— Minha família também?

Ele ri.

— Aparentemente todas elas estão vindo. Vai ser uma festa e tanto. — Ele estende o copo para eu colocar mais bourbon, e encho até a beira. — Me diga, os italianos são festivos?

— Você sabe que eu não visito eles há anos. 

— Uma pena, pois os russos estão por aí também. Estão comemorando.

Fico confuso. Se os russos estão comemorando, então isso significa que nós automaticamente não estamos.

— O que porra isso quer dizer? Comemorando o quê?

— Não ficou sabendo das boas notícias? Dmitry Stolovich aparentemente tem outra filha. Mais uma herdeira russa para nos fuder. Droga eles não dão descanso. — Steven fez uma careta e me olhou enquanto dava um gole no uísque.

— E daí? é apenas uma garota. Ela não terá nenhum poder.

Era verdade. Nenhuma garota atingia qualquer poder na máfia, seja ela russa ou italiana.

Steven ri amargo.

— Então, escute essa. — Ele se move no sofá até ficar sentado, move a bebida na minha direção com um sorriso no rosto. — a princesinha russa está se casando. Por amor, eu diria.

Revirei os olhos.

— Steven, eu não tenho tempo para fofocas.

Ele ri alto.

— Porra, adivinha só quem é o sortudo! — Ele chegou perto de mim, e começou a empurrar o meu braço como uma criança animada.

Isso me fez sorrir. Steven era completamente animado se tivesse uma garrafa de bebida o acompanhando.

— Ivan Azarov! — Ele grita como se fosse a notícia mais alegre do mundo, porra.

— Merda! — murmuro.

— Nós estamos tão fudidos. — Steven diz, enquanto enche seu copo novamente.

Ivan Azarov era o primogênito de Vladimir Azarov e seu herdeiro.

Vladimir e Dmitry, apesar de ambos fazerem parte da máfia russa, estavam em grupos totalmente diferentes. Suas famílias são rivais a gerações, e se os dois se juntarem, então significa que eles vão parar de se atacarem e mirarem em um único inimigo comum: a máfia italiana.

— Como a porra de Romeu e Julieta. — murmurou Steven, que depois de uns segundos falou: — Você sabia que o irmão de Ivan é gay?

— Todo mundo sabe. — Dou de ombros.

Ivan Azarov tinha dois irmãos gêmeos mais novos: Viktor e Ilya. Ilya era assumidamente gay. O que apesar de ainda ser um tabu para os homens na máfia italiana, na máfia russa eles não pareciam se importar muito.

Eles não pareciam se importar com nada além de dinheiro e poder, de qualquer forma.

Claro, ainda havia uma parte conversadora que depreciava isso, mas ninguém corajoso o suficiente para ofender o filho de Vladimir Azarov.

Se estava tudo bem para Vladimir, então isso era o suficiente para eles também. 

— Você acha que eu devia ficar com ele? — Steven diz, de repente. — Daria um bom Romeu e Julieta, também.

Revirei os olhos, e tomei um gole da bebida enquanto ele começou a divagar.

— Você acha que ele dormiria comigo?

Olhei para seu rosto querendo rir, mas sua expressão era séria, então desfiz meu sorriso.

— Ele colocaria a porra de uma bala na sua testa.

— Ou eu poderia colocar alguma nele, me dê algum crédito aqui. — Ele ignora o copo em sua mão, e toma direto da garrafa, depois de algum tempo ri.  — “Colocar alguma nele”. Isso soou estranho, Chris.

Steven é bisexual e ele não se importava com quem soubesse disso.

Ele é britânico, sem qualquer descendência italiana, e havia entrado na máfia por causa de seu pai, um parceiro de Evan. Steven simplesmente não dava a mínima para qualquer regra inventada pelos italianos.

Ele fazia seu trabalho, que era respeitado em nosso mundo, e no final do dia vivia sua vida como qualquer outra pessoa normal.

— O que Evan acha disso tudo? — Perguntei.

— De eu trepar com Ilya? — ele estreitou os olhos, confuso. 

Às vezes, eu gostaria de colocar uma bala na testa dele, também.

— De Stolovich e Azarov.

— Eu não sei. Provavelmente, como todos nós, ele está rezando para que eles se matem antes de formar uma aliança.

— Você acha que dará certo? Essa aliança?

— Eu espero que não. Seja lá qual for a decisão deles, se não for um massacre entre eles, vai ser um massacre em nós. — Ele respirou fundo.

— Você acha?

Steven me olhou nos olhos, e sua íris estava em uma escuridão irreconhecível.

— Eu tenho certeza. — disse, antes de beber novamente.

— Seria estupidez demais.

Eu estava apenas na defensiva, todos nós sabemos como os russos conseguem ser insanos pra caralho. O mesmo frio que cobre a Rússia por séculos, é o mesmo frio que corre nas veias dos bastardos. Eles simplesmente nascem assim.

“Alemães perderam a guerra porque não conseguiram aguentar o frio externo que nós, russos, estávamos acostumados. Mas os que malditos nazistas não sabiam é que o frio dentro de nós é maior. Muito maior”, Vladimir Azarov uma vez tinha dito para Evan, enquanto arrancava o globo ocular de um traidor dele. Ele fazia com uma tranquilidade muito perigosa. Ele podia ter colocado algo na boca do homem, mas ele não quis. Vladimir Azarov gostava de ouvir os gritos das suas vítimas.

Eu tinha 15 anos, na época, e fiz uma promessa de nunca atravessar o caminho desse homem.

— Eles vão primeiro tomar o território de Dylan, — Steven começou a falar para ninguém específico, como se estivesse pensando alto. — É mais lógico, tem pouca proteção e faz mais sentido do que invadir qualquer território do Reino Unido.

Dylan tinha tomado o território de todo Novo México e Texas a dois anos atrás. Um lugar onde antes era comandado pela máfia mexicana, agora pertencia ao meu irmão. Mas apesar de cada pedaço da América pertencer a alguma máfia, o grupo de Evan não tinha nada além daquilo. Era um poder muito pequeno comparado à união de duas máfias russas juntas.

— Porra. — Bebi a minha bebida inteira em um gole só.

— Como esses dois fizeram isso? Juntar Stolovich e Azarov?

Balancei a cabeça negativamente.

— Como você disse... — Olhei para Steven e dei de ombros. — É amor.

Steven então balançou a garrafa em minha direção, eu estendi o copo e ele encheu-o.

— Então, um brinde ao amor! — Ele levantou a garrafa de uísque e encostei o copo na garrafa, os vidros fazendo um som exagerado. — Essa porra vai nos fuder.

Distraidamente, olhei em direção a porta, pensando no que Emma estaria fazendo agora.

Quando levo o copo na minha boca, sinto o cheiro dos seus sucos nos meus dedos, e meu pau fica duro apenas com lembrança do quanto ela estava apertada ao redor deles.

Essa garota vai ser a minha ruína.





Primeiro de tudo:
MUITO obrigada pelos 170K de leituras!!! Que venha os 180, 190, 200, 1 milhão ... kkkkk enfim, OBRIGADA!!!

Segundo:
como uma mulher bissexual, eu SEMPRE farei personagens bissexuais e LGBTQUIA+   :)

Capítulo novo no domingo(😈), e deixem estrelinha, isso ajuda muito!!!

Submissa - O Destino Tem Outros PlanosWhere stories live. Discover now