Capítulo 39

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Pov. William

Merda! Porque eu disse isso? Evan vai me matar. Maldição, saio atrás dela, mas me detenho quando ela fecha a porta. De repente escuto a porta da cozinha bater, corro em direção a cozinha e vejo Lara chamando por Alice.

- "Aonde ela está?" - eu pergunto.

- "Ela foi em direção aos estábulos. Ela não parecia nada bem, eu tentei detê-la mas eu não pude." - ela diz.

Chego nos estábulos e vejo que não há nada de estranho. Todos os cavalos estão aqui, inclusive Deusa e Conde. O que ela veio fazer aqui?

Escuto o barulho de coisas caindo e percebo que vem depósito. Caminho até lá, vejo que a luz está acesa, entro devagar tentando encontrar a minha pequena. Escuto o seu choro, mas não tenho nem ideia de onde está vindo.

Continuo caminhando até que vejo os seus sapatos. Ela está sentada de uma maneira muito estranha. Ela está abraçada há algo, como um urso de pelúcia. Sua cabeça e costas estão encostada na parede, seus joelhos estão dobrados quase tocando o braço do urso. O que mais me dói é que ela está chorando muito. Me aproximo dela, toco o seu braço e imediatamente ela fica tensa.

Ela me olha com raiva e posso ver dor em seus olhos, uma dor que eu nem sequer sei como explicar, até de tristeza e raiva. Tento acariciar a sua bochecha, mas ela dá um tapa na minha mão para me afastar. Eu fico surpreso, ela nunca havia me rejeitado dessa maneira.

E o que você esperava? Que ela te aplaudisse pelo o que acaba de acontecer? Você foi um idiota que partiu o seu coração que com muito esforço estava se curando. Não acho que seja necessário que te lembre que ela sofreu muito por culpa de Helena e Aline, ela já teve o suficiente, mas o mais idiota dos idiotas tinha que chutar o balde e falar mais do que devia. - diz meu subconsciente. Eu odeio quando ele tem razão.

- "Alice." - eu a chamo, mas ela não responde. Ela continua chorando e não acho que ela pare logo. - "Pequena, olhe para mim." - tento tocá-la outra vez, mas ela me rejeita novamente.

- "Não... se... aproxime... por... favor." - ela diz em um sussurro.

- "Bebê, eu não queria te dizer. Quem deveria ter feito isso era o seu pai." - eu digo, mas ela nega com a cabeça e chora mais forte.

- "Até... quando... terei... que... suportar... que... me enganem... ou... me machuquem." - ela diz soluçando.

A verdade é que não sei como responder isso porque estou me fazendo essa mesma pergunta.

- "Pequena por favor... vamos para casa... você vai ficar doente... sua roupa está muito molhada." - estou implorando para que ela me escute.

Não quero que ela fique doente, Evan me diz que os seus resfriados são horríveis, que graças aquele bendito episódio sempre provocam febres muito altas em seus resfriados e sempre tem problemas para respirar, se não fosse pelo médico, ela teria morrido.

- "Eu... não... quero... me... deixe... sozinha." - ela diz enquanto chora.

Esse é um choro doloroso, e eu não tenho ideia do que está passando em sua cabeça.

A mesma coisa que você fez há minutos atrás, se trancou em seu mundo de dor e acabou não se dando conta de que acaba de machucar a sua mulher da pior maneira. - diz meu subconsciente.

Maldição, ele nunca se cala!

- "Queria, eu sei que me comportei como um imbecil com você. Descontei em você quando a única coisa que você queria fazer era me dar o seu apoio e cuidar de mim. Não sei o que passava pela minha cabeça quando eu te disse aquele segredo, mas não era a minha intenção. Eu te machuquei e me odeio por isso. Me odeio por fazer você chorar dessa maneira. Isso me lembra dos seus primeiros dias aqui na fazenda e eu não quero que isso se repita. Eu te amo demais para a nos distanciarmos." - eu digo. Não quero que voltarmos a dormir em quartos separados, eu não suportaria isso.

- "Ora ora, jamais em minha vida pensei que meu filho iria implorar para alguém, muito menos para uma bastarda." - minha mãe diz aparecendo em meu campo de visão.

