Capítulo 16

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Margarida

Hoje era dia de jogo e estava bastante ansiosa para o início da partida apesar de ainda ser de manhã. Isto acontecia-me em todos os jogos, mas ficava sempre com imensa vontade de ver a equipa jogar e de ver o seu enorme talento a ser reconhecido pelos adeptos. É verdade que algumas vezes as coisas não corriam como esperávamos, mas depois desses dias menos bons tínhamos um único dever. Ajudar a equipa a recuperar e anima-la para o jogo seguinte. Isto era o dever não só de todos os que trabalhavam diariamente com os jogadores, mas também o dever de todos os adeptos. Tínhamos que mostrar o nosso apoio incondicional para com a equipa em todos os momentos!
De manhã tinha vindo para o Seixal. Era agora altura de deixar o escritório e de ir ter com os jogadores e com a equipa técnica. Hoje não havia treino propriamente dito. A equipa apenas faria um ligeiro treino, onde se treinavam passes, remates e algumas jogadas importantes, e depois ouviria as últimas recomendações do mister e de toda a equipa técnica.
Antes do almoço íamos para casa, porque um pouco antes das 16:00h tínhamos que estar outra vez no Caixa para irmos para o estádio.
Hoje ainda não tinha estado sozinha com o João, mas já o conhecia demasiado bem para reconhecer o seu nervosismo a léguas. Quando saísse do Seixal ele ia almoçar com os pais e, mais tarde, vinha ter comigo um bocadinho antes de voltarmos para lá.
Depois de ter saído do Caixa estive a almoçar e a fazer umas quantas coisas em casa. Decidi arrumar alguma roupa enquanto ouvia música, isso ajudava-me a relaxar. Ao fim de um bocadinho o João ligou-me.
João- Linda, estou a estacionar podes abrir a porta.
Margarida- Está bem vou já abrir.
Assim que abri a porta fui abraçada imediatamente, nem tive tempo para dizer nada.
João- Estou mais nervoso que sei lá o quê. É um jogo difícil... Abraça-me que assim sinto-me mais calmo.
Margarida- Meu pequenino, não estejas nervoso!
João- Vou ignorar o facto de me teres chamado pequenino quando toda a gente sabe que a pequena aqui és tu.- Disse sorrindo.- O que é que estavas a fazer?
Margarida- Estava ali no quarto a arrumar roupa. Sinto-me mais descontraída assim. Anda!- Entramos no quarto e o João rapidamente se dirigiu para a minha cama.
João- Vou-me deitar na tua cama. Hoje posso porque tenho jogo a seguir e tenho que estar bem.
Margarida- Não precisas de desculpas para te deitares. Sabes que o podes fazer.- Respondi a rir.- Já vou para o teu lado falar um bocadinho, deixa-me só arrumar isto.
João- Ui gosto! Anda já! Deixa a roupa que isso logo se arruma.
Margarida- Vens depois do jogo arrumar?
João- Posso vir, porque isso implica estar contigo mais um bocadinho.- Disse-me sorrindo ao qual eu também retribuí com um sorriso.
Depois de ter arrumado o que estava tirado do sítio, fui me deitar com o menino pequenino que tinha estado a reclamar por não estar a dar nada que ele gostasse na televisão.
Estivemos os dois aconchegados. O João estava meio recostado na cama e eu tinha a cabeça em cima dele para que este me pudesse mexer no cabelo. Os meus braços estavam a rodeá-lo e estávamos muito confortáveis. Ele adorava mexer-me no cabelo e eu adorava que ele o fizesse. Estivemos a falar de assuntos aleatórios durante algum tempo.
Margarida- João, os teus pais e o teu irmão?
João- Estão em casa.- Respondeu-me muito concentrado com o que estávamos a ver no computador.
Margarida- E não ficaram chateados por teres vindo tão cedo?
João- Não! Eu disse-lhes que tinha que fazer uma coisa antes do jogo. O meu irmão é que me perguntou logo se vinha ter contigo, mas acho que os meus pais não ouviram. Se bem que eles não ficavam chateados, o meu pai até ficava contente porque punha-se para lá a imaginar coisas...- Disse rindo.
