The tears of the rose

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Nova Orleans, 7 de novembro de 1804.

Estava frio aquela manhã, caminhava entre os corredores úmidos do cemitério Lafayette. Parei onde os membros falecidos da família Morgan se encontrara, mais não encontrei o nome da minha mãe entre os seus. Traidores são excluídos, traidores são esquecidos... trazem vergonha para a comunidade, não trazem honra.

Encontrei seu nome escrito em um canto isolado, debaixo de uma estátua de anjo próximo a um arbusto.

⚜️

| Aqui jaz Margareth Morgan.|

°• Esposa -- Mãe -- Amiga •°

"Onde a luz, as sombras o cercam. E na escuridão, a luz é o farol para a redenção."

Me agachei seguindo as letras de seu nome com os dedos, suspirei e abaixei a cabeça. A brisa gelada me fez acordar dos pensamentos em família, deixei o buquê de rosas vermelhas e fitei a frase no final do túmulo.

- Você me mostrou que sorri é essencial para esconder a mágoa, mas também me ensinou... o quão doloroso é dizer adeus. - Meus olhos brilharam em lágrimas.

- Sentirei saudades, e diferente dos outros que se foram... vou te levar comigo mãe. - Uma lágrima escorre. - Pra sempre.

Uma vez ao mês visitava seu túmulo, algumas vezes acompanhada por Mary ou Viktor e na maioria das vezes... sozinha. Se passaram exatamente cinco anos desde sua morte, e me sentia culpada pelo o que aconteceu, deixava flores toda vez que vinha.

Segui para a mansão Bartholy de carruagem, Viktor de alguns dias para cá recebia muitas cartas, negócios de trabalho que o fazia perder a cabeça com certos assuntos. Mas algo me lembrava que mais cedo ou mais tarde, ambos teríamos essa conversa. Sentei na cadeira próxima a janela na sala de estar, fitava as rosas dos arbustos do lado de fora, que curvavam-se com a fina garoa no jardim.

- Quando vai partir? - Questionei muito baixo.

Viktor não respondeu de imediato. Olhou-me da soleira da varanda, as mãos levemente curvadas para trás. O pôr do sol alaranjado banhava boa parte de seu corpo, vestia o de sempre... a única coisa que mudara em suas vestes, era o pequeno broche dourado com uma simples pedrinha vermelha no centro. Algo que lhe presenteie no natal do ano passado... e que ainda sim, usava para dias importantes.

- As early as possible. -Respondeu desviando o olhar para além da varanda, observando os muros da mansão.

Engoli a seco, apoiando a cabeça no vidro gélido da janela repleta de respingos. Era como se a melancolia transbordasse para além de mim. Como se os ares entendesse meu dilema. Não queria que esse dia chegasse, mais querendo ou não lá estava eu, pedindo mentalmente para que ele ficasse.

- Por quê? – Falo baixo. Sabia muito bem que se minha falecida avó estivesse ao meu lado agora, ela estapearia minha boca repreendendo-me. Ela odiava quando meu tom de voz diminuía nas conversas... ainda mais sendo uma tão séria. Mas Viktor jamais o faria, não se importava na verdade, sua audição apurada facilitava ouvir os menores ruídos.

- Nos últimos anos, os boatos de que o original regressou a nova Orleans ganhou força. Tenho que resolver isso o quanto antes, não quero você se torne um alvo... –Falou sem me olhar.

-I do not need your protection! – Tento não perder a paciência, mais estava cheia dele fazer escolhas por mim, compreendia muito bem que nem com o passar dos anos o apelido "Pequena", o negaria olhar-me como uma criança já que estava crescendo e isso não me confortava.

(Viktor Bartholy) -Promessas sangrentas.Where stories live. Discover now