— Não liga babe, o Mike está assim por que está muito tempo na seca. — Calum falava alto mudando a forma de se sentar no colo de Ash ficando de frente para ele — Anda precisando aliviar a tensão.
— Vai dar essa sua bunda pro Ashton e me deixa em paz. — Eu sabia que ele ia ficar vermelho. Mesmo que ele estivesse com o Ash, ele não gosta de ficar falando dessas coisas. — Eu estou muito bem.
Ashton ria enquanto Calum batia em seu peito, não demorando muito para se beijarem. Eu me sentia a cada dia mais filho de Cashton. E eles a cada dia perdiam mais a vergonha, porque eu posso ver onde a mão de Calum está pousada e apertando enquanto Ashton arfava ainda beijando meu amigo que ainda estava em seu colo.
— Vocês são nojentos, sabiam?
Antes de alguma merda sair da boca deles, subi de vez para o quarto. Não ia ver ou ouvir aquilo.
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Depois de me arrumar e deixar a xícara e o prato no quarto, eu saí de casa. Eu decidi não voltar a cozinha depois que eu ouvi um gemido alto vindo de lá. Não ia correr o risco de ver uma cena daquelas.
Andava pela rua calmamente e passei pela rua principal. Havia um parque lá perto e eu gostava de andar lá de vez em quando. Isso me mantinha perto da minha mãe. Ela amava passar as manhãs ou as tardes de domingo ali olhando as crianças brincando e o espaço verde que ali se concentrava. Caminhar por aquele lugar me trazia uma certa calma. Me fazia lembrar de como ela ficava adorável conversando com meu pai sobre como um dia o trabalho o mataria e ele não chegaria a ver os meus filhos. Bom, não foi o trabalho que o matou, e nenhum deles verá meus filhos. Isso se eu tiver um filho algum dia.
Do outro lado eu via um banco vazio que ficava em frente ao fórum. Me lembro que na primeira vez que fiquei bêbado, eu acabei dormindo lá e no outro dia, eu tinha um cão dormindo em cima de mim e uma menina me cutucando para sair do lugar dela. Isso me fez rir. Naquele mesmo banco foi o primeiro lugar que eu fiquei depois que meus pais morreram.
Eu tinha acabado de sair do hospital, não devia me movimentar muito e nem devia fazer muitas coisas, mas a dor era tão grande e eu estava em um estado tão grande de negação, que tudo que eu fiz foi beber. Bebi o dia inteiro e parte da noite. Fiquei a madrugada inteira ali deitado encolhido, gritando e chorando. Ainda lembro que um policial veio até onde eu estava e achou que eu estava sob o efeito de uma droga pesada. Mas a verdade é que eu estava tentando sufocar a dor que eu sentia. Naquele dia foi um dos meus primeiros acessos de raiva. O primeiro de muitos que se sucederam. O policial acabou me levando preso e eu simplesmente ria. Ria e ria, eu achava aquilo tão desgraçadamente ruim e trágico que era até cômico.
No outro dia, Calum veio me buscar junto de Ashton e ele estava com o rosto vermelho e molhado. Aquilo me destruiu mais ainda. Meu amigo chorou por mim e se desesperou enquanto eu me afundava e o fazia sofrer. Eu só me odiava a cada segundo. Mas não significa que havia parado por aí. Mas significa que eu comecei a me ver como o monstro que hoje eu vejo que eu sou.
Fico feliz que Calum tenha o Ashton do seu lado, porque sem ele, eu sei que não seria só eu me tratando, mas ele também.
Continuei andando e tentando pensar nas coisas boas que aquele lugar me trazia, mas sempre que uma memória boa vinha, eu me lembrava de algo que eu fiz por ali. De uma forma masoquista, eu queria sufocar a dor mas acabei inconscientemente destruindo as minhas memórias. Aquilo estava me deixando frustrado.
Decidi que não valia a pena passar por isso agora tão cedo e fui em direção ao café. Era uma longa caminhada, mas não era tão longe dali. Depois, eu tinha que trabalhar uma hora ou outra.
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How to Fix a Broken Heart ~ •Muke•
FanfictionMichael lida com a perda de seus pais em um acidente de carro enquanto tenta se reconstruir e seguir em frente. É então que ele conhece Luke, um garoto animado e sempre feliz, que esconde uma grande tristeza e dor por debaixo de toda positividade e...