Margarida- Imagino...
Já se fazia horas de ir andando para o Seixal, portanto decidimos por-nos a caminho. Desta vez levávamos o meu carro, porque não fazia sentido o João estar a vir deixar-me e depois ir para sua casa. O estádio era muito perto da minha casa, em menos de 5 minutos estava lá se fosse a pé, mas se me atrasasse lá depois tinha receio de vir a pé para casa tão tarde.
O caminho do Seixal para o Estádio da Luz era sempre um misto de emoções. Havia jogadores que iam super animados e havia outros que estavam super nervosos e quase que não falavam.
Na chegada ao estádio havia imensas pessoas cá fora que faziam ecoar os cânticos do clube, apesar de também haver alguns adeptos do lado de dentro. No parque de estacionamento estavam sempre imensas pessoas da comunicação social que esperavam tirar a melhor foto de um determinado jogador para amanhã aparecer no jornal.
Assim que saímos do autocarro, os jogadores foram todos com mister e com alguns membros da equipa técnica para uma zona, enquanto que eu e mais uns colegas fomos preparar algumas coisas caso algum jogador se lesionasse.
Desde que tinha chegado ao clube ainda não tinha acontecido nenhuma lesão muito grave e estava extremamente grata por isso. Primeiro, porque isso iria trazer alguns problemas à equipa e a uma pessoa com a qual lido todos os dias e já tenho uma ligação; e em segundo lugar, provavelmente iria ser posta à prova e tinha receio de errar. Claro que se quero ser médica não posso ter estes receios, mas era o meu primeiro trabalho, melhor... estágio, e ainda estava a tirar o curso. Um dia o João esteve a falar comigo e ajudou-me a superar estas inseguranças dizendo que ele e todo o clube confiavam plenamente em mim, por isso não havia razões para receios. Mas eram nestas alturas antes do jogo que todas as inseguranças vinham ao de cima, e isto acontecia não só comigo, mas também com alguns jogadores. A sorte é que eles assim que entravam em campo conseguiam por isso tudo de parte.
Os jogadores estavam prestes a entrar em campo e o mister encontrava-se a dar-lhes a última palmadinha nas costas para os motivar. Eu já tinha estado a sós com o João e já lhe tinha dado o abraço gigante do qual ele tanto gosta, um beijinho e a confissão que ele adorava ouvir "Gosto mesmo muito de ti".
O jogo começou e o Benfica entrou a dominar e a tentar, com sucesso, impor a sua tática. A equipa adversária, com o decorrer do jogo, conseguiu aproximar-se umas quantas vezes da baliza do Vlachodimos mas ainda não tinham conseguido marcar.
Ao fim de uns minutos, numa jogada linda do Benfica, conseguimos chegar à vantagem com um golo apontado pelo João. Desta vez os festejos do golo tinham tido uma pequena alteração. No final do festejo ele fez um coração com as mãos, um código que me tinha dito que faria caso marcasse golo esta noite e o achasse suficientemente bonito tal como eu para mo dedicar (palavras do João). Este rapaz era um espetáculo, era um verdadeiro menino de ouro não só como jogador mas também como pessoa.
Depois do intervalo ambas as equipas entraram sem alterações, no entanto os jogadores adversários continuavam a fazer imensas faltas como se tinha verificado no final da segunda parte. O João já tinha caído algumas vezes, porque se conseguia desmarcar com facilidade e a única maneira de o travarem era em falta. Ambas as equipas já tinham tido oportunidades para marcar, mas apenas o Benfica tinha conseguido concretizar.
Ao fim de uns minutos aconteceu o que muitos temiam...



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