Capítulo 10

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Pov. William

- "Não posso, pequena. É impossível deixar Helena sozinha, sem que ela se meta em problemas." - Evan diz.

- "Só por uns dias, por favor." - ela implora.

- "Bebê, você sabe que eu faria qualquer coisa por você, mas o que você está pedindo não posso fazer." - ele diz enquanto limpa as lágrimas de Alice com os seus polegares.

- "Mas..." - ela diz.

- "Mas nada, eu virei te ver todos os dias. Te manterei vigiada, Alice. Você vai comer você goste ou não. Aliás te trouxe algumas roupas. Não é muita coisa, mas é alguma coisa." - ele diz.

- "Dona Rita perguntou por mim?" - ela diz.

- "Sim, ela disse que você fez muita falta no atelier. Ela está com muito trabalho atrasado e lhe faltam mãos de obra." - ele disse sorrindo.

- "Senhor Lawford." - eu fico tenso, merda. Ela está seguindo minhas regras ao pé da letra.

- "Diga." - eu a olho.

- "Quero trabalhar com Dona Rita. Não ache que você se importa com o que eu faço, mas vou precisar de transporte. O atelier fica bem longe da fazenda." - ela diz.

Não gosto que ela saia por aí, mas não posso mantê-la aqui pra sempre, muito menos se eu  continuar tratando assim. Eu a estou machucando.

- "Me deixe ver isso e depois eu te aviso." - talvez eu poderia emprestar um cavalo a ela, assim ela poderia ir e voltar do povoado. Vou pensar melhor nisso.

- "Bom bebê, está na hora de voltar pra casa. Não quero ter que dar mais presente e nem fazer a minha carteira sofrer por causa de Helena. Me acompanha até a saída para se despedir." - Evan leva Alice abraçada até a saída.

Os vejo falar mas não escuto nada. Ele se despede de mim com um aperto de mão, monta no seu cavalo e vai embora.

Vejo que Alice abraça a si mesma. Eu começo a examiná-la e descubro que em seu braço, onde essa manhã a segurei com força há uma série de hematomas, isso aperta o meu coração. Não posso acreditar que eu tenha sido o causador disso.

- "Você vai entrar?" - eu pergunto fazendo ela saltar por um susto.

- "Sim." - ela diz mas não me olha.

Alice dá a volta e passa do meu lado. Seu perfume é fresco e muito delicioso. Sei que sou culpado disso, de seu distanciamento mas tenho que reconhecer que eu não gosto disso, nem um pouquinho.

Pov. Alice

Por mais que eu tenha tentado fazer com que meu pai ficasse, ele não quis. Não quero ficar sozinha nesse lugar. Não sinto como se eu estivesse em casa é mais como uma prisão. Acompanho o meu pai até a saída, mas eu não quero que ele vá embora.

- "Não vai embora." - eu digo.

- "Pequena. É hora de assumir nossos atos. Mas o problema é que você não deveria estar aqui pagando por culpa da sua irmã. Devia ter me negado mas você sabe como é Helena."

- "Eu sei. Eu vou sentir sua falta. Você vai vir amanhã?" - minha voz soa esperançosa.

- "Virei todos os dias." - ele me abraça e eu volto a chorar. Quando termina o abraço , me dá um beijo na testa e limpa as minhas lágrimas. - "Pare de chorar. Se cuida pequena e não deixe de comer." - ele se aproxima do cavalo, antes de se despedir de William, monta no cavalo e vai embora.

Vejo como pouco a pouco a sua imagem vai desaparecendo. Quando meu pai me encontrou na biblioteca, foi como uma lufada de ar. Precisava do seu abraço, seu calor e seu carinho. Eu comecei a chorar em segundos. Quando ele viu os hematomas no meu braço ele se irritou, queria falar com William mas eu o impedi, não queria mais problemas, só queria companhia e ele entendeu isso.

- "Você vai entrar?" - eu me assusto ao ouvir a voz de William.

- "Sim." - eu suspiro e caminho de volta para a casa.

Passo do seu lado sem falar nada e sem olhar para ele. Vou até a cozinha. Preciso de algo quente mas antes de ir, vejo a bolsa que o meu pai trouxe e mudo de opinião. Prefiro tomar um banho e me trocar. Procuro Lara para que me ajude.

- "Lara, como funciona o chuveiro aqui?"

- "Aí garota, enfim você apareceu. Todos nós estávamos preocupados. Todos os trabalhadores estavam te procurando. Aliás você não comeu nada, isso que é o pior. E respondendo a sua pergunta, o banheiro está no quarto, mas o banheiro do quarto em que você escolheu acho que não está funcionando. Você pode usar o ex-quarto da víbora da Aline. Se você quiser posso te mostrar onde é." - ela diz.

- "Sinto ter preocupado e agradeceria muito a sua ajuda." - eu digo.

- "Vamos então." - ela deixa os pratos no escorredor, sai e eu a digo.

Ela me leva até um quarto espaçoso, rústico mas com estilo. Eu gostei embora eu duvido que seja do gosto de Alice.

Coloco a bolsa que o meu pai trouxe no chão e procuro algo para colocar. Escolhi uma lingerie preta, calça jeans preta, uma blusa branca, uma jaqueta preta e umas botas pretas.

Deixo tudo isso em cima de um móvel e começo a tirar a minha roupa. Eu deixo o vestido dobrado no chão. Tiro as minhas roupas íntimas e as deixo em cima do vestido. Desfaço a trança e entro no chuveiro. Pelo menos não há animais frios e bichos estranhos.

Sigo as indicações de Lara e a água fria começa a cair em meu corpo. Não há cortina ou porta para não molhar o resto do banheiro mas eu preciso desse banho.

Continuo tomando banho até que eu escuto a porta se fechando. Enxaguo o meu rosto para tirar o sabão e ver quem é mas quando vejo, não encontro ninguém e está tudo como eu deixei.

Quem terá entrado aqui? Será que erram de quarto?

Termino de tomar banho e me seco. Coloco a minha roupa em menos de dez minutos, tiro um pouco da humidade do meu cabelo e o desembaraço, passo um pouco de brilho labial e desço as escadas para procurar Lara e pedir algo para comer.

Pov. William

Eu não posso mais com isso. Sei que meti o pé até o fundo tratando ela assim. E sei que para me perdoar não será nada fácil, mas preciso remediar isso. Depois de falar um pouco com Evan tenho sérias dúvidas de continuar a minha vingança contra Alice. Procuro Lara para perguntar se qua sabe onde Alice está e ela diz que Alice está tomando banho no antigo quarto da víbora da Aline.

Vou até lá e abro a porta sem pedir pra entrar. Vejo uma roupa dobrada em cima de um móvel branco e do outro lado está o vestido de noiva dobrado junto com a roupa íntima. Escuto como a água caí e ao olhar para o lugar onde vem o som, vejo algo incrível que me deixa sem fala e quente.

Alice está completamente nua. Sua pele brilha quando a água percorre cada centímetro do seu corpo. Ela tem uma bunda redonda, consigo ver a curva dos seus seios e engulo em seco.

É uma deusa.

Continuo abobado observando quando a espuma acaricia suas delicadas curvas. Como eu nunca a vi no povoado? Como não pude me dar conta dessa mulher tão bonita? Onde esteve? Mas todos os meus pensamentos quentes se esfriam ao ver as marcas no seu braço. Odeio a mim mesmo por isso.

Vejo um lenço em cima de toda a roupa que há em uma bolsa e eu pego. Sinto o seu perfume e sei que ele é dela.

Com cuidado, eu saio do quarto e caminho em direção ao meu quarto, para esconder a prova do crime. Se eu não posso tê-la em minha cama, me conformo com o seu perfume. Deixo o lenço em meu closet e desço para pegar algo pra comer.

Livro 1: Olhares de Amor (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora