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Terça-feira — Noite do sonho
O domingo foi marcado por um dia todo de jogos, Calum me perguntando se eu falaria com a mãe dele, coisas normais. Dizendo ele, ela se arrependeu do que fez, do que me disse naquela noite, mas eu não posso me dar ao luxo de aceitar assim tão fácil. Não consegui esquecer aquelas palavras e a forma que foram ditas para engolir meu orgulho e fingir que sinto muito por falar o que acho.
Não estou pronto pra fingir.
Na segunda, eu escrevi sobre vozes ecoando na minha mente, pois foi o que eu mais ouvia desde o momento que saí do hospital. Acho que estou indo para um bom caminho, já que de certa forma estou expressando o que sinto.
A aula foi longa e eu não cantei mais depois daquele dia. Porém, Luke não me deixou esquecer do quanto queria ouvir minha voz novamente. Eu simplesmente ri dele.
Nesse dia, terça, acordei suado e assustado. Meu sonho da quarta passada se repetiu e novamente eu ouvia os gritos de Ashton. Quando me olhava no espelho, novamente via o menino que não era eu. Aquilo estava me enlouquecendo.
Durante a manhã, eu não tinha aula, então fiquei a manhã toda ao lado de Jack e Luke, que pareciam ainda não estarem se falando. Nada de novo no entanto.
As horas iam passando e eu ficava cada segundo mais com uma dúvida na cabeça. Como era a infância de Luke? Como fisicamente ele se parecia? Porque eu tenho a impressão de que sei como era?
Então, de forma inédita, depois de minutos a fio de puro silêncio por conta de Jack odiar as sessões do Luke de me irritar, eu quebro o silêncio.
— Luke.
— Mike. — Ele sorriu.
Eu engoli em seco.
— Eu tenho uma pergunta.
— Ué, então pode fazer.
Respirei fundo e pensei em qual das minhas milhões de perguntas faria nesse momento. Eu podia perguntar tanta coisa...
Porém uma coisa veio em minha mente de última hora. Poderia ser evasivo, mas eu queria saber e qualquer coisa, eu me desculpava.
— Vai ser meio evasivo, mas, o que aconteceu com a sua mãe?
Eu pude sentir ele parando de respirar por um tempo. Parecia que tudo a nossa volta havia parado, e só havia eu e um Luke incomodado, talvez triste, pensativo e claramente irritado.
— Não acho que valha a pena falar disso. — Foi a primeira vez que ele se dirigiu a mim com um tom de voz frio.
— Eu não queria ofender, eu só...
— Ficou curioso. Eu já sei. — Sei que fui curioso, que foi evasivo, mas eu já disse que não tinha a intenção de ofender, mas ele continua falando como se eu fosse um nada invisível. — Como sempre, você vive querendo saber de tudo.
Franzi o cenho. Não havia necessidade alguma pra essa irritação. Ele podia simplesmente ter dito "Mike, eu não me sinto a vontade com esse assunto, a gente pode não falar disso?" Mas não, vamos pelo jeito difícil.
— Eu não perguntei por mal. — Tentei me defender. — Só passou pela minha cabeça. Não era a minha intenção te irritar.
— Você nunca tem.
Eu podia sentir o sangue correr quente em minhas veias e a minha respiração pesar. Eu vou lutar contra a raiva crescente em mim, eu posso, eu vou.
— Certo. — Eu falei depois de uns minutos olhando bem nos seus olhos. Tristes, como eu imaginava. — A culpa foi minha, eu não devia falar nada disso. — Disse sério, frio, simples. Não ia prolongar.
Acho que isso fez alguma coisa acordar dentro dele, porque ele logo arregalou os olhos e se virou para mim novamente.
Saí de perto dele e fui pegar as minhas coisas. Ele chegou a me chamar, mas eu simplesmente fingi não ouvir por já estar na cozinha. Jack passou por mim e foi até ao balcão onde o irmão estava. Se eu não tivesse vergonha na cara, eu ouviria atrás da porta, mas eu não vou ouvir.
Guardei o avental no armário e peguei minha mochila e alguns livros que estavam lá. Eu tinha muito o que estudar, isso me dava mais desânimo.
Assim que eu saía com a mochila nas costas, eu pude ouvir o fim da conversa.
— A culpa é sua, Luke. — Jack dizia irritado. — A culpa é toda sua por achar que tudo pode dar certo, a maior prova do seu erro foi o que aconteceu.
— Você pode parar com isso? Eu não fiz nada. — Seu rosto estava vermelho de puro ódio, mas dessa vez eles falavam baixo.
— Quer continuar com esse joguinho de herói dos fracos e órfãos, vá em frente, mas depois, quando ele se for como todos foram, não venha reclamar.
Eu não sei a o quê eles se referiam, mas eu também não queria saber de nada disso. Só queria ir pra casa terminar de ler e dormir, ou falar com Ashton. Isso não saiu da minha cabeça.
O problema foi que eu fui para trás e acabei tropeçando em algumas coisas que fizerem muito barulho. Luke foi o primeiro a aparecer no meu campo de visão enquanto eu estava agachado arrumando as coisas.
— Está tudo bem? — Sua voz voltava a ser atenciosa. — Você está pálido.
— Estou sim. — Mentiroso, você está morrendo de medo. — Eu tenho que ir. Eu... Eu tenho trabalhos pra terminar e tenho que estudar pra um teste que tem hoje e então...
— Mike? — Sua mão sinalizava para eu parar de tagarelar. — Tudo bem.
— Tudo bem. — Repeti.
Antes que Luke falasse alguma coisa, e eu sei que ele ia falar, já que ele estava prestes a fazer isso, eu me levantei, puxei a mochila mais pra mim e passei por ele antes mesmo de ouvir seu pedido de desculpas. Ele não precisava disso.
Bati de frente com um Jack que me olhava pensativo, mas eu também não liguei para isso, só sai dali e fui para o primeiro lugar que veio em mente: casa de Ashton.
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Parece que alguém acabou fazendo ao invés de dois capítulos retrógrados, teve de ser três.
Mas como vocês estão?
Enfim, espero que tenham gostado, eu particularmente amei fazer a primeira parte do capítulo, a parte do Mike cantando. Eu queria ter narrado a musica de ninar mas eu não sei que tipo de música é tradicional lá e não acho que "nana neném" seja, então eu não narrei a musica, mesmo de início eu queria que fosse safe and sound.
Então é isso, Obrigada, eu amo vocês e agradeço por tudo, Obrigada mesmo.
Até a próxima<3
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How to Fix a Broken Heart ~ •Muke•
FanfictionMichael lida com a perda de seus pais em um acidente de carro enquanto tenta se reconstruir e seguir em frente. É então que ele conhece Luke, um garoto animado e sempre feliz, que esconde uma grande tristeza e dor por debaixo de toda positividade e...
