— Você precisa de roupas quentes. — Me puxou pelo braço e eu entrei.
Lá dentro estava como me lembrava desde a última vez que eu fui. Há um mês atrás. O tempo pareceu ter passado rápido.
Ela me disse para ir ao antigo quarto de Calum. Eu já o conhecia muito bem. Muitas vezes Ashton e eu dormimos aqui, muitas noites, eu fui levado para cá em pleno Estado de euforia. A dor emocional tão grande que eu só parava e olhava o vazio.
Olhando assim, depois de tudo que eu vivi e conheci de todos a minha volta, me sinto fraco e ridículo. Não queria, mas o sentimento crescia, conflitando com outro que crescia e me mantinha em constante dúvida. O que é essa ânsia, essa coisa fervendo dentro de mim, sempre que um certo tipo de pensamento passa em minha mente? Porque é tão forte?
Fui até o banheiro e troquei minha roupa por outra muda que eu tinha ali. Ser melhor amigo de Calum e praticamente crescer aqui junto com ele me deu certa mordomia.
Devidamente mais confortável, desci as escadas. Joy estava sentada no sofá, com duas xícaras fumegantes. Me sentei ao seu lado, sabíamos que ainda tínhamos muito do que conversar. Mas talvez não hoje.
— Sinto muito. — Ela disse.
— Calum me falou isso. — Respondi.
— Não queria ter sido rude daquele jeito. — Sua voz era triste. Eu ja estava vacinado contra essa coisa. — Eu só... Eu acho que meu lado mãe sobrepôs ao lado psicóloga.
— Com certeza. — Peguei uma xícara e bebi o conteúdo. Era chá. — Mesmo assim, nada desculpa o que foi dito.
— Eu sei. Eu só não quero que essa situação fique assim. — Ela estava amargurada. — Te considero como um filho meu de sangue. Como o Calum ou a Mali.
— Desde a morte de meus pais, você só serviu para dar sermão no Calum.— Não sabia se era o momento para isso, mas mesmo que estivéssemos falando aquela coisa chata, era confortável. Me fazia esquecer do que eu mais pensava, me fazia ter tempo para respirar sem sentir aquela coisa queimando em mim. — Ele sentiu a diferença, só não quis dizer. Você nos comparava. Ele é seu filho.
Ela me olhava sem saber o que dizer. Eu sei como é. Não é fácil ter que encarar coisas demais, coisas que não queria que fossem jogadas na sua cara.
— Me sinto péssima.
— Somos dois.
Seu cenho ficou franzido.
— Tem a ver com o Luke?
Porque todos tem que falar que meus problemas giram ao redor dele?
— Também.
— Você percebeu o que acontece desde quando começaram a se falar?
Eu fiz uma careta. Todos tinham a mesma conversa. Eu já estava cansado.
— Tive um sonho desgastante, Calum me disse coisas que não saíram da minha cabeça, me sinto um péssimo amigo para o Ashton e um mentiroso. — Disse em um fôlego só. — Só quero respirar sem pensar que vou fazer alguma besteira.
Ela me puxou para um abraço. Sabíamos que por enquanto, ainda não nos falaríamos com antes — culpa minha, mas com razão —, mas sabíamos que eu só era uma criança assustada que estava perdida e ela era a minha tia que me dava um abraço quando eu dormia lá e tinha medo do escuro e Calum roncava ao meu lado. Era disso que eu precisava. Precisava de um abraço.
Deitei a cabeça no colo dela, enquanto ela acariciava a bagunça que era meu cabelo. Caí no sono.
Era um sono simples, tinha tons de cinza e branco, era tranquilo. Infelizmente, eu acordei. Acordei e quase morri de susto.
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How to Fix a Broken Heart ~ •Muke•
FanfictionMichael lida com a perda de seus pais em um acidente de carro enquanto tenta se reconstruir e seguir em frente. É então que ele conhece Luke, um garoto animado e sempre feliz, que esconde uma grande tristeza e dor por debaixo de toda positividade e...
