IV 》a aversão a festejos.

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E aí, Alisha?

Eu estava pronta para a primeira aula de monitoria do dia quando reconheci a voz de Cole Williams. Sua saudação fez com que meus olhos, antes focados em meu livro de História da arte, se erguessem para vê-lo de pé em minha frente com um sorriso simpático.

— Oi, Cole — cumprimentei, sorrindo de volta. — Vamos começar?

— Claro. — Ele se sentou, retirando os materiais necessários de sua bolsa com agilidade. Mas logo parou para me olhar com certa expectativa ao assumir: — Eu queria te dizer uma coisa antes. Fazer um convite, na verdade.

Um convite?

Mesmo lutando para impedir que minha surpresa ficasse evidente, eu não havia sido capaz de fazê-lo. Ao menos era o que a recente hesitação no rosto de Cole me mostrava.

— Que tipo de convite?

— Eu achei que, sei lá... talvez pudéssemos ir juntos à festa na casa do Willian no sábado. O cara da Medicina, sabe?

Péssima escolha, Cole...

— Ah, eu... sinto muito, mas não estou muito afim de ir à festa — admiti.

Eu não tinha nenhuma intenção de chateá-lo, e me sentiria péssima se o fizesse. Mas para o meu alívio, Cole apenas sorriu com entendimento ao admitir:

— Eu meio que esperava por essa resposta. — Ele deu de ombros. — Nunca te vi em nenhuma festa desde que entramos em LJU, mas achei que seria uma boa forma de te chamar pra sair e, você sabe... parecer casual ao mesmo tempo.

Dei risada de sua sinceridade ao mesmo tempo em que pensava no quanto aquilo fazia sentido, afinal, já havíamos conversado algumas vezes antes da monitoria, mas apenas sobre o curso. Não possuíamos nenhuma proximidade, e eu com certeza me sentiria desconfortável se seu convite fosse para algum lugar em que estaríamos só nós dois.

Cole parecia ótimo, e eu não me incomodaria em ter sua amizade.

— Eu admiro seu pensamento — elogiei. — Se eu for a essa festa, o que provavelmente...

...não vai acontecer...

— ...vou fazer questão de te encontrar por lá — completei, rindo de como ele adivinhou minhas palavras.

Não demoramos pra dar início à aula. Estudamos diversas técnicas de desenho e, como na primeira vez, foi um momento muito produtivo que passou com rapidez.

— Obrigada, Ali. — Cole se levantou ao terminar de guardar seus materiais. — Eu espero te encontrar na festa.

Também sorri em resposta, observando-o caminhar até sair da biblioteca.

Mas meu sorriso se desfez imediatamente ao me lembrar com quem seria a próxima aula.

Passei a organizar meus livros sobre a mesa, aguardando a chegada de Benjamin por alguns minutos. Em algum momento, me levantei para ir ao banheiro jogar uma água fria no rosto e tentar espantar todo aquele nervosismo ridículo e repentino.

Ao voltar à minha mesa e ver que ele ainda não estava ali, chequei as horas em meu relógio de pulso para concluir o óbvio. Ele havia se atrasado.

Eu estava decidida a me distrair quando me levantei mais uma vez, caminhando até o interior da biblioteca em direção aos corredores de prateleiras cheias dos mais diversos livros. Explorar tudo me parecia uma boa forma de espantar aquele sentimento de inquietação.

Em resumo, o lugar era ocupado por monitores, seus alunos e alguns poucos estudantes naquele horário — e talvez todos eles estivessem na parte aberta da mesma, já que os enormes corredores entre prateleiras onde eu me encontrava estavam vazios. 

O Louvre [#1]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora