capítulo 28

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Emma.


Meus olhos pesavam por causa do sono, mas o pânico dentro de mim me impedia de fazer qualquer coisa além de encarar a porta de entrada.

Já fazia algumas horas, devia ser de madrugada, e não havia qualquer notícia de Chris.

Um médico veio e limpou as feridas no meu braço causadas pelo vidro destruído. Ele teve que retirar alguns pedaços que tinham entrado na minha pele e costurar. Eu gostei da dor enquanto ele perfurava a agulha na minha carne porque me fez parar de pensar em Chris por alguns minutos.

Quando ele envolve os ferimentos e a dor diminui, minha mente volta aos pensamentos de balas voando perto do meu corpo e do corpo de Chris.

Meu peito queima ainda mais toda vez que cada minuto passa e ele não atravessa a porta à minha frente.

Talvez aconteceu alguma coisa…

Talvez ele…

Não!

Nada aconteceu.

Ele vai chegar a qualquer momento.

Ele me prometeu.

Respiro fundo várias vezes para me impedir de entrar em pânico, de novo.

Ouço o som de algo lá fora, um carro entrando talvez.

Meu peito se enche de esperança e eu suspiro aliviada quando a primeira coisa que vejo são seus cachos loiros atravessarem a entrada.

Chris tem uma mancha de sangue no seu rosto. Seus olhos estão cansados e com uma expressão dura. Ele não olha para mim quando murmura:

— Você não devia estar acordada.

Estreito os olhos.

— Você estava demorando. Fiquei preocupada.

Ele não fala nada e continua parado em frente a porta. Um silêncio preenche o cômodo e nós dois nos encaramos durante algum tempo, tentando se comunicar sem palavras.

Caminho lentamente até ele.

Chegando perto o suficiente, noto a mancha vermelha em seu abdômen.

— Está sangrando… — Movo minha mão até o local, mas Chris me interrompe, segurando meu pulso.

Encaro seu rosto, mas seus olhos estão firmes nos curativos dos meus braços.

— Os vidros me cortaram enquanto eu tentava entrar na casa. — Explico.

Chris libera seu aperto e vira seu rosto para longe dos meus ferimentos. Ele morde seu lábio e parece inquieto.

— Eu não devia ter colocado você nisso.

Há um silêncio. 

— Sinto muito. — Completa, finalmente me encarando.

Suas palavras ecoam nos meus ouvidos e percebo agora porque ele está assim.

Ele se sente culpado.

Afinal, talvez fosse.

Eu jamais estaria em meio a um tiroteio se não fosse por ele. Minha vida não estaria em risco se não fosse por ele.

Silêncio.

Posso ouvir o “tique taque” do relógio da cozinha alguns metros dali.

Tento esfregar as mãos nos meus braços por causa da noite fria, mas os ferimentos recém fechados queimam em protesto. Faço uma careta de dor, e Chris nota.

Submissa - O Destino Tem Outros Planosحيث تعيش القصص. اكتشف الآن