Eu sei que depois daquela conversa, muita coisa entre meu pai e eu se quebrou. Inclusive a confiança de eu falar tudo para ele

— Michael, isso é terrível, você podia ter se machucado.

— Mas não machuquei. — Não de forma que fosse visível sem ter que tirar roupas. Mas não falaria isso. — Foi por uma boa causa. Eu só...

— E o que Ashton e Calum tinham que estar fazendo essas coisas desse tipo de gente na escola? Não é lugar para isso. — Ele estava bem irritado. — Eles sabem que você não pode ficar bravo e fazem isso?

Franzi o cenho. Como assim esse tipo de gente?

— Como assim esse tipo de gente? E eles não fizeram nada, foram os outros meninos.

Ele me olhou pensativo. O que tem de errado no que meus amigos fizeram? As vezes, eu também queria fazer o mesmo, não com meninas, mas com meninos, como eles. Mas eu ainda tenho interesse em meninas. Isso me faz anormal?

— Sabe as coisas que eu disse que garotos não fazem? — Ele pergunta e eu assenti. — Então, não são todos os garotos que fazem o que Calum e Ashton fizeram e só porque fizeram não significa que está certo.

— Então está errado?

Ele me olhou como se resposta fosse óbvia. Para mim não era.

— Digamos que os garotos de verdade não fazem.

— Como assim pai? Ashton é o melhor na luta greco-romana e Calum é o melhor do nosso time de futebol da turma. O que os fazem diferente dos outros meninos?

— Meninos não ficam com meninos. Bom, não todos.

— E se eu quiser ficar com meninos?

— Você não ficaria

— Porque não?

— Porque eu disse que não e pronto. — Eu olhei para meu pai bravo. Ele não devia falar isso dos meus amigos, eu os conhecia desde sempre e como é que isso era errado? Eles estavam bem, era o que mais importava acima de tudo. — Agora vá se trocar. Já que não vai para escola tão cedo, vamos fazer algo que preste pra você não ficar pensando nessas coisas.

E essa foi a última vez que eu me senti aberto para falar com meu pai sobre essas coisas. A minha confidente se tornou a minha mãe.

Abri os olhos e percebo que tremia. Luke ainda estava com a cabeça no meu peito dormindo como se nada o pudesse atingir, usando um dos meus pijamas já que eu me recusei a aceitar que ele usasse um mais infantil do que o de carrinhos.

Não entendi ainda o motivo de ter voltado essa memória logo agora. Eu nem pensava mais nisso, porque lembrar doía tanto quanto a falta que eu sentia deles.  Porém, prova que só por alguém estar morto e você ama-lo, não significa que ele era perfeito.

Então olho novamente para Luke que dormia de maneira tão calma e tão serena que até sentia inveja de seu cérebro saber o que ele sonha.

Não podia, meu cérebro me fazer voltar a anos de culpa e medo agora nesse momento? Não era justo. Ele morreu, ele nunca me odiou, ele nunca...

How to Fix a Broken Heart ~ •Muke• Место, где живут истории. Откройте их для себя