Qualquer coisa que eu tente mudar ou impedir mudaria também o rumo de tudo que estas pessoas já viveram. Seus futuros ficariam por minha conta e risco e isto é demais para mim. Não tenho este direito e não posso. Aqui sou apenas um intruso, um curioso com passagem de volta já compradas, mesmo que não saiba em qual voo devo embarcar.
"Ninguém pode mudar destino algum".
Sem perceber, eu havia sentado na cama do Vincent, encarava o chão apoiando meus braços em minhas próprias pernas. Ela, por sua vez, me encarava quieta. Parecia preocupada e incerta.
- Você... – Ela começou parecendo duvidosa se deveria perguntar-me algo ou apenas deixar-me sozinho com meus pensamentos – Você está bem, Têrrún?
Levantei sem responder-lhe.
Retirei meu colar do pescoço e fui em direção à ela, que deu um passo para trás estranhando a aproximação.
- Fique com meu colar.
Ela franziu os cenhos me encarando com aqueles olhos de luz. Mais pareciam uma das pinturas do Vincent: expressivas e suaves ao mesmo tempo.
Traços de mistério com a sutileza a qual sempre me apaixono.
- Não posso, Têrrún! – Ela negou com a cabeça.
- Fique. É seu e eu fico com isto para nunca me esquecer de você e de tudo que vivi aqui.
Toquei a cabeça sentindo a boina que escondia meus cabelos para trás.
Ela pareceu triste de repente percebendo minha despedida. Mas eu não posso me apegar à ela. Eu preciso voltar para casa. Afinal, não pertenço a este tempo. Mas acho que já está um pouco tarde para falar em desapegos.
Me aproximei sentindo-me melancólico, tocando seu rosto rosado. Meu coração disparou. Mas que bobo! Desta vez, não soube distinguir se isto é um bom ou mau sinal, fosse pelos meus sentimentos ou pelo meu adeus.
Ela encarou-me com seus olhos de lua, em sua mais bela fase.
Afastei seus cabelos longos, preso com uma fita de cetim azul, para o lado pondo meu colar em seu pescoço e vislumbrei na pele alva pontos pequenos e delicados, assim como as estrelas sobre o Ródano.
- Você é diferente, Têrrún. – Ela sussurrou e eu fui me aproximando como se estivesse sendo atraído por um ímã de polo oposto. – Você é algum sonho?
- Talvez você quem seja meu sonho. – Soprei as palavras sentindo sua pele ficar mais quente sob minhas mãos e inclinei-me mirando seus lábios gentis...
A porta escancarou-se e lá venho eu novamente com meus pulos de gato assustado.
- Já sei que atrapalho! – A voz de Vincent retumbou em seu pequeno quarto e as paredes pareceram tremer com as ondas sonoras de sua voz. Ele parecia feliz e seu semblante era reluzente – Tan-dãn!
Ele estirou os braços para a frente nos mostrando suas duas mais recentes telas: Noite estrelada sobre o Ródano, que eu perdi de assisti-lo por estar, bem, vocês sabem, a conversa no terraço foi tão empolgante que lá mesmo eu fiquei, quero dizer, não que eu quisesse ter ficado, bem, onde eu estava mesmo? Ah, sim, suas mais recentes telas. ...E o Quarto em Arles.
Olhei bem para aqueles quadros e minha mente entrou em pane geral.
- Vincent! – Exclamei tão emocionado que desafinei. Ambos me olharam com ares de riso – Mas este é-- Este é o seu quarto!
- Oui!
- Eu não acredito!
- Acredite!
Ela apenas sorria olhando-nos de um para outro.
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Canvas • BTS
Fanfiction[vencedora do Wattys 2020 ] A maior boyband do planeta consegue uma brecha na agitada agenda da turnê para uma exclusivíssima visita noturna ao mais grandioso museu já visto (a maior referência de Arte em sua mais esplêndida essência; acervos e relí...
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