— Sério? Estou ouvindo isso do mesmo cara que já implorou para me ter de volta tantas vezes que eu perdi a conta?

— São duas coisas diferentes. Eu te amo e quero passar o resto da minha vida do seu lado, mas não a custo do meu livre arbítrio para tomar decisões que dizem respeito a minha vida.

— Livre arbítrio?! - questionei, chocada. - Você se lembra do dia que me perseguiu até a casa dos meus avós, não lembra?

Eu achava, no mínimo, estranho que ele viesse com esse papo de liberdade e decisões quando se tratava dele, porém se esquecia completamente disso na minha vez.

— Primeiro, eu não te persegui. Só fui atrás alguns dias depois. E segundo, para de virar tudo para o seu lado! Eu já cometi uma infinidade de erros, mas você também, Jess. E eu tô cansado de deixar você tomando as rédeas de tudo relacionado a esse relacionamento e nós dois. Por isso, estou te demitindo.

Não pude conter a risada que seguiu aquela frase.

— Me demitindo? Quando é que você me contratou? Porque temos uns pagamentos atrasados aí...

Ele ignorou as minhas gracinhas.

— Você entendeu. De agora em diante, você não escolhe mais para quais universidades eu me inscrevo, muito menos para quais eu considero ir. Você não me diz mais que horas estudar nem quando descansar. Nós não saímos só quando você quiser. Eu posso me cuidar sozinho.

O encarei por alguns segundos, duvidando completamente daquilo com base em toda a experiência que eu tinha em Thomas Evans. Porém eu também estava cansada de fazer tudo por ele e só receber palavras mal agradecidas em retorno, então decidi deixar que ele se afogasse - metaforicamente, porque fisicamente era algo difícil de acontecer -. Só um pouquinho para que eu voltar com tudo para salvá-lo e, quem sabe, ganhar alguns verdadeiros obrigada aqui e ali.

— Tudo bem. A vida é sua.

Eu sorri. Ele também.

Nenhum de nós tinha ideia do quão mal aquilo iria acabar.


Atualmente

Calor. Era tudo que eu conseguia pensar no momento, calor. E, infelizmente, os graus altíssimos de Los Angeles não tinham nada a ver com aquilo.

Na minha mente, só havia espaço para o toque dele, em todos os lugares, os beijos dele, o sabor dele, ele. Tudo que ele, Thomas Evans, representava. E, ali, ele representava calor, muito calor.

Isto é, até a realidade me puxar fria e duramente para o seu abraço.

— Quer parar de pegar minha comida?! - April brigou, estapeando a mão de Jude para longe do seu prato.

— Custa dividir? Eu não estudo aqui, eles não vão me alimentar.

Discretamente, eu suspirei de frustração, encarando do outro lado da mesa o dono do par de olhos azuis que vinha fazendo minha cabeça girar ultimamente, em todos os sentidos possíveis da palavra. Aquela troca era mais do que suficiente para que eu soubesse que a mente dele estava tomada com as mesmas imagens que vinham atormentando a minha, dia e noite. Os extremos de dor e prazer que o tesão acumulado pode nos dar são realmente incríveis... Com todo respeito.

Nós dois sabíamos que existia um jeito muito simples de tornar aquilo apenas prazeroso, mas o universo parecia ter outros planos. Um hóspede curioso no meu quarto, um bando de garotas afobadas na busca de um objetivo, rapazes que pareciam não conhecer os grandes benefícios de algumas batidas na porta antes de entrar e mais um milhão de coisas que vinham nos impedindo de passar mais que quinze minutos juntos. E quinze minutos nem começavam a cobrir tudo que eu precisava para finalmente dormir em paz.

VERSUSWhere stories live. Discover now