- A praia não é tão longe assim. - Disse passando por dentro de um galpão abandonado. - É só saber cortar caminho.

Eu fingi que não queria rir pelo meu feito, mas acho que foi impossível quando Luke escorregou e caiu no chão porque tropeçou nas próprias pernas. Ele parecia um cão com patas grandes demais para o tamanho de seu corpo e tropeçava o tempo inteiro. Isso me fez rir da cara dele.

- Não vejo graça, Clifford. - Eu sabia que ele estava irritado, porque ele queria fazer algo que fosse legal pra me impressionar, mas é que era engraçado. Ele ficava adorável.

- Tem sim, você parece um filhote de girafa recém nascido tropeçando em tudo. - Disse mais alto. - Isso porque estamos em um galpão vazio.

- Cala boca, Michael. - Ele estava vermelho e eu acho que até que não é tão ruim andar com Luke.

****

- Porque gosta tanto de praias?

- Não é que eu goste, - Continuei minha linha de raciocínio. - eu gosto de caminhar por ela. É de certa forma calmante. Você não gosta de praia?

- Gosto, mas não imaginei que você gostaria. - Sua voz saiu baixa. Quando percebeu que saiu de forma rude suas palavras, ele se corrigiu rapidamente. - Quero dizer, você parece que nem toma sol de tão pálido e nunca sai de casa. Achava improvável.

Soltei um suspiro cansado. O dia estava se pondo e o sol batia contra o corpo de Luke que tinha a silhueta delineada pelos raios laranjas do sol. Seu cabelo cobria o rosto já que o vento estava forte. Minha mente vagava. Ficava entre um passado não muito distante e o agora. O que eu havia me tornando? Eu não sabia, nem sabia o que eu queria para esse segundo. Minha mente não para quieta e minhas mãos ficavam constantemente se movendo.

- Houve um tempo que eu vivia em praias, saindo, bebendo. - Minha voz saiu distante exatamente como eu me sentia sobre meu antigo eu. - Era exatamente como o Josh e os outros. Não me importava para nada e nem com ninguém. Naquela época, eu vivia aqui e criei o costume de vir. - Me virei para o garoto a minha frente que me olhava com tanta atenção que me deixava sem jeito.

- Você então vem aqui para se lembrar disso? - Sua voz era baixa. - De quem você era?

Franzi o cenho confuso. Com certeza não era por isso. Eu vinha para em poucos momentos me sentir leve e em paz comigo mesmo. Desligar, ou ligar tanto a minha mente que ela acabasse se desligando sozinha. Pôr uma perspectiva em o que eu podia ou não fazer. Tentar arranjar um jeito de calar tudo a minha volta. Mas não sabia como responder isso ao garoto a minha frente.

- A pessoa que eu era morreu a um bom tempo. - Não saia amargura de mim. Era verdade e era uma das poucas coisas que eu não me arrependo. - Eu vi que não era assim, que não era o que eu queria. Era uma vida que não era realmente minha.

Luke parou por uns segundos de me olhar e virou para o mar que batia fortemente contra as pedras em que nos sentamos. Seus olhos brilhantes contrastavam com o céu que ficava em tons roxos e laranja.

- Eu sinto que a minha vida não é minha. - Ele disse depois de um tempo. - Faço o curso que eu quero, mas não é exatamente algo que amo. Sinto que algo falta, mas tenho medo.

- Qual é o seu medo?

- De que o que falte seja uma pessoa. - Seus olhos voltaram para mim. - E que essa pessoa seja eu. Meu verdadeiro eu.

Pela primeira vez, vi uma expressão triste no seu rosto. E pela primeira vez vi que sim, podíamos ser parecidos. Aquilo me atingiu com mais força do que eu podia esperar.

****

Estava em casa e deitado. Perdi uma aula, mas eu podia repor muito bem. Tomei um banho e fui me deitar. Disse a Calum e a Ashton ( esse que agora não sai mais daqui ) que não tinha fome, que tinha comido alguma coisa com Luke. O que não era de todo mentira, mas também não era todo uma verdade.

Ashton disse que estava preocupado comigo e que eu devia ter ligado de volta todas as trinta chamadas. Eu disse que meu celular estava no silencioso.

Sei que ele não quer meu mal, mas sei que precisava de um tempo longe, um tempo para pensar. Mesmo odiando admitir, Luke me deu esse tempo. Me deu o direito de pensar em outra coisa. Agora em casa, fico pensando o que eu farei com minha vida. O que vou fazer com aqueles que eu machuquei no processo de me machucar.

Mas acima de tudo, saber como me consertar e consertar o que destruí.

Com esse pensamento, deitei minha cabeça no travesseiro e pensei sobre o que Luke me disse. Ele realmente quer me manter perto? Porque eu me identifiquei tanto com as suas palavras? Ele parecia tanto quanto ou até mais quebrado que eu.

Pensei em o que minha mãe me diria e pensei em o que o antigo eu faria. Nada veio em minha mente. Depois de umas cinquenta chamadas ignoradas da mãe de Calum que queria que eu lhe dissesse aonde eu tinha parado, decidi desligar o telefone.

Pela primeira vez, eu ia tentar limpar minha mente, tentar me desligar como eu fazia lá na praia.

Então fechei os olhos.

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Acabou que eu demorei pra caramba pra voltar aqui. Desculpa mas eu fiquei bem mal ultimamente e não deu pra atualizar. Eu queria agradecer a quem ainda está lendo a história e quem ainda vota ou quem votou eu agradeço mesmo.
Provavelmente a próxima att vai ser o mais rápido possível, eu juro que vou me esforçar pra isso, e eu adianto que estamos começando a caminhar em direção a conhecer a vida do Luke.
Eu não sei como finalizar essa nota, então muito obrigada anjos.

How to Fix a Broken Heart ~ •Muke• Where stories live. Discover now