Capítulo 11

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Um mês depois...

Acordei me sentindo péssima. Tive vários enjoos durante o dia, e isso não é o pior. É algo que já vem acontecendo a muitos dias. Sem falar no atraso menstrual que estou tendo. Tenho medo de pensar no assunto, mas até imagino o que seja.

—Eliza, cheguei. Já está pronta? —Gianna vem me chamar.

Prometi que a acompanharia até a clínica. Ela vai receber o resultado de alguns exames.

—Sim. Podemos ir. —Apareço na sala.

Em menos de vinte minutos estaremos lá.

—Tu deveria fazer um exame pra confirmar essa gravidez. —Gianna sugere.

—Não faz com que eu lembre desse assunto.

—Eliza, não adianta nada ficar adiando. Já aconteceu.

—Eu sei. —Falo, virando o rosto pro outro lado.

Chegando à clínica, aguardamos a nossa vez. Não demora muito, e logo sou chamada para tirar sangue. Gianna fica na espera. Eu sei que é inútil lamentar. Cometi um erro e vou arcar com as consequências.

30 minutos depois...

Saio da sala e encontro minha irmã com os papéis nas mãos. Ela está de cabeça baixa. Ouço  um soluço e vejo uma lágrima caindo.

—Gianna, o que aconteceu? Por que estás assim guria? —Pergunto, me ajoelhando perto dela.

—Eliza, eu sou estéril. —Ela me abraça, chorando.

—Como assim? Estéril?

—Tenho o útero infantil. —Ela explica.

A enfermeira me chama.

—Eliza? Seu exame está pronto.

—Obrigada. —Pego o papel das mãos dela.

Chamo Gianna para irmos embora. Ela pede que eu abra o resultado, mas falo que prefiro fazer isso em casa. Ela seca as lágrimas e levanta.

—Eliza, eu vou pra minha casa. Tu conta pra mamãe o que aconteceu.

—Eu vou junto.

É muito injusto que a minha irmã seja estéril, sendo que ela e o Enrico desejam tanto um filho. Enquanto eu, que não queria ser mãe agora, tenha engravidado.

Finalmente estamos na casa dela.

—Vem, senta aqui. —Nos aproximamos do sofá.

—Não vai abrir seu exame? —Ela indaga.

—Se você estiver bem... —Ela afirma, com a cabeça.

Tiro o papel da bolsa, abro e meus olhos param naquela palavra que acaba com todo e qualquer vestígio de dúvida.

Positivo.

—Estou realmente grávida. —Respondo, sem perder tempo.

—Não vai abortar não né? —Gianna questiona, arregalando os olhos.

—Isso nem passou pela minha cabeça. Vou ter e criar sem o pai. Se depender de mim, Thiago nunca vai saber.

—Estou orgulhosa da tua decisão. Só precisa contar pra mamãe.

—É verdade. Preciso ir pra casa. Quer vir comigo?

—Não, Eliza. Vou ficar em casa. Tenho que conversar com o Enrico, quando ele chegar do trabalho. —Ela deita no sofá.

—Está certo. Já estou indo. —Me despeço, beijando a testa dela.

É difícil ter que sair e deixar minha irmã sozinha, com a tristeza que ela está sentindo. Me senti muito mal por está grávida nesse momento, que Gianna descobriu ser incapaz de gerar um filho. Estou me sentindo culpada por não poder ajudá–la.

****
—Eliza, já preparei o jantar. —Minha mãe diz, ao me ver entrar em casa.

—Eu passei a tarde fora, porque acompanhei Gianna até à clínica. Quando saímos de lá, fui pra casa dela.

—Tudo certo com os exames dela?

—Não, mãe. Minha irmã tem o útero infantil. Ela ficou muito triste.

—Não pode ser. Eles querem tanto ter um filho, e eu desejo muito um neto.

Após um demorado suspiro, decido falar.

—Tem outra coisa que preciso contar. —Falo pausadamente.

—Não me diga que é mais uma notícia ruim? —Mamãe indaga.

—Depende do ponto de vista de cada um... Minha irmã não pode te dar netos, mas tem um neto seu a caminho.

—O que quer dizer com isso, Eliza?

—Estou grávida. —Ela me encara, assustada.

—Como assim grávida? Tu sempre se cuidou.

—Mas eu fiquei três dias sem tomar a pílula. Foi nesse vacilo que engravidei. O filho é do Thiago.

—Ele precisa saber. Tem que cumprir a função de pai.

—Não, mãe. Vou cuidar desse bebê sozinha. Thiago mentiu pra mim. Ele vai casar.

—Como ficou sabendo? Foi alguém que contou?

—Falei com a noivinha dele, por telefone. Já está decidido. Essa criança não tem pai.

—Eu te apoio filha, no que decidir. Confesso que fiquei surpresa, mas ao mesmo tempo feliz.

Ela me abraça, e é tudo que eu precisava no momento.

—Agora deixa eu ir, que sua irmã também precisa de mim.

Ela me beija e vai à casa de Gianna, confortá–la.

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