Último Ano-Capítulo 22

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Não dormir com Eloísa apesar de querer muito e ela também, mas eu tinha que está de plantão meia-noite, tirando assim a nossa possibilidade de passarmos a noite “dormindo”. Fui para minha casa me sentindo estranhamente feliz,( risos) tomei um banho gostoso e relaxante bem demorado — não estava me importando de chegar atrasada pelo menos uma vez na vida — (risos) queria apenas aproveitar aquela água morna caindo sobre meu corpo.

                            ---

Depois de um plantão de vinte e quatro horas eu só queria chegar logo em casa e dormir, dormir o período da manhã toda e a tarde também se bobear, ao passar pela casa ao lado, não deixei de olhar, eu sempre olho aquela casa dos muros amarelos e portões cinzas desde quando me mudei para a casa ao lado dela.

Tomei um banho rápido, fiz um suco de maracujá e um misto quente com bastante queijo para não me deitar de estômago vazio, quando estava no melhor do sono o toque incessantemente da campainha me desperta, me fazendo levantar  esbravejando e amaldiçoando o/a infeliz que me atrapalhou o descanso.

— Oi Sam, desculpa vir assim na hora do almoço, mas precisava saber sobre minha mulher, quase duas semanas se passou e ela me ignora completamente, não responde nenhuma das mensagens, ignora as ligações... —

— Imagina Abraão, estou aqui sempre que precisar, a qualquer hora e a qualquer momento, amigos é para essas coisas.—

  Convidei ele para entrar olhando o relógio e me dando conta que já era quase uma da tarde, perguntei se o mesmo já tinha almoçado o qual respondeu que sim, sentamos no sofá e ele começou a desabafar dizendo o quanto estava sofrendo, o quanto sentia falta da esposa, que sem ela não se sentia mais o mesmo, usou até do drama de dizer que estava mais magro— eu particularmente não vi diferença nenhuma, continuava parecendo um leitão. —(risos)

— Eu estou tentando Abraão, mas a Eloísa está irredutível, não quer nem que toque no seu nome.—

Falei com a mão em cima da dele tentando reconfortar com um afago, ele levou a outra mão no rosto visivelmente preocupado e abatido.

— Eu não sei o que fazer, não quero perde minha esposa.

— A gente vai encontrar uma solução, espera essa raiva dela passar.—

Conversamos outras trivialidades, ele perguntou como estava Milena e Miguel eu disse que os dois estavam cada dia mais apaixonados.

  Olhar ele alí me fez lembrar que eu precisava emprestar o dinheiro que Eloísa precisava para quitar a dívida do seu cartão de crédito, e claro, fiz questão de soltar isso para ele na tentativa de faze-lo se sentir culpado, e funcionou, a teoria de que a mentira várias vezes contada se tornava verdade era real, ver Abraão alí na minha frente desconfortável, triste, constrangido e culpado por algo que não fez era a prova viva dessa teoria. É isso que acontece quando a gente quebra a confiança de alguém, quando precisamos do apoio não temos mais credibilidade pois desvalorizamos por alguma bobagem.

Ao me despedir dele, no portão de casa vimos Eloísa chegando da escola, aquilo era algo que eu não queria, ela nos olhou de relancei, entrou na garagem e não ousou mais olhar para nós, fazendo Abraão se entristecer mais ainda, porém, ir atrás dela apesar de eu dizer que não era uma boa hora que esperasse mais um pouco.
  Eu ainda cheguei a ouvir ela mandando ele ir embora, porém, ele não saiu, ele ficou lá por bastante tempo, algo que me incomodou demais, por que Eloísa estava a tanto tempo dando trela para ele? Eu nem me liguei em tentar dormir novamente, esperei alguns minutos passar e segui em direção a casa ao lado.

— Olá?—

Eloísa me olhou com uma xícara de café levando até a boca, depois de dar um generoso gole, ela disse um oi entristecido!

— Vim ver se está tudo bem, Abraão ainda está aqui? Ele foi atrás de mim para saber de você… —

Ela sorriu sem jeito para mim.

— É estranho falar com você sobre isso, pelo que andou acontecendo com a gente, Samantha.—

— Imagina Eloísa, esqueceu que tudo que rolar entre a gente não precisa ser lembrado depois?—

— Você consegue não lembrar?—

Sorri para ela colocando minha mão em sua coxa, confessando que não, mas que sabia conduzir a situação perfeitamente.

— Eu estou confusa Samantha, apesar de tudo eu e Abraão somos casados a tantos anos, criamos quatro filhos, temos uma longa história, acho que não estou preparada para ser uma professora divorciada praticamente na terceira idade—

— Nossa Eloísa, o jeito que você falou parece até que já está na casa dos cinquenta.—

Ela sorriu, mas logo voltou a tensionar a face, demonstrando um certo constrangimento.

— Eu acho que vou dar mais uma chance para Abraão...—

Por dentro eu estava feito brasa, estava com vontade de gritar quebrar tudo de tanto ódio que estava sentindo, mas tentei me segurar, não poderia demonstrar fraqueza, sorri para ela a puxando para um abraço.

— Segue teu coração, Eloísa, sou sua amiga e estou aqui para te apoiar sempre, em todas as tuas decisões. —

— Eu voltando com ele significa que não podemos continuar com esse tipo de amizade que estamos tendo Samantha.—

  Passei as mãos nos cabelos pretos e brilhosos dela, fazendo carinho, lhe beijei a cabeça e sussurrei que era uma pena, porque ela é muito gostosa, ela sorriu e me deu um tapinha no braço.

— Bem, eu preciso voltar para casa, e amanhã você vai ter que faltar no trabalho para irmos ao banco.—

Ela me olhou admirada e me deu um sorriso singelo, dizendo que eu era incrível.

— Até amanhã, Eloísa!—

— Até amanhã Samantha. —

Cheguei em casa meus olhos estavam ardendo, mesmo sem minha permissão as lágrimas estavam caindo sobre minha face e eu nem sabia ao certo porque estava chorando —que ódio que eu estava sentindo daquele porco do Abraão— aquele infeliz sempre estragava tudo desde sempre, como ela pôde preferir ele do quê eu? Eu sou linda, estou linda e ele velho, gordo, feio e ainda trai ela... tem mulher que nasceu com missão de ser corna mansa mesmo. Mas isso não vai ficar assim, isso não vai atrapalhar a minha vingança jamais.

Último Ano [Professora e aluna]Where stories live. Discover now