XVII 》o mistério do asteroide.

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Eu nunca havia pensado na possibilidade de ver Benjamin e minha mãe conversando em minha casa enquanto almoçávamos juntos. Mas mesmo se o tivesse feito, eu estava certa de que não teria imaginado nada como aquilo.

Para minha surpresa, ela ainda não havia dito algo que me envergonhasse, e Benjamin estava ouvindo atentamente seus relatos sobre o casamento desastroso de meu tio que vivia em San Francisco — lugar onde Benjamin contou ter nascido, o que não me passou despercebido.

Eu e minha família visitávamos San Francisco anualmente, em todo verão, para passar algum tempo com a grande parte de minha família materna que vivia lá. Apesar disso, não os visitamos no verão passado por minha inesperada falta de interesse em fazê-lo. E me surpreendi quando foi meu pai quem entendeu meu lado, sugerindo à minha mãe que convidássemos nossos familiares para uma visita a La Jolla.

— ...e Elene jogou o buquê tão alto que ele ficou pendurado no lustre! Eu juro por Deus. — Ela gargalhou, e ele riu acompanhando-a.

Eu não demonstrava reação enquanto cutucava o suflê de legumes em meu prato, observando a face verdadeiramente divertida de Benjamin com a empolgação de minha mãe. Ele logo desviou o olhar dela discretamente enquanto ela falava algo sobre um "bolo enjoativo" para me olhar, mantendo sua expressão leve ao continuar sorrindo.

Eu não consegui manter aquela troca de olhares por muito tempo. Logo desviei, me concentrando em levar uma garfada de comida à boca.

Aquilo tudo estava tomando proporções maiores do que eu imaginava.

O barulho de passos se aproximando da sala de jantar me fez levantar o olhar novamente. Meu pai estava parado na entrada, nos olhando com surpresa e algo comparável ao choque.

— Hank? — questionou minha mãe, também surpresa. — Vai almoçar conosco hoje?

— Estou sem fome, Rose — ele assumiu, se aproximando mais até se sentar na cadeira à minha frente, ao lado de Rose. Seus olhos não saíam de Benjamin. — Mas ouvi uma voz desconhecida aqui embaixo. Fiquei curioso.

Passamos algum tempo em silêncio, e ele não voltou a se pronunciar. Ao meu lado, Benjamin pareceu endurecer sua postura desde que meu pai entrou no cômodo.

— Este é Benjamin — apresentei com hesitação, finalmente quebrando o silêncio. — Ele é meu...

— Não sou idiota, Alisha — Hank me interrompeu, a calma em sua voz contrastando com suas palavras duras. — Sei bem o que está acontecendo aqui. E devo dizer que ando me desapontando com suas atuais escolhas.

Engoli em seco, sentindo meu sangue ferver. Não era novidade saber que ele estava desapontado comigo. Ele sempre estava.

Antes que eu dissesse uma besteira, minha mãe interveio:

— Hank!

— Não venha com essa, Rose. — Ele se levantou, a incredulidade dominando sua expressão. E eu sentia minha vontade de sumir dalí crescer cada vez mais. — Prefiro me retirar.

— Não é necessário. — A voz forte e decidida de Benjamin se fez ouvir, tomando nossa atenção para ele que também se levantou ao declarar: — Obrigado pelo almoço incrível, senhorita Crosworth, mas devo ir embora agora.

— Não, não deve.

Naquele momento fui eu quem me levantei. O olhar que Benjamin me enviou deixava clara sua certeza de que aquela não era uma boa forma de lidar com a situação em que nos encontrávamos.

Mas eu não me importava. Era o que eu queria, e Hank não tinha nada a ver com aquilo.

— Vamos. — O puxei pela mão. — Você vai conhecer o meu quarto agora.

O Louvre [#1]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora