X 》a interrupção da História da arte.

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Então não voltaremos para casa juntas? — a voz de minha mãe demonstrou surpresa.

Após mais um dia comum e tranquilo na LJU, aquele era o momento de encontrar Benjamin para nossa primeira aula fora da universidade.

— Não — confirmei enquanto andávamos juntas até a saída. — Voltarei sozinha para casa às segundas-feiras, por enquanto.

— E o que você tem de tão importante para fazer às segundas, mocinha?

— Darei aulas extras para um aluno da Arquitetura — expliquei.

— Alguém da Arquitetura? — ela perguntou retoricamente. Ainda assim, assenti em resposta. — Oh... Talvez eu lecione na classe dele! Imagine só que coincidência.

Era extremamente desconfortável pensar na possibilidade de minha mãe dar aulas para Benjamin. Apesar de curiosa, preferi não continuar com o assunto.

— Nos vemos em casa, filha — ela se despediu ao estarmos próximas dos carros no estacionamento. — Juízo.

Sua fala me fez sorrir com diversão.

— Certo, Rose.

Ela me beijou no rosto antes de se afastar e encontrar seu carro, logo sumindo rapidamente de minha vista.

Benjamin não demorou a aparecer ao meu lado, suas mãos nos bolsos e sua pose tranquila constratando com o nervosismo que me tomou no momento em que eu o vi.

— Oi, Alisha — cumprimentou com um sorriso tranquilo. — Pronta para a nossa aula?

A casa de Benjamin realmente não era muito distante da minha, como o mesmo garantiu quando me deu uma carona. Estávamos em Bellevue, que ficava a poucos minutos de distância de onde eu morava.

Enquanto o carro parava próximo à calçada, reparei que a rua possuía algumas casas à venda, o que me surpreendeu. Era difícil encontrar imóveis para comprar em La Jolla, por ser um lugar muito próximo à praia. Sempre me senti sortuda por viver ali desde que nasci.

Não demoramos a entrar em sua enorme e bela casa, e não deixei de reparar em cada canto do curto e largo corredor que nos levou à sala de estar cheia de móveis modernos e, em sua maioria, em tons bege.

Era bonito. Mas senti falta de mais elementos familiares e pessoais, como retratos ou vasos de flores.

Deixei de observar ao ouví-lo sugerir:

— Podemos estudar no meu quarto. — Ele me encarou com a sombra de um sorriso em seu rosto. — Acho que seria muito mais proveitoso.

Prendi o ar brutalmente em um impulso.

Proveitoso? — repeti, como se pedisse por uma explicação.

Ele sorriu verdadeiramente com diversão.

— Sim — confirmou, se aproximando. — Tenho uma escrivaninha enorme lá. Seria muito proveitoso para nosso estudo.

Meu rosto esquentou em pura vergonha.

Eu precisava me controlar.

Se controle... — me ouvi dizer em um murmúrio.

Droga.

Apesar de desejar colar minha boca com fita adesiva, eu não estava surpresa com aquilo. Exteriorizar meus pensamentos havia se tornado comum em minha rotina nos últimos tempos. Principalmente com aquele garoto por perto.

O Louvre [#1]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora