Capítulo 5

40 9 5
                                    

Sofia abriu a boca, surpreendida.
--- Quem pensa que é para me falar dessa maneira?__ a sua voz soou aguda pela sua indignação.
--- O proprietário desta casa é um homem que não suporta as mulheres teimosas que escondem os seus sentimentos.
Sofia olhou atónita para ele.
--- Pode ser que esteja habituado a falar com as mulheres que conhesse dessa maneira, mas eu não...
--- Oh, por favor. É a segunda vez que te vejo e começo a acreditar que nunca conheci ninguém tão teimosa como tu. O que é que te custa deixar essa atitude de dignidade ofendida, deixar de apanhar frio e entrar para ver a casa? Não há perigo, está cheia de operários.
   O seu olhar dizia que mesmo tivesse estado completamente vazia, ela não teria nada que recear dele e Sofia sabia-o.
    Também sabia a imagem que estava a dar. E o que era mais, contava com a sua imagem de provinciana para se defender. Não usava maquilhagem, tinha o cabelo despenteado pelo vento e a roupa escondia as suas curvas. Vestia collants de lã, botas altas e inclusive trazia uma camisa interior térmica e as luvas de lã eram o último toque.
--- Se não incomodo__ declarou Sofia, soando pueril.
--- Não incomodas__ replicou o homem, aproximando-se dela__ caso contrário não te teria convidado.
 
  Sofia encolheu os ombros e olhou para o jardim, perguntando-se se também pensava arranjá-lo. Talvez pensasse colocar uma estátua entre as árvores ou qualquer coisa do gênero.
   Mas claro que estava interessada em ver o interior da casa. Tinha aqui estado em várias ocasiões e ficara triste com o seu abandono.
   Não daria Cat qualquer coisa por aquele privilégio? E acompanhada pelo senhor importante em pessoa.

--- Sorriste --- disse Gregory, ao seu lado, mostrando-lhe que a estava a observar. --- Começava a perguntar-me se saberias fazê-lo.

--- O que queres com isso senhor Wallace?

--- Não achas que está na hora de parar com as formalidades?--- Caminharam pela casa até chegar a uma área onde trabalhavam vários homens. Alguns eram da zona e Sofia cumprimentou-os e parou para conversar com que era conhecido.

--- James,  pode saber-se porque é que nunca trabalhaste com este afinco quando me arranjaste a cozinha?--- Sorriu amplamente segurando o cabelo com uma mão. James tinha a sua idade tinham sido colegas na escola.

--- Não paravas de me oferecer chávenas de chá e fazias-me perder a concentração.--- Riu o homem.--- Como estão Claire e as crianças?

--- Tenho quatro filhos,  assim já não terás de perguntar --- riram novamente.

--- Mentiste-me sobre a tua incapacidade genética --- declarou Gregory, seriamente, quando entraram em casa.

--- De quê estás a falar?

--- És amável com ele, por isso só eu é que te incomodo --- ela parou na porta e olhou à sua volta captando todos os promenores.

   Sofia ignorou o comentário, esqueceu-se dele e começou a passear, surpreendida com as mudanças. Os velhos tapetes tinham desaparecido. O chão de mosaico branco e preto ampliava o vestíbulo. As paredes estavam preparadas, mas ainda sem papel, e a escada central tinha sido reconstruída.

--- Vou mostrar-te tudo--- declarou Gregory, e agarrou-a pelo braço. Com educação, mas com firmeza, Sofia afastou-se.--- Não queria incomodar-te --- proferiu o homem, com um gesto de troça.

--- Não pretendia indicar isso --- replicou Sofia,  friamente, olhando para ele sem pestanejar. --- Prefiro caminhar sozinha.

   O homem proferiu algo inaudível e começou a guiá-la pela obra. A casa era uma mansão vitoriana ampla e algo sinistra. Com gosto impecável e com cuidado pelos pormenores. Já vários quartos estavam acabados e o resto avançava velozmente.

--- Não é muito grande para uma pessoa só?--- inquiriu Sofia, enquanto entravam num salão cuja alegria contrastava com o recurso e decrépito lugar que ela se lembrava. Reconheceu no entanto alguns móveis pertencentes à antiga proprietária,  sem dúvidas demasiado volumosos para caberem na sua nova e mais modesta residência. --- A menos --- continuou Sofia olhando para tudo e reconhecendo  o acerto das mudanças ---que sejas muito ambiciosos em questão de filhos.

--- Oh,  uma dúzia deve chegar ---declarou ele, com seriedade. --- Terei a categoria de ambicioso em relação a filhos?

--- Deves ter a categoria de mentiroso compulsivo com Sofia.

    Gregory riu com vontade e continuou a observá-la, o que não a incomodou. Podia olhar o que quisesse desde que não lhe tocasse. Não se sentia ameaçada por ele olhar para ela com curiosidade, como uma espécie perfeita de rapariga da aldeia. Com certeza ele pensava que a maquilhagem ou o cabeleireiro era um luxo que ninguém conseguiria fora de Londres. Mudaria de opinião quando conhecesse as joias sociais de Ashdown, as meninas residentes e as que vinha aos fins-de-semana.

--- Bom --- comentou, quando voltaram para o vestíbulo.

--- Obrigada pela visita guiada. Foi muito agradável.

--- Porque é que não bebes uma chávena diante de te ires embora?--- e acrescentou como explicação. --- A cozinha foi a primeira coisa que os operários acabaram, como poderás compreender.

--- Gostam de beber chá --- confirmou Sofia, educadamente. Olhou para o seu relógio e declarou que tinha que ir embora.

--- Aonde vais?

--- Como que aonde? --- aquele tempo era impertinente. O que é que lhe importava o que ela tinha para fazer?

--- Vais para a biblioteca?

--- Não --- esteve quase para responder que não era da sua conta,  mas como ele permanecia a olhar para ela à espera de uma resposta, decidiu responder: --- Tenho muitas coisas para fazer em casa.

--- E as tarefas não podem esperar meia hora?--- Começou a avançar para a cozinha e Sofia seguiu-o. Quando chegaram, pareceu-lhe inútil permanecer dez minutos a discutir,  por isso, sentou-se à mesa de madeira e esperou que tu preparasse o chá.

--- Aonde é que moras?--- inquiriu o Gregory sentando-se diante dela. Tinha despido o casaco, mas continuava com um aspecto incongruentes com o fato de executivo na cozinha acabada de arranjar. Tinha tirado os móveis antigos, mas ainda não colocara os novos, fora o fogão e um aparador que mostrava ainda os rastros dos operários: a cafeteira, o pacote de café, o açúcar, o leite tudo em tamanho gigante.

--- Estou à distância justa para ir de bicicleta --- replicou Sofia. --- Como todos os da aldeia.

O Atraente Milionário Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang