Capítulo 4

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Pov. Alice

O doutor colocou um comprimido embaixo da língua do meu pai, ele disse que o meu pai estava com a pressão alta mas com isso se sentiria melhor, o médico voltou para sala. No quarto só ficou os meus pais, o senhor Lawford e eu.

- "Onde está Aline?"

Meu Deus do céu, que voz é essa?

Se concentre Alice, não é o momento. - meu subconsciente me repreende.

- "Ela não está." - minha mãe diz.

- "Como assim não está?" - ele pergunta.

- "Foi embora." - eu digo fazendo com que ele crave os seus olhos em mim, um arrepio percorre a minha coluna vertebral de um extremo ao outro. - "Ela não estava preparada para se casar. Entrou em pânico e fugiu. Ela não tinha coragem para dizer isso pra você, por isso tomou essa decisão." - eu menti, não para salvar a minha irmã, mas para salvar o meu pai. Os três me olham com cara de assombro.

- "Quando ela se foi?"

- "Nós não sabemos. Pode ter sido há 10 minutos ou a horas." - meu pai diz.

- "Se não há noiva, não há casamento." - minha mãe disse.

- "Não, hoje eu vou me casar. Não vou ficar mal diante do povo. Me consiga uma esposa, mesmo que seja um casamento falso, entraremos em um acordo."

- "Mas..." - minha mãe tenta falar mas ele a impede.

- "É isso ou a destruição da minha reputação e a destruição da sua família."

Mas que merda ele está falando?

- "Não podemos fazer isso. Não há candidatas." - meu pai diz.

- "Pois estou vendo uma aqui...justamente nesse quarto." - diz enquanto olha pra mim.

- "Não." - diz meu pai, tirando a palavra da minha boca. - "Alice não vai se casar com você. Não tenho nada contra você, só que minha filha tem um problema e sem mim, não iria durar muito." - ele diz.

- "Que problema?" - o senhor Lawford pergunta.

- "Ela não come." - minha mãe diz.

- "O que?" - ele pergunta assombrado.

- "O que você escutou. Alice não come se eu não estou por perto para obrigá-la. Há alguns anos atrás ela quase morreu por conta disso. Desde aquele momento, eu me encarreguei de fazê-la comer e se ela se casar com você, não poderei vigiá-la, já que ela viveria na fazenda." - meu pai responde.

- "Aliás, eu não tenho o mesmo corpo da minha irmã. Ela tem mais curvas do que eu. O vestido ficaria muito grande em mim e a qualquer momento ficaria nua na frente dos outros." -

É sério que você se importa com a porta da roupa, quando estão te obrigando a se casar com um homem que você não conhece? Por favor, Alice! - meu subconsciente me repreende outra vez.

- "Se nota claramente." - o desgraçado día.

- "Evan, é a única coisa que podemos fazer. Enquanto não encontramos Aline ou mais alguém." - minha mãe diz.

- "Eu não sei Helena, só não estou estou seguro de que o senhor Lawford seja adequado para Alice." - diz meu pai com os dentes cerrados.

- "Eu não quero está casada com um homem que eu não amo e muito menos conheço." - eu digo.

- "Está bem." - ele diz enquanto passa o dedo indicador pelo seu lábio inferior. - "O casamento irá durar 1 ano, você viverá na fazenda mas poderá vir ver o seus pais sempre que quiser, o mesmo serve para eles. Você será uma esposa modelo, nada de infidelidade e nada de amantes. Se você cumprir com essas condições durante esse um ano de duração, você receberá uma boa quantia de dinheiro por seus serviços." - eu o olho de boca aberta.

A raiva cresce em cada partícula do meu corpo e eu lhe dou um bofetada em sua bochecha esquerda tão forte que eu a deixo com a marca dos meus dedos. Todos no quarto não acreditam no que acabam de ver.

- "Você me respeita porque eu não sou uma qualquer. E essa coisa de ter amantes não é pra mim, exceto que você considere os livros que eu tanto gosto de ler como amantes. Não é culpa minha a minha irmã ter fugido, eu só estou fazendo isso por minha família, não por você. Por mim, você poderia ir pro inferno." - eu grunhi.

- "Alice!" - minha mãe gritou.

- "Não me peça para ficar calada mãe, quando esse sujeito acabou de me faltar com respeito." - eu digo para minha mãe.

- "Pequena, fica calma." - meu pai diz seriamente, enquanto ele faz um sinal para que eu me aproxime dele, o que eu faço com gosto. - "Senhor Lawford, acho que você se excedeu com as suas palavras. Será melhor você se desculpar."

- "Eu...sinto muito. Não sei o que me aconteceu." - ele diz envergonhado acariciando a bochecha que eu bati.

- "Bom, então o que faremos?" - ela pergunta.

- "Falarei com D. Rita. Ela estava confeccionando um vestido branco do meu tamanho. Ele é formal e com um cinto de pedrarias dá para se passar por um vestido de noiva."

- "Está bem, procure a Lina e pede para ir buscar dona Rita e peça para trazer o vestido e todo o necessário para arrumá-lo para o casamento." - meu pai diz para a minha mãe.

- "Vocês têm no máximo 2 horas, enquanto eu falarei com o juiz e com o padre para mudar os dados. Eu vou precisar dos seus documentos." - ele disse e eu assenti.

Fui rapidamente até o meu quarto, fui até a minha carteira e peguei os meus documentos. Saio do meu quarto e volto para o quarto de Aline e entrego os meus documentos para o senhor Lawford. Ele pega o meus documentos e sai do quarto sem dizer mais nada.

- "Bom, é hora do show. Que vestido você vai usar para a cerimônia civil?" - ela pergunta.

- "Isso." - digo sinalizando o vestido que eu estava usando.

- "Não, não e não. Jamais!" - ela diz.

- "É o meu casamento. Posso usar o que me der vontade." - eu digo.

- "Helena, deixe ela fazer o que quiser. Ela está nos fazendo um favor." - meu pai diz.

- "Você é o culpado por ela se comportar assim. Você sempre deixa ela fazer o que quer e ainda por cima vive defendendo ela. Por hoje eu não vou brigar. Faz o que quiser, como sempre." - ela diz e sai do quarto batendo a porta.

- "Pequena." - meu pai começa.

- "Papai, não comece. É o melhor, para todos. Não quero te ver sofrer por causa da estupidez da minha irmã. Além do mais, um ano passado voando." - digo acariciando a sua bochecha.

- "Você é igual a sua mãe." - diz em um sussurro. Eu o olho assombrada.

- "O que?" - meu pai reage e fica nervoso.

- "Nada pequena. É melhor você terminar de se arrumar. Embora, te olhando não acho que precise mais. A propósito isso é pra você." - ele me entrega uma caixa. Ao abri-los vejo um lindo colar, com uma pedra azul brilhante e tem formato de coração. Eu olho para eles em entender. - "É um presente de alguém muito importante pra mim. É uma pena que ela não esteja mais nesse mundo. Ela ficaria feliz em te conhecer e ver a linda mulher que você se transformou." - ele me dá um sonoro beijo na bochecha e sai do quarto da minha irmã.

O que foi tudo isso?

Acaricio o meu novo colar e devo admitir que eu amei o presente.

Livro 1: Olhares de Amor (COMPLETO)Where stories live. Discover now