Último Ano-Capítulo 12

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     Depois de combinar com Douglas o horário e ele ficar de repassar para os outros, também fui para meu quarto tomar um bom banho relaxante, sai renovada de dentro do banheiro, enquanto passava o hidratante pelo corpo, fui indo a passos lentos para frente do espelho, sorri satisfeita com a mulher que vi alí na minha frente, pele bronzeada de praia, cintura fina, barriga definida, seios do meu sonho, mesmo que para ter-los, gastei oito "pilas", passei dez anos cuidando de mim, para ter um corpo perfeito, meu nariz que a muitos anos me incomodava também foi alvo dos bisturis, (risos), lábios agora um pouco mais carnudos graças ao ácido hialurônico, virei-me de lado ainda passando hidratante agora no cotovelo, bumbum grande, efeito da academia e sorri, realmente agora me agrada olhar-me no espelho. Pensei na possibilidade da professora Eloísa me reconhecer, bem, acho que seja muito difícil, estou muito diferente do que era antes, tudo que ela disse que eu não tinha, agora eu tenho.
Ainda com as roupas na mala pelo chão do quarto, fiquei procurando algo acessível e aceitável para usar a noite e que não precisasse passar, um vestido de cubinho preto de alcinha, voilá, perfeito! Vesti uma calcinha de renda também na cor preta, e deixei o vestido deslizar para se encaixar perfeitamente em meu corpo, realçando minha curvas, me olhei no espelho, soltei os cabelos agora num tom "cenoura" abaixo dos ombros, passei base para esconder algumas pouca imperfeições que tinha na minha pele facil, batom na cor vinho, e algo que a Alice gostava antes que ainda levo comigo, o deliniado bem puxado. (Risos)

- Uaaaau, ainda me pergunto como aquela magrela se tornou esse mulherão.-

- Engraçadinho, você sabe muito bem como, aliás foi o que também te motivo a ficar esse morenão musculoso, com esse rosto harmonicamente "natural".-

-  Tão natural quanto a luz do dia, mas vem cá, vamos de quê Alice?-

Olhei séria para ele através do espelho, ele se tocou o porque naquele meu olhar reprovador.

- Saaaam, desculpa, vou me policiar mais, prometo.-

- Miguel, essa é uma boa oportunidade para você ir a casa ao lado pedir o contato da central de taxi ou de algum taxista.-

- Não é mais fácil baixar o aplicativo uber?-

- Miguel...-

- Ok, vou lá. -

-Ei mocinho, jogue todo seu charme em cima da Milena caso a veja por lá lembre-se, mesmo ela tendo namorado, você tem que fazer-la ser sua namorada. -

     Disse para ele enquanto ele estava de saída do meu quarto, coloquei meu solto preto e fiquei andando para lá e para cá aguardando a volta de Matheus/Miguel, quinze minutos se passaram e nada, meia hora e nada, recebi mensagens dos meninos, já estavam no bar, peguei minha clutch vermelha, tranquei a porta de casa e dirigi até a casa ao lado, meu coração estava acelerado, por um momento senti aquele frio na barriga ao tocar a campainha.

- Miguel ainda está por aí? ele disse que viria ver se vocês tinham número de algum taxi.-

    Foi o que eu consegui falar ainda nervosa ao ficar cara a cara com a professora Eloísa depois de dez anos, dez anos,  e ela estava tão perfeita ainda, cabelos agora tão escuros quantos seus olhos jabuticaba aposto todas as minha fichas que ela os pinta de preto azulado, sua pele mostrando que o tempo se fez presente e mesmo assim ainda era tão branca e linda, ah e aquele queixo quadrado sobrancelha perfeitamente arqueadas, aquele ar de dona de sí e do mundo ainda me fascinava.

- Sim está, meu nome é Eloísa prazer...?-

- O meu é Samantha,  o prazer é todo meu, Eloísa.-

   Ela ficou me encarando com uma das sobrancelhas arqueadas, como se tivesse desligada do agora e estivesse presa em seus pensamentos, porém ainda assim me observando.

- Você poderia chamar ele para mim?-

- Oh, claro, entre, ele já pediu o taxi, é seu esposo?-

- Não, não, (risos) Miguel é meu irmão. -

- Mas vocês não se parecem em nada.-

- É... somos a perfeita amostra da mestiçagem brasileira, aquela mistura genética sabe?-

- Claro, avós negros ou pai?-

- Por parte de pai, e avós brancos por parte materno.-

-Miguel, você demorou, vim saber se tinham te sequestrado.- (risos)

Miguel me olhos com os olhos arregalados, ele não imaginava que eu iria aparecer alí, já que nossos planos para eu ficar cara a cara com Eloísa era outro.

- Sente-se querida.-

- Sua namorada Miguel?-

   Sorri ao ouvir a pergunta de Milena toda interessada no estado cívil do meu irmãozinho.

- Ah não, essa princesa linda é minha irmã.-

   Ela olhou aliviada para mim, disse que era um prazer me conhecer, Eloísa disse que faria um café e eu me propus a ajudar-la, a segui, precisava me mostrar uma pessoa prestativa.

- Você tem outros filhos Eloísa?-

- Tenho mais três, três na faculdade e um no colegial.-

- Nossa, você tem um corpo maravilhoso, se me contasse não acreditaria que tens quatro filhos.-

- Oh não, gerados no meu ventre são só dois, Milena e Pedro, os outros dois são do primeiro casamento do meu esposo, mas obrigada pelo elógio.-

- Casada é claro, uma dama linda como você,  só poderia ser comprometida.-

  Ela me olhou com meio sorriso e até um pouco surpresa com minhas palavras...

Mal levamos a xícara na boca e o taxi chegou, nos despedimos ouvindo as boas vindas das duas, e saímos.
Dentro do taxi Matheus me questinou querendo saber o que significava aquilo.

- Só queria saber se ela me reconheceria.-

- Ok, mas na próxima vez me deixa a pá das suas decisões. -

- Desculpas maninho.-

Os "meninos" tinham crescidos mas não amadurecido, a tese de que mulher sempre é mais adulta que os homens se comprovou quando me viram e fizeram uma roda se entrelaçando seus braços comigo no meio e ficaram gritando enquanto davam boas vindas novamente. Não deu para matar a saudade o tempo foi pouco, mas conversamos por bastante tempo, eu cogitei não contar a eles que eu estava morando ao lado da professora Eloísa e que agora para ela eu seria Samantha, e quando eles tivessem em casa seria assim que deveriam me chamar, eles acharam isso uma loucura, me alertaram, mas mesmo assim ficaram do meu lado, eles sempre ficam, perguntei sobre as famílias deles, relembramos tanta coisa, e de volta para casa lembrei o quanto a professora Eloísa estava errada em dizer que eles não tinham futuro e eram péssimas companhias, eles foram meu alicerce, meu porto seguro, a melhor coisa que me aconteceu naquele último ano.

Último Ano [Professora e aluna]Where stories live. Discover now