mudança de planos de última hora. Jones disse que me faria ficar mais confortável ao apresentar.
Não menti. Jones realmente disse que era evidente meu desconforto com todas as outras opções, então ele prolongou o tempo e eu posso não apresentar agora, porém, terei de tocar ao invés de uma, três, músicas. Eu estou desesperado. Se uma música já era demais para mim, imagine três.
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How to Fix a Broken Heart ~ •Muke•
FanficMichael lida com a perda de seus pais em um acidente de carro enquanto tenta se reconstruir e seguir em frente. É então que ele conhece Luke, um garoto animado e sempre feliz, que esconde uma grande tristeza e dor por debaixo de toda positividade e...
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