Capítulo 9

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Uma semana depois...

Faz alguns dias, que Thiago voltou para São Paulo. Embora tenha mantido contato por telefone, e pelas redes sociais, sinto saudade. Vez ou outra, me pego recordando nossos momentos juntos. Queria poder sentir aqueles beijos novamente. Abraçá-lo, sentindo o calor do corpo, a pele macia e além disso,sentar em um lugar tranquilo para conversar.

-Eliza, faz quase meia hora que tô falando contigo, guria. -Gianna bate no meu ombro.

-Não ouvi. Qual era o assunto mesmo?

-Esquece! Mamãe saiu? O que tem pra comer?

Gianna não sabe nem fritar um ovo direito, por isso, sempre arranja um jeito de comer aqui. Coitado do Enrico, ela vai acabar matando ele de fome.

-Nossa mãe foi pra pizzaria. Eu já comi, mas tu pode ir lá na cozinha e se servir.

-Tô indo então. -Ela levanta, jogando uma das almofadas em mim.

-Sua... -Meu celular toca, e eu nem termino de falar.

Gianna se retira da sala e eu pego o telefone. É uma mensagem de Thiago.

"E guria, como vão as coisas? morrendo de saudade. Agora tenho que trabalhar, mas à noite te ligo."

Não consigo segurar a gargalhada, depois de ver que ele me chamou de guria na mensagem. Quando estava aqui, ele ouvia todo mundo falando assim e não usava as palavras "tu" e "guria".
Leio a mensagem novamente e digito uma resposta.

"Está tudo bem. Também morro de saudade. Vou adorar falar contigo mais tarde. Um beijo."

Termino a digitação e vou logo enviando. Quando vejo na tela a confirmação do envio e a bateria quase zerada, vou a onde fica a tomada e coloco o celular para carregar. Ajeito as almofadas do sofá e vou à cozinha, para ver minha adorável irmã, assaltando a geladeira.
Eu paro na porta, observando o que ela está fazendo. Na mesa, há uma jarra de suco de uva, uma travessa de salada, arroz e carne bovina assada. Encosto na parede cruzando os braços e me segurando para não rir.
Gianna está de costas, fritando alguma coisa no fogão. Ela não vê que estou por perto. Coloco a mão na boca e continuo segurando o riso.

-Eliza, que susto! -Ela vira de frente pra mim, segurando uma panela.

—Desculpa, não queria te assustar. —Retruco.

—Vamos comer? Saco vazio não se segura de pé. —Ela convida, sentando à mesa.

Sento ao lado dela, pegando a jarra de suco e me servindo do mesmo.

—Isso aí é omelete? —Pergunto, apontando para a frigideira.

Ela balança a cabeça, afirmando.

—Acabei de fazer. Você quer?

Respondo afirmando, e Gianna parte o omelete, colocando uma das metades em um prato e passando pra mim.

—Eliza, por que não vai jantar lá em casa hoje? O Enrico convidou um amigo para ver futebol e tomar chimarrão.

—Jantar na sua casa? E quem vai preparar o jantar? Não tô a fim de comer ovo frito. —Falo, sorrindo.

—Você pode cozinhar pra gente. —Ela responde, fazendo manha.

—Fala sério! Podemos comer pizza.

Ela aceita a minha sugestão. Combinamos de nos encontrar na casa dela, à noite. Gianna come feito um dragão. Em pouco tempo, a mulher devora um bowl cheio de arroz com carne, metade de um omelete, salada e três copos de suco.

—Pra onde vai tudo isso? —Faço cara de espanto.

—Pro estômago. Eu acho. —Ela diz, com a boca cheia.

Tento segurar o riso, mas é impossível. Ouço a campainha sendo tocada.

—Deve ser a mamãe. Ela não levou a chave. —Levanto e vou correndo atender.

Quando abro a porta, vejo mamãe parada, mexendo no celular.

—Mãe? —Chamo a atenção dela.

—Estava respondendo uma mensagem. Nem vi a porta sendo aberta.

Ela guarda o aparelho na bolsa e entra, fechando a porta em seguida.

—A pizzaria estava uma loucura. Vou tomar um banho e descansar.

Gianna aparece na sala, limpando a boca.

—Trabalhou muito mãe?

—O suficiente para querer descansar. Está vindo da cozinha?

Gianna dá um sorriso amarelo, e recebe um beliscão em troca.

—Ai! —Ela reclama.

Nos minutos seguintes, quando minha irmã vai embora, entro na cozinha e preparo uma comida rapidamente, para o jantar da mamãe. Depois de organizar as coisas, vou para o quarto me vestir.

Por que nós mulheres, somos tão indecisas? O simples ato de escolher uma roupa para sair, torna–se uma atividade complicada. Faz quase duas horas que estou sentada na cama, observando várias peças de roupa que deixei espalhadas.

Minha mãe bate na porta do quarto.

—Pode entrar.

Ela entra no quarto, e olha diretamente para as roupas sobre a cama.

—Vai sair, Eliza?

—Vou pra casa da Gianna. Vamos comer pizza e jogar conversa fora. Você deveria vir comigo.

—Melhor deixarmos pra uma outra oportunidade. Estou cansada.

—É uma pena que não queira ir. Mãe, o que tu acha que eu devo vestir? É que um dos amigos do Enrico, vai está lá.

Vejo um rizinho sacana, se formando nos lábios da minha mãe.

—Se é um encontro de amigos para conversar, veste essa aqui. —Ela mostra um short jeans e uma blusa preta, de renda.

Praticidade é tudo. Não entendo o motivo de não ter escolhido logo uma roupa. Afinal, só estou indo à casa da minha irmã.

Fecho a porta da sala e saio, deixando mamãe vendo tv, deitada no sofá. Vinte minutos depois, estou chegando na casa de Gianna.

—Tu demorou bastante, hein guria?! —Ela diz, quando me vê parada, na porta de sua casa.

—Mulheres...—Digo, sem graça.

Entro na sala, encontrando Enrico e o amigo, vendo o jogo e tomando chimarrão.

—Boa noite! —Falo, olhando para ambos.

—Cunhadinha, vem tomar um matte! Já conhece o Jean?

—Conheço. O Jean sempre frequenta a pizzaria. —Sento no sofá, próximo ao Jean.

—Vou buscar as pizzas. —Gianna diz, entrando na cozinha.

—Não seria melhor ver um filme? —Sugiro.

—O Jean prefere futebol. —Enrico afirma.

—Eu acho que a Eliza tem razão. —Jean retruca.

—Ponto pra nós. Também acho melhor vermos um filme. —Gianna diz, vindo da cozinha com as pizzas em mãos.

Enrico faz cara feia, se dando por vencido e colocando um filme.

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