Capítulo 9

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Sofia não conseguia pensar em nada que a incomodasse mais do que aquela proposta e fê-lo saber com o olhar.

— Nesse caso — replicou Gregory sem se preocupar — insisto em que dancemos — estendeu a mão para ela que novamente o avisou com o olhar. aquele homem não perceberia indiretas?

— Detesto dançar.

— Então a escolha é fácil: ou vamos a um sítio onde possemos falar sem ficar afônicos ou então dançamos.

— Escolha?O que é que te faz pensar que tem Duas escolhas?

— Porque se não fizeres, vou gritar e fazer um escândalo.
Os seus olhos encontraram e Sofia teve vontade de rir perante o seu argumento.

— Por que és tão insistente?

— É genético.

— Há centenas de mulheres que ficaram contentissimas em conversar contigo.

— Centenas é exagerado.

— Então, uma ou duas.

— Obrigado. És o melhor que pode haver para minha vaidade — sorriu-lhe com Encanto devastador e Sofia ruborizou-se. Uma coisa eram os homens que queriam algo dela. John tinha estado a persegui-la toda a noite mas ela sabia como lidar com ele. Outra muito diferente era um homem que despertava algo nela por muito leve que fosse. E Gregory estava na segunda categoria.

— Então? — continuou ele, disposto a não se dar por vencido. — O que é que escolhes? Dançar, um lugar sossegado, ou uma escândalo?

— não há lugares sossegados por aqui — replicou Sofia, e ele aproximou-se para dizer:
— É uma casa grande. Com certeza encontramos algum sítio.
Automaticamente Sofia retrocedeu e olhou para ele.

— Detesto ser mal-educada — declarou — mas estás a entrar no meu espaço privado.

Decidiu que o champanhe a afetara, pois aquilo não lhe pareceu má educação. Pelo contrário, soou-lhe suave e ligeiramente provocante, pelo que franziu a testa.

— Oh, Deus!—gemeu Gregory.—Vou ter que trazer a fita métrica para medir cada vez que te vejo para que não volte a acontecer algo tão terrível.

Agarrou-a pelo cotovelo e Sofia, detestava escândalos,  deixou-se guiar para fora da sala barulhenta.
  Atravessou o vestíbulo e entrou numa das salinhas pequenas onde conversavam os convidados mais velhos, um dos quais dormitava calmamente num cadeirão.

— Aqui — proferiu  Gregory, com satisfação.— Não te disse que podíamos arranjar um sítio mais sossegado?

Sofia começava a desejar ter escolhido dançar. Naquela sala quase vazia sentia-se presa no ambiente demasiado íntimo para o seu gosto. Nada a distraia daquele homem que estava ao seu lado, a não ser o que  restava na sua taça, por isso, bebeu-o compulsivamente, apesar da sua resolução de se manter serena pelo resto do Serão.

—Estás a divertir-te?— inquiriu o Gregory com curiosidade, retirando a taça vazia da sua mão e pousando-a numa mesinha adjacente.
   Sofia encolheu os ombros.

— É mais ou menos o que esperava— declarou fazendo uma pausa e depois continuou— E tu estás a gostar?

—Parecem pessoas muito amáveis.

— Estás a dizer isso porque fariam qualquer coisa para te causar boa impressão?

— Estás outra vez na mesma — abanou a cabeça com impaciência. — Podes parar de te meter comigo cinco minutos ou é algo impossível?
 
   Sofia lembrou-se do que Cat dissera sobre indiferença e tentou que o seu olhar fosse neutral.
— A senhora Simpson é uma mulher agradável — declarou — e é conhecida na povoação pela sua festa anual de Natal.

— Já me contaram — replicou ele olhando a sua volta e bebendo um gole. — É também me contaram que tu és então não és famosa por nunca assistires.

— Como? Tens estado a falar de mim com outras pessoas? — sentiu uma estranha mistura de surpresa e alarme perante a notícia. — Não tens o direito! — acrescentou, contrariada.

— Porque é que não? — Gregory pararade impressionar a sala e olhava diretamente para ela.

— Porque, porque... — Sofia pensou antes de responder — porque não é da tua conta.

— Não devias morar numa povoação tão pequena se valorizas a intimidade— replicou Gregory, sem maior intenção de mudar de conversa. — Todos são assunto dos outros num lugar como este. Tu mesma mo disseste.

— Incomoda-me que tu te metas na minha vida privada.

— Não te faças ilusões, Sofia — dedicou-lhe um olhar irritado e ela peguntou-se porque é que se empenhava em falar com ela se o irritava tanto. — Não estava a meter-me nos teus assuntos. Simplesmente encontrei-me com Sheila Simpson e o tema veio a baila.

Era possível que estivesse a dizer a verdade e, seja como for, não ia passar a noite a discutir, por isso, mudou de tema.

   — Como estão as obras na tua casa? — inquiriu e, contra a sua inicial decisão, permitiu-lhe que enchesse a sua taça, desta vez de vinho branco. Aquilo devolveu-lhe o ânimo.

   — Está tudo a correr bem — replicou Gregory, e apontou para duas cadeiras vazias ao pé da lareira. — Sentamo-nos?

   Sentaram-se e Sofia olhou automaticamente para o seu relógio de pulso. Já passava das onze e meia e não iria chegar a casa à meia noite. Onde estaria Cat metida?
  — Estás com pressa — inquiriu Gregory, e Sofia percebeu que o seu gesto irritara-o.
  — A verdade é que estou — reconheceu. — Receio ter de procurar a Cat dentro de pouco tempo.
  — Eu posso levar-te a casa.
  — Não, obrigada.
  — Porquê?
  — Porque não te quero tirar da festa.
  — Achas que tua amiga está suficientemente sóbria para guiar?
 
     Não tinha pensado nisso, mas de repente,  Sofia compreendeu que era mais do que provável que tivessem de tomar um táxi para voltarem para casa. O que queria dizer que teriam que chamar um táxi, o que seria muito difícil de conseguir, dado que não seriam os únicos convidados com aquele dilema.
    — Será melhor ir-me embora — declarou, secamente,  e levantou-se decididamente a encontrar sua amiga que não reparou que Gregory  a seguira.
    Quando conseguiu encontrar a Cat, percebeu que não havia esperanças da sua amiga a levar para casa. Estava atrás de uma porta, muito vermelha, a ponto de beijar um homem que Sofia nunca vira na sua vida.

Continua....

O Atraente Milionário Where stories live. Discover now