Maravilha, isso era a única coisa que me faltava. Alice volta a chorar e esconde o seu rosto. Seu corpo volta a sacudir violentamente por causa do choro.

- "Saia daqui antes que eu te expulse dessa fazenda." - eu grunhi.

- "Você não pode me expulsar. Essa é a minha casa, eu sou a viúva de George Lawford. Essa fazenda também é minha." - ela grunhiu pra mim.

Me levanto da minha posição e tomo a minha postura de patrão, uma postura que dá medo e intimida. Marisa se dá conta disso, já que ela retrocede dando alguns passos para trás.

- "Vou te dizer apenas uma vez e espero que seja muito claro. Essa não é a sua casa, nada que há nessa casa te pertence. Você perdeu tudo isso por ser estúpida, egocêntrica e materialista. Se não fosse pela minha mulher, vocês estariam dormindo de baixo da chuva, já não me interessa o que vocês façam ou deixam de fazer com suas vidas, mas eu quero que vocês tenham apenas uma certeza, se eu ver você maltratar Alice ou fazer algum simples comentário que seja...esqueça que você tem um filho chamado William Lawford, já que a partir desse dia você estará morta pra mim e agora saía daqui, que eu tenho que arrumar umas coisas com a minha esposa." - ela me olha surpresa mas quando vejo que ela vai responder alguma coisa, eu grito. - "SAIA DAQUI!" - ela obedece e desaparece da minha frente.

Volta para onde Alice está. Ela está na mesma posição que estava antes que a minha mãe viesse atazanar, mas a sua respiração está mais calma. Não há mais espasmos e isso me preocupa.

Me aproximo dela e não há essa sensação de tensão quando a toco. Quando estou a uma distância de uns 20 centímetros, ao tocar nos seus braços sinto que eles estão muito gelados e seu rosto está muito pálido. Sem pensar duas vezes, eu a pego no colo junto com o seu urso e a levo para casa.

Lara está nos esperando com umas toalhas secas e envolve Alice com elas. Subo para o quarto e a coloco deitada na cama com cuidado.

- "Lara, por favor enche a banheira com água quente, Alice está muito gelada e isso está me assustando." - ela assente, mas antes de fazer qualquer coisa, ela para ao lado de Alice.

- "Patrão, é que a patroa está desmaiada. Mas não sei porque ela está tão gelada." - ela vai em direção ao banheiro para fazer o que eu pedi.

Com cuidado eu tiro a sua roupa molhada. Eu a enrolo nas toalhas e a atraío para, um calafrio percorre o meu corpo ao senti-la tão fria.

- "Patrão a banheira está pronta." - ela me diz.

- "Obrigada e por favor que ninguém nos incomode. Lembra-se que estamos isolados e por causa da chuva não tem como um médico chegaram até aqui. Cuide dos outros por favor." - eu digo enquanto caminho em direção do banheiro.

- "Como você quiser patrão." - ela sai do quarto fechando a porta trás dela.

Tiro a toalha de Alice e entro com ela na banheira com roupa e tudo. Não quero que nada aconteça com ela, como ela mesmo disse ela já sofreu demais e não era necessário lhe dar mais uma carga. Tudo culpa minha e da minha boca grande.

Alice se remexe e sua mão agarrar a minha camisa com força. Ela deixa escapar um soluço e as lágrimas escorriam por duas bochechas. Podemos chorar enquanto dormimos? Não tenho ideia.

- "Mamãe." - ela sussurra tão baixinho que até mesmo é difícil para escutar.

Alguns minutos depois saímos da água, enrolo a toalha nela e a levo de volta para a cama. Seco cada parte do seu corpo e coloco uma de minhas camisas nela.

Depois tiro toda a minha roupa molhada, me seco e coloco o meu pijama. Me deito ao lado dela e a atraío mais para perto do meu corpo, pelo menos a sua temperatura corporal aumentou um pouco. Ela se remexe um pouco, em seus braços está o urso de pelúcia e se acomoda.

- "Mamãe." - ela volta a repetir.

Com quem ela está sonhando?
Mas a grande dúvida que está me rondando agora.
Será um sonho ou pesadelo?

Livro 1: Olhares de Amor (COMPLETO)Where stories live. Discover now