Ele ficou branco. Acabei rindo.

— Está de bom humor hoje... O que andou acontecendo noite passada?

— Eu não vi a sua cara de Barbie por isso que eu tô feliz. — Eu ri da forma que ele franziu seu nariz perfeitinho quando um espirro se fez presente.

— Não quero saber, tira esse casaco.

— Vou usar o quê? Porque se você não percebeu mesmo com o aquecedor aqui está frio.

Ele revirou os olhos.

Quando dei por mim, ele tava lutando comigo pra tirar meu casaco. Ele só conseguiu porque eu escorreguei quando ia fugir dele, aí ele pulou em cima de mim e tirou meu casaco. Ridículo.

— Morreu por tirar o casaco?

— Meu orgulho sim.

Ele revirou os olhos de novo e pegou algo no meio das suas coisas, então me entregou um casaco parecido com o que eu estava usando. Mas esse era dele. Era seco e tinha o perfume dele, estava tão forte que eu sentia de longe e quase espirro de novo.

— Muito melhor do que aquele outro.

— Eu vou ficar cheirando a Luke o dia todo — Reclamei.

—Melhor ainda, porque quando me devolver ele vai cheirar a Mike.

Eu o olhei sem sabe o que falar. Cheguei a abrir a boca, mas nada saiu. Luke simplesmente se aproximou e beijou minha testa. Eu fiquei mais chocado.

— De nada anjo, agora você não vai morrer de frio.

Eu ia falar algo mas depois de toda essa cena, eu simplesmente desisti e fui trabalhar.

****


Resumo do dia no trabalho: Calum me irritou o dia todo falando que eu parecia mais infantil usando as roupas tamanho enorme da girafa do Luke. Ele não usa tamanho de gente mais cheia, mas o filho da mãe parece parente de gigante.

Toda essa cena do meu amigo, rendeu várias cenas de um Luke convencido, ou até mesmo sem graça. Se eu fosse ele, ficava na minha porque ele não tem direito nenhum de ficar com vergonha, sendo ele que da em cima das pessoas a cada dois segundos.

Na volta, Hemmings insistiu que me acompanharia. Foi uma discussão gigante porque eu disse que não ia no carro dele e ele disse que não ia me deixar só na chuva.

Acabou que fomos os dois andando e ele me forçando a dividir o guarda chuva com ele.

Eu até queria ir no guarda chuva, mas eu sou mais orgulhoso e já não bastava usar o casaco dele — que era mais quente que o meu, mas não vem ao caso —, ainda tinha que andar espremido com ele embaixo de um guarda-chuva.

— Mike? — Ele disse depois de um longo tempo de silêncio. Para mim era mais do que confortável não falar nada, mas parece que para ele não era assim.

— O que foi?

— Você falou com o Calum sobre o que a mãe dele te disse?

Eu franzi o cenho.

— Não, porque?

— Nada, é que eu sinto que de certa forma, ele está sem jeito. — Sua voz era quase coberta pelas gotas da chuva batendo no guarda chuva. — Digo, você acha que ela falou algo a ele?

— Ela sempre fala. Ela sempre o compara ou nos compara. — Falei pensativo, saiu mais involuntariamente essa fala. — Não sei.

— Sabe, eu gosto da amizade de vocês. — Ele soou sincero. — Parece mais como irmãos do que realmente amigos. Eu acho isso legal.

— Fomos praticamente criados juntos, isso acontece. — Falei sem nem perceber. Isso me fez pensar que talvez ele não tivesse tido nada disso. — Como foi sua infância? — Perguntei aleatoriamente. — Digo, você deve ter um amigo assim, ou ao menos ter tido um bom relacionamento com pelo menos um dos seus irmãos.

Ele pressionou os lábios um contra o outro. Respirou fundo e pensou. Eu já tinha minha resposta.

— Bom, eu não sei como explicar minha infância. — Sua voz era quase um sussurro. — Acho que o mais perto que eu tive de um amigo foi o Ashton quando eu me mudei e meus pais ficaram... Próximos da família dele.

— Como "próximos"?

— Digamos que a vizinhança era bem agitada. — Um sorriso triste adornou seu rosto. — O pai do Ash antes de abandonar a família era bem amigo do meu pai, e digamos que de certa forma, eles tem algo em comum.

Me pus pra pensar. Ashton quase não falava do pai, mas quando nos tornamos amigos, por eu sempre ter tido essa mania de saber dos meus amigos para poder dizer de mim, ele me contou muita coisa. Várias vezes ele chorou e várias vezes eu dizia pra ele dormir comigo em casa e cantava pra ele até ele cair no sono. Foi uma época bem difícil pra ele.

Pensar sobre isso, e pensar em o que Luke podia enfrentar em casa fez minha respiração entrecortar.

— Sinto muito. — Foi tudo o que eu disse.

— Não sinta.

— Eu não sei o que aconteceu na sua vida, mas sei o que o Ash passou, pensar que pode ter ao menos uma semelhança me fez me sentir mal por você.

Ele me olhou ainda com um sorriso triste.

— As coisas mudaram, nada é mais como antes, não tem do que ficar assim.

O sentimento crescia em mim, eu sei que ele está mentindo. Jack falou quando nos apresentou que ele vivia com o pai, que as coisas tinham ficado difíceis para o pai deles, que ele e Ben fugiram, nas que Luke ficou. Isso estava na minha mente e não ia se apagar tão fácil.

— Sim, as coisa mudaram, mas porque acho que não foram para melhor?

Ele me olhou, seus olhos brilhavam, eu quase podia ver um pedido de ajuda, mas eu ainda não sei ajuda sobre o quê. Isso estava me deixando em pânico.

— As coisas só mudaram. — Ele deu de ombros, mas podia vê-lo tremer. Estava fazendo frio, mas sei que não foi isso.

Senti ele se aproximar mais, eu naturalmente o repelia, por não o querer por perto, por não querer quebrar mais um que se aproxima. Mas dessa vez, lembrando do que ele me disse, de que não tem como quebrar algo que já está quebrado, de tudo o que ele disse sem ter dito realmente, eu só o envolvi pela cintura e logo senti sua cabeça no meu ombro.

Alguma coisa pesa nos seus ombros e na sua vida a muito tempo, e vejo que ele esteve esse tempo todo sozinho, lutando em uma luta praticamente perdida.

— Aceito.

— Como? — Ele pergunta.

— Eu aceito o fato que somos oficialmente amigos.

Ele me olhou por um tempo, então logo beijou minha bochecha novamente — tenho que falar com ele que esse carinho em excesso é chato—, e então começou a dar sua risadinha infantil.

— Obrigado.

— Obrigado pelo o que Luke?

— Por ter me deixado entrar.

— Você vai me deixar entrar?

Ele sorriu.

— Você sempre esteve dentro, só não percebeu.

****

Então, esse capítulo tá curto pra caramba, mas eu não tava tendo muita inspiração aí, eu tava ouvindo uma música da Tove lo aí a ideia veio. OBRIGADA ABIOLA EU TE AMO

Então, voltando a história, espero que estejam gostando e se acharem que está indo rápido demais ou devagar demais a história, me avisem, eu amo saber o que estão achando.

E bom, parece que ao menos uma amizade muke tá vindo, se não, ao menos já temos uma ideia breve do que o luke passou/passa.
É isso até a próxima.
Amo vocês <3

How to Fix a Broken Heart ~ •Muke• Where stories live. Discover